Casamento: Sínodo extraordinário sobre a pastoral da família será realizado em outubro de 2014 (AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2013 às 12h26.
Cidade do Vaticano - O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller, sustenta que os católicos divorciados que voltam a se casar não podem receber os sacramentos, uma questão que será tratada no Sínodo em outubro de 2014, confirmaram nesta quinta-feira à Agência Efe fontes vaticanas.
Müller adiantou a ideia de que os católicos que voltam a se casar após um divórcio não podem receber os sacramentos em artigo publicado no jornal Vaticano "L"Osservatore Romano" perante o Sínodo extraordinário sobre a pastoral da família, que será realizado em outubro do ano que vem.
O artigo apresenta uma dissertação sobre a indissolubilidade do casamento e o debate sobre os divorciados que voltam a se casar e os sacramentos.
O discurso do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé se produz depois que o papa Francisco mostrou certa abertura neste assunto, ao destacar a necessidade de estudar o tema e ressaltar a importância de melhorar a espiritualidade aos divorciados que voltam a ser casar.
Nesta linha, o pontífice manifestou durante a viagem de volta desde Rio de Janeiro em 29 de julho que se trata de um problema que deve ser estudado no marco da pastoral matrimonial.
Então, o pontífice destacou que esta é a época da misericórdia, ao mesmo tempo em que recalcou que "se o Senhor não se cansa de perdoar, nós não temos outra alternativa".
No entanto, Müller ressalta em seu artigo que "se o casamento precedente de fiéis divorciados e que voltam a se casar fosse válido, em nenhuma circunstância a nova união poderia ser considerada certa, portanto, por motivos intrínsecos, é impossível que recebam os sacramentos".
"Cada vez com maior frequência surge dúvidas se a decisão de se aproximar ou não da comunhão Eucarística por parte dos divorciados que se voltam a casar deveria ser deixada à iniciativa da consciência pessoal. Este argumento, no qual fundamenta um conceito problemático de consciência, já foi rejeitado na carta da Congregação para a Doutrina da Fé de 1994", acrescentou.
Müller se referiu também a outra das tendências existentes a favor da admissão dos divorciados que se casaram de novo nos sacramentos, a que invoca o argumento da misericórdia, já que Jesus se solidarizou com as pessoas que sofrem, dando amor misericordioso, e a misericórdia seria, portanto, é um sinal especial do autêntico seguimento de Cristo.
"Isto é certo, no entanto, não é suficiente como argumento teológico-sacramental, já que toda a ordem sacramental é obra da misericórdia divina e não pode ser revocada invocando o mesmo princípio que a sustenta", assinalou o prefeito regional para a Congregação para a Doutrina da Fé.