Ciência

Vacinados não precisarão usar máscara nos EUA; no Brasil, regras seguem

O CDC americano divulgou nova diretriz para o país, onde mais de 50% da população adulta já está vacinada. No Brasil, vacinados precisam seguir usando máscaras devido ao baixo número de imunizados

Louisville, nos EUA: CDC liberou sair às ruas sem máscara para os totalmente vacinados (Amira Karaoud/Reuters)

Louisville, nos EUA: CDC liberou sair às ruas sem máscara para os totalmente vacinados (Amira Karaoud/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2021 às 16h17.

Última atualização em 13 de maio de 2021 às 16h52.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos publicou novas diretrizes nesta quinta-feira, 13, nas quais aponta que todos os cidadãos que foram completamente vacinados no país não precisarão mais usar máscaras ou manter o distanciamento social.

A regra, vale lembrar, faz sentido apenas nos EUA, uma vez que parte significativa da população adulta já teve acesso às vacinas. Por lá, 35% da população de mais de 330 milhões de habitantes já foi totalmente vacinada (ou 45% dos adultos com mais de 18 anos).

Outros cerca de 46% da população foi vacinada com ao menos uma dose (59% do total se contabilizados somente os adultos maiores de 18 anos).

No Brasil, somente 9% da população foi completamente vacinada, e quase 18% tomou ao menos uma dose. Enquanto a vacinação não chega a mais pessoas, o uso de máscara e o distanciamento são as formas mais eficientes para conter a disseminação do vírus.

Os EUA têm usado as vacinas de Pfizer/BioNTech, Moderna e Johnson & Johnson -- esta última precisa de somente uma dose para a vacinação completa. No país, já são 118 milhões de pessoas totalmente vacinadas.

São consideradas completamente vacinadas pessoas que já tomaram duas doses de Pfizer ou Moderna, duas semanas após a segunda aplicação, ou quem tomou uma dose da Johnson & Johnson, também após duas semanas.

"Se você está completamente vacinado, pode começar a fazer coisas que parou de fazer por causa da pandemia", disse a dra. Rochelle Walensky, diretora do CDC, durante uma conferência na Casa Branca nesta quinta-feira. A especialista do CDC chamou o anúncio de "um momento poderoso e animador", que pode trazer os EUA de volta a "algum senso de normalidade".

Walensky, no entanto, disse que o último ano mostrou que o vírus pode ser "imprevisível", e que pode acontecer de o CDC revisar essa recomendação no futuro.

O CDC afirmou que os totalmente vacinados estão "liberados" das máscaras tanto para atividades dentro de ambientes quanto ao ar livre. Também não precisam cumprir distanciamento social de outras pessoas.

A exceção são as leis específicas de cada localidade e eventuais regras dos estabelecimentos comerciais.

O CDC justificou a decisão afirmando que os estudos comprovaram que a taxa de casos graves dentre os vacinados é muito baixa. Além disso, tal recomendação só é possível devido ao grande número de pessoas vacinadas no país, o que torna o risco menor a quem sair sem máscara caso já esteja vacinado. Os casos e mortes por covid-19 estão em queda livre nos últimos meses nos EUA em meio ao avanço da vacinação.

A média móvel de mortes no país, mesmo com 330 milhões de habitantes (população superior à brasileira), está pouco acima de 600 vítimas por dia, ante cerca de 2.000 no Brasil e 4.000 na Índia.

A decisão do CDC, no entanto, não vem sem críticas. Após o anúncio, uma série de respostas à medida nas redes sociais tem criticado o centro pelo que consideraram uma decisão "precipitada". Há um temor entre parte da comunidade médica de que a liberação da vida sem máscara possa levar o país a uma nova onda de casos, sobretudo com as novas variantes do coronavírus surgindo no restante do mundo.

Parte do motivo de anunciar a aposentadoria das máscaras para os vacinados vem ainda da tentativa do governo americano de incentivar mais pessoas a se vacinarem.

Pesquisa do Washington Post mostrou que, dos que ainda não haviam se vacinado há algumas semanas, metade pretendia não fazê-lo por desconfiança para com a vacina. Nos EUA, todos os adultos que quiserem se vacinar podem fazê-lo neste momento, mas alguns estados já vivem "sobra" de doses diante da falta de demanda da população. O país liberou também nesta semana a vacinação de crianças acima de 12 anos, outra medida que causou controvérsia.

Mas há preocupação de que a população, incluindo os não vacinados, usem o anúncio do CDC para relaxar as medidas de prevenção. No Chile, onde 46% da população recebeu a primeira dose e 38% recebeu também a segunda, a reabertura -- com muitas pessoas também deixando de usar máscara após terem sido vacinadas -- foi considerada um fracasso, e o número de casos e mortes voltou a subir.

Especialistas explicam que, em parte, a população chilena baixou a guarda muito cedo e isso atrapalhou a luta contra o vírus. Parte dos chilenos também havia recebido somente a primeira dose da vacina contra a covid-19 e voltou à "vida normal" de forma muito precoce.

Há menos de um mês, o CDC já havia divulgado diretrizes afirmando que pessoas vacinadas poderiam deixar de usar máscaras ao ar livre. O anúncio de hoje chamou atenção por contemplar também os ambientes internos.

Outro país com vacinação em alta, Israel, também anunciou o fim da obrigatoriedade de usar máscaras nas ruas nas últimas semanas.

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