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Vacinação contra covid-19 no Reino Unido será campo de testes

Os britânicos entram em ação na terça-feira, 8, com cerca de 50 hospitais inicialmente na campanha. É o primeiro país ocidental a vacinar seus cidadãos

Primeiro ministro Boris Johnson. (Andrew Parsons/nº 10 Downing Street/Divulgação)

Primeiro ministro Boris Johnson. (Andrew Parsons/nº 10 Downing Street/Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 12h08.

Menos de um ano após o início da crise de coronavírus, uma ampla mobilização para distribuir uma vacina está em andamento e o Reino Unido desponta como campo de testes.

Após autorizar a vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech, o Reino Unido será o primeiro país ocidental a vacinar seus cidadãos, um ponto de inflexão na batalha para combater o patógeno que matou mais de 1,5 milhão de pessoas. Os britânicos entram em ação na terça-feira, com cerca de 50 hospitais inicialmente na campanha.

À medida que o foco muda da pesquisa e desenvolvimento para a distribuição, o país de 67 milhões de habitantes se torna o centro das atenções. A implantação da vacina da Pfizer - juntamente com as potenciais vacinas da Moderna, AstraZeneca e outras - precisará superar uma série de obstáculos de produção e logística. Os sistemas de saúde também precisarão convencer alguns profissionais médicos e cidadãos de que é seguro tomar a vacina.

“Demonstramos o poder da ciência, engenhosidade e ambição”, disse Rajeev Venkayya, presidente da divisão de vacinas da Takeda Pharmaceutical. “Se pudermos fazer isso como comunidade global, acredito que certamente podemos descobrir como conduzir a distribuição. Isso não quer dizer que não teremos problemas. Claro que vamos. Nunca fizemos isso antes.”

O Reino Unido, como alguns outros governos ocidentais, enfrentou críticas sobre sua abordagem para testes, rastreamento de contatos e outras medidas para o combate à pandemia: a pressão é evitar esses empecilhos com as vacinas. À beira de um inverno potencialmente rigoroso, hospitais de todo o país já estão sob pressão.

O país deve se preparar para alguns “meses difíceis”, escreveram diretores médicos do Reino Unido em carta de 4 de dezembro, alertando que a socialização em torno do Natal pode colocar mais pressão sobre hospitais no ano novo. As imunizações podem ajudar a reduzir internações e mortes devido à Covid significativamente no segundo trimestre, escreveram, “mas ainda faltam muitas semanas para chegarmos a esse estágio”.

Fornecer uma vacina rapidamente para dezenas de milhões de pessoas é um grande desafio, e o produto da Pfizer aumenta as complexidades. A vacina deve ser transportada a cerca de 70 graus Celsius negativos, uma temperatura mais baixa do que o inverno na Antártica. Depois de chegar, pode ser armazenada em freezers e em refrigeradores de hospitais por cinco dias ou por até 15 dias em recipientes térmicos especiais da Pfizer com gelo seco.

Garantia da qualidade

Caixas com vacinas da Pfizer e da BioNTech, produzidas em Puurs, na Bélgica, foram despachadas para locais seguros no Reino Unido por caminhão ou avião, cada uma contendo cinco embalagens de 975 doses. Na chegada, as vacinas passam por um processo de garantia de qualidade que leva de 12 a 24 horas.

Pessoas com mais de 80 anos, profissionais de centros de idosos e de saúde com maior risco de adoecer serão os primeiros a receberem as vacinas, de acordo com comunicado do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra. Em certo ponto, cerca de 1.000 centros de vacinação, operados por grupos de médicos de clínica geral, estarão em funcionamento, disse o governo.

A decisão da agência reguladora britânica na quarta-feira passada de liberar a vacina Pfizer-BioNTech - antes da FDA dos EUA e sua contraparte europeia - abriu caminho para o início da vacinação. O governo havia sinalizado essa possibilidade há meses, posicionando o regulador para autorizar uma injeção de forma independente antes do final do período de transição do Brexit em 31 de dezembro.

À medida que governos entregam as vacinas, precisarão implementar sistemas de monitoramento para detectar possíveis efeitos colaterais, de acordo com Venkayya, da Takeda, que também é ex-assistente especial para biodefesa do ex-presidente dos EUA George W. Bush. A equação de oferta e demanda também representa um dilema.

“Haverá desafios com a alocação de um recurso escasso nos primeiros dias”, disse Venkayya.

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