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Uma em cada sete pessoas no mundo vive na "escuridão"

Em pleno século 21, pelo menos 1 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à energia elétrica em todo o mundo

Menino segura uma vela em sua casa, que não tem eletricidade, em Bangladesh.  (Stringer/Getty Images)

Menino segura uma vela em sua casa, que não tem eletricidade, em Bangladesh. (Stringer/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 4 de abril de 2017 às 10h44.

Última atualização em 4 de abril de 2017 às 16h59.

São Paulo - Imagine um lugar onde o pôr do sol é sinônimo de escuridão e quem quiser um pouco de luz para cozinhar, estudar ou trabalhar durante a noite precisa recorrer a pedaços de madeira ou lampiões de querosene, cuja fumaça é extremamente prejudicial à saúde, e onde recarregar um aparelho elétrico significa percorrer quilômetros até um posto comercial com luz.

Em pleno século 21, pelo menos 1 bilhão de pessoas ainda vivem em condição de isolamento energético em todo o mundo, sem acesso à rede elétrica, segundo um novo relatório do Banco Mundial em parceria com a Agência Internacional de Energia.

No ritmo atual de progresso no acesso à energia elétrica, considerado lento segundo o relatório, estima-se que, em 2030, 8% da população não terá luz em casa.

Universalizar o acesso à energia é um dos três compromissos que as Nações Unidas assumiram, em 2011, como parte do programa “Energia Sustentável Para Todos”, que inclui, ainda, dobrar a distribuição global de energias renováveis e dobrar a taxa de melhorias em eficiência energética até 2030.

Entre os três eixos analisados no relatório, apenas a eficiência energética progrediu: a quantidade de energia economizada durante os anos de 2012 e 2014, período abordado no estudo, equivale ao necessário para abastecer o Brasil e o Paquistão combinados.

Em matéria de energias renováveis, o progresso global é modesto. Embora as novas tecnologias de geração de energia, como a eólica e solar, estejam crescendo rapidamente — representando um terço da expansão do consumo de energia renovável em 2013-2014 — este crescimento está se dando a partir de uma base muito pequena, apenas 4% do consumo de energia renovável em 2012.

De acordo com o estudo, o desafio é aumentar a dependência das energias renováveis nos setores de aquecimento e de transportes, que representam a maior parte do consumo global de energia.

Para atingir os objetivos de Energia Sustentável para Todos, estima-se que o investimento no setor de renováveis deveria aumentar de duas a três vezes, enquanto o investimento em eficiência energética teria que aumentar de 3 a 6 vezes.

Agora, para alcançar o acesso universal à energia elétrica até 2030, o estudo estima que seria necessário aumentar em cinco vezes os investimentos em expansão.

O relatório traz dados impressionantes sobre o tamanho desse desafio. Por exemplo, o número de pessoas que usavam combustíveis sólidos tradicionais (como carvão) para cozinhar em 2014 era de 3,04 bilhões – algo em torno de 40% da população do planeta.

Mas o ritmo de mudança é praticamente irrisório. No Afeganistão e na Nigéria, por exemplo, o acesso a uma "cozinha livre de fumaça" tem caído cerca de um ponto percentual por ano.

A preocupação é maior com os países populosos e de baixo acesso à eletricidade, como Angola e República Democrática do Congo, onde as taxas de eletrificação estão caindo.

"Se quisermos tornar em realidade o acesso a energia limpa, acessível e confiável, a ação deve ser conduzida por meio da liderança política", afirma Rachel Kyte, representante especial do Secretário-Geral da ONU para o programa Energia Sustentável para Todos.

"Esses novos dados são um alerta para que os líderes mundiais tomem medidas mais urgentes e focadas no acesso à energia, melhorando a eficiência e o uso das energias renováveis para atingir nossos objetivos”.

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