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Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.
1 - As conseqüências do capitalismo acelerado
Supercapitalism
Editora Alfred A.Knopf,272 págs.
Autor Robert B.Reich
A gigante do varejo Wal-Mart é freqüentemente criticada por não oferecer bons salários e benefícios a seus funcionários. Muitos diriam que a solução é tentar incentivar a empresa a aplicar mais práticas de "responsabilidade social". Não é o que pensa Robert Reich, ex-secretário do Trabalho durante o governo Bill Clinton. "O Wal-Mart, assim como qualquer outra empresa capitalista, está apenas seguindo as regras atuais do jogo", diz ele. Por isso, segundo Reich, é bobagem querer que a empresa mude seu padrão de comportamento -- afinal, como o varejista vai poder oferecer os preços baixos de que os consumidores tanto gostam se tiver de pagar bons planos de saúde aos funcionários e não puder dar uma "apertada" em seus fornecedores? Professor de políticas públicas da Universidade da Califórnia, Reich acredita que a responsabilidade das empresas é apenas dar lucro. Em Supercapitalism The Transformation of Business, Democracy, and Everyday Life (em tradução livre "Supercapitalismo -- A transformação dos negócios, da democracia e da vida cotidiana"), ele usa exemplos como o do Wal-Mart para mostrar que cobrar qualquer outra coisa das empresas -- sobretudo que elas assumam papéis básicos do Estado, como saúde e educação -- é uma falácia. "Precisamos parar de tratar as companhias como se fossem pessoas e não devemos esperar que elas sejam patriotas."
A teoria de Reich é que o capitalismo da metade do século 20 se transformou no capitalismo global, que, por sua vez, evoluiu para o turbinado supercapitalismo. No decorrer desse período, as pessoas adquiriram características de consumidores e investidores, mas perderam suas habilidades como cidadãos. A conseqüência desse processo é o enfraquecimento da democracia. Em 1964, quase dois terços dos americanos acreditavam que o governo era direcionado para o bem de todos. Em 2000, esse número caiu para 35%, e a maioria passou a acreditar que o governo servia a alguns interesses específicos. "Impedir que o supercapitalismo permaneça pisando na democracia é a única saída construtiva. O resto é rodeio", argumenta o polêmico Reich.
2 - A corrida pelo carro sustentável
Zoom - The Global Race to Fuel the Car of the Future
Editora Twelve,352 págs.
Autores Os jornalistas ingleses Iain Carson e Vijay V.Vaitheeswaran
O mundo levou um século inteiro para atingir a marca de 1 bilhão de carros. O rápido avanço dos países emergentes, no entanto, pode nos levar ao segundo bilhão dentro dos próximos 30 anos. Para os ambientalistas, esse é mais um motivo de preocupação com o aumento das emissões de gases poluentes. Para a indústria automobilística, porém, é uma nova oportunidade de mercado. É justamente do esforço das montadoras para atender aos anseios de uma sociedade preocupada com o aquecimento global (e com os crescentes preços do petróleo) que trata o livro Zoom -- The Global Race to Fuel the Car of the Future (em português, "Zoom -- A corrida global para abastecer o carro do futuro"). Os autores Iain Carson e Vijay V. Vaitheeswaran lançam a idéia de que os veículos verdes são a nova fronteira da indústria -- e as montadoras que não se derem bem nessa corrida podem ser riscadas do mapa.
Trata-se de um desafio enorme. Até hoje, o modelo híbrido de eletricidade e gasolina de maior sucesso é o pioneiro Prius, lançado em 1997 pela Toyota. O Prius já vendeu mais de 500 000 unidades e garantiu à montadora japonesa a liderança no segmento, com 77% de participação. Mesmo que tardiamente, Carson e Vaitheeswaran apontam que as montadoras americanas vivem agora "um grande despertar" e também decidiram investir no carro sustentável. A General Motors, por exemplo, já investiu 1 bilhão de dólares em pesquisas para desenvolver o carro limpo. Dessa forma, nasceu o Chevrolet Volt, um sedã movido a eletricidade com lançamento previsto para 2010.
A californiana Tesla Motors é o mais representativo retrato do esforço americano para tentar recuperar o tempo perdido. A empresa, criada em 2003 com dinheiro dos fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, nasceu para desenvolver carros elétricos de luxo. "As decisões a respeito dos veículos e dos combustíveis desta década vão determinar o curso dos acontecimentos do século. Estamos no início de uma revolução da energia limpa", prevêem os autores do livro.
3 - O lado nada glamouroso do consumo
Deep Economy
Editora Times Books,261 págs.
Autor O ambientalista americano Bill McKibben
Há quase duas décadas, o americano Bill McKibben vem se firmando como um dos ambientalistas mais influentes do mundo. Em seu livro mais recente, Deep Economy (em português, "Economia profunda"), ele levanta a tese de que o atual modelo econômico precisa ser totalmente revisto e que a cultura do consumo precisa de um freio urgente. Ex-repórter da revista The New Yorker, McKibben aponta que, historicamente, a sociedade se pauta pela idéia de que "mais é melhor". Assim, difundiu-se que a chave para conquistar a riqueza era aumentar a eficiência, geralmente com ganho de escala. Mas hoje, segundo o autor, esse modelo está cobrando um preço alto: o aquecimento global e uma sensação generalizada de infelicidade. "O crescimento, ao menos da forma como nós o criamos, está produzindo mais desigualdade do que prosperidade, mais insegurança do que progresso", afirma ele.
Um dos exemplos do autor para sustentar a tese é o desenvolvimento da produção agrícola. Nas últimas décadas, os produtores aumentaram a eficiência, mas a margem de lucro caiu de 35% em 1950 para os atuais 9%. E as conseqüências não se restringem ao campo econômico. Para gerar ganho de escala, as fazendas ficaram concentradas nas mãos de poucos. De quebra, o meio ambiente também foi prejudicado. Cerca de 40% do tráfego de caminhões no mundo se deve ao transporte de alimentos em longas distâncias. Trata-se de um modelo que lança até 17 vezes mais dióxido de carbono na atmosfera do que um sistema local de alimentação. McKibben acredita que, para escapar dessa armadilha, é preciso atacar as causas da atual conjuntura: o crescimento centralizado e a obsessão pela eficiência econômica. "É para esses problemas que agora nós temos de olhar", diz.
4 - O cético do aquecimento global
Cool It - The Skeptical Environmentalist';s Guide to Global Warming
Editora Alfred A.Knopf,253 págs.
Autor Bjorn Lomborg
Nem mesmo o dinamarquês Bjorn Lomborg, conhecido por contradizer as previsões ambientais mais catastróficas, duvida que o aumento dos níveis atmosféricos de dióxido de carbono vem causando mudanças climáticas. "O aquecimento global é real e foi causado pela humanidade", diz ele em seu novo livro Cool It -- The Skeptical Environmentalist's Guide to Global Warming (em português, algo como "Calma lá -- o guia do ambientalista cético para o aquecimento global"). Lomborg, porém, questiona o que chama de histeria e o gasto excessivo em programas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Segundo ele, o Protocolo de Kyoto custaria 180 bilhões de dólares por ano se todos os países participassem e cumprissem suas promessas. "Essa postura é questionável num mundo onde bilhões de pessoas vivem na pobreza e milhões morrem de doenças curáveis", afirma. Lomborg sugere que a sociedade atual dê prioridade a preocupações mais imediatas, como combater a malária e a Aids e assegurar o suprimento de água limpa.
O cientista político usa dados concretos para abrandar os discursos alarmistas. Segundo ele, os ambientalistas afirmam que o aquecimento global ocasionou redução média de 15 ursos polares por ano entre 1987 e 2004 na baía de Hudson, no Canadá. "No entanto, em nenhum lugar do noticiário se encontra a informação de que, em média, 49 ursos são mortos a bala a cada ano nessa região." Ele também revela que a maioria das reivindicações dos ambientalistas está mais baseada em emoções do que em dados. Lomborg argumenta que o medo generalizado leva a soluções erradas. "Precisamos relembrar que o objetivo final não é reduzir as emissões de gases do aquecimento global em si, mas melhorar a qualidade de vida e do meio ambiente", afirma.
5 - Vem aí o estadista corporativo
Os Desafios da Sustentabilidade - Uma Ruptura Urgente
Editora Elsevier,304 págs.
Autor O engenheiro Fernando Almeida
Nos anos 90, o estado canadense de Newfoundland entrou numa crise quando a poluição lançada no mar pelas cidades costeiras fez com que o bacalhau desaparecesse de seus arredores. Dezenas de milhares de pessoas perderam o emprego. O governo gastou cerca de 2 bilhões de dólares com seguro-desemprego e treinamento para recolocação da mão-de-obra. O caso, citado no livro Os Desafios da Sustentabilidade -- Uma Ruptura Urgente, mostra claramente que a continuidade das atividades empresariais depende da conservação dos recursos naturais. O autor, o engenheiro Fernando Almeida, presidente executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), baseia-se na tese de que apenas o setor privado tem disciplina e recursos necessários para liderar a transformação com a urgência requerida. Almeida destaca, porém, que a tomada de decisões que levariam à gestão responsável dentro das empresas acontece de forma muito mais lenta do que deveria.
Os administradores têm grandes desafios pela frente. De acordo com metas estabelecidas pelo Painel de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, as empresas serão obrigadas a consumir cada vez menos energia para alimentar uma produção crescente. Segundo Almeida, esse cenário exige uma nova figura nos negócios: os estadistas corporativos. Trata-se de profissionais que deverão ocupar os principais cargos das grandes companhias mundo afora e verão como oportunidade e vantagens competitivas os riscos de um mercado em transformação.
Esse grupo de profissionais também terá a capacidade de se relacionar e aprender com clientes, consumidores, prestadores de serviços, colegas, ONGs e agentes públicos, sempre tendo em mente a visão de parcerias eficazes e de longo prazo. De acordo com o autor, esse perfil de profissional ainda está em formação. "Alguns alunos de primeira linha das escolas de administração brasileiras já questionam a política e a prática socioambiental das companhias ao avaliar as ofertas de emprego que recebem", afirma Almeida.