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Ultraconservador Raissi é eleito presidente do Irã no primeiro turno

Ebrahim Raïssi venceu a eleição presidencial iraniana com 61,95% dos votos. A participação nas urnas foi de 48,8%, informaram autoridades locais

Irã: Raisi se apresentou como o líder do combate à corrupção e defensor das classes populares (AFP/Reprodução)
MD

Matheus Doliveira

Publicado em 19 de junho de 2021 às 13h18.

Última atualização em 19 de junho de 2021 às 13h19.

O ultraconservador Ebrahim Raïssi venceu a eleição presidencial iraniana com 61,95% dos votos no primeiro turno, segundo os resultados definitivos anunciados neste sábado (19) pelo ministro do Interior, Abdolfazl Rahmani Fazli, um dia após a realização da eleição.

A participação foi de 48,8%, informou o ministro, a menor mobilização registrada para uma eleição presidencial desde a instauração da Repúlica Islâmica em 1979.

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"Com a bênção de Deus, faremos o melhor para que a esperança de um futuro vivo no coração das pessoas agora cresça mais", disse Raisi, acrescentando que quer reforçar a confiança da cidadania no governo para uma "vida brilhante e agradável juntos".

A oposição iraniana no exílio afirmou neste sábado que o "boicote" às eleições presidenciais do país foram "o maior golpe político e social" ao governo teocrático do país.

"O boicote provou ao mundo que o único voto das pessoas do Irã é derrubar este governo medieval", disse em um comunicado a líder do Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI), Maryam Rajavi.

Segundo os dados parciais divulgados anteriormente, o general Mohsen Rezai, ex-comandante chefe dos Guardiões da Revolução - exército ideológico da República Islâmica -, ficou em segundo lugar com mais 11,5% dos votos, à frente do ex-presidente do Banco Central Abdolnaser Hemati (8,3%) e do deputado Amirhosein Ghazizadeh-Hashemi (3,4%).

O guia supremo iraniano, o aiatolá Alí Khamenei, comemorou neste sábado a eleição vencida por Raisi como uma vitória da nação contra a "propaganda do inimigo".

"O grande vencedor das eleições de ontem é a nação iraniana, porque se levantou outra vez contra a propaganda da imprensa mercenária do inimigo", disse.

Pouco antes da divulgação dos primeiros resultados oficiais - segundo os quais houve cerca de 14% de votos em branco ou nulos -, o atual presidente Hasan Rohani anunciou que havia um vencedor no primeiro turno, sem nomeá-lo.

"Parabenizo o povo pela sua escolha (...). Sabemos quem obteve os votos suficientes nessas eleições e quem foi eleito hoje pelo povo", declarou Rohani, em um discurso televisionado.

Em mensagens no Instagram, Twitter e transmitidas pela mídia iraniana, os três candidatos que enfrentaram Raisi reconheceram a vitória do ultraconservador.

A votação se prolongou consideravelmente até as 02h00 deste sábado (18h30 de sexta-feira no horário de Brasília) para permitir uma máxima participação em boas condições, levando em conta a pandemia de covid-19 que deixa oficialmente cerca de 83.000 mortes em uma população de 83 milhões de habitantes.

Chefe da autoridade judicial, Raisi, de 60 anos, era o favorito para esta eleição devido à falta de concorrência após a desqualificação de seus principais adversários.

A campanha foi calma, com um clima de mal-estar generalizado entre os cidadãos devido à crise vivenciada por este país rico em hidrocarbonetos, mas submetido a sanções dos Estados Unidos.

Raisi se apresentou como o líder do combate à corrupção e defensor das classes populares que perderam poder aquisitivo pela inflação. Foi o único dos quatro candidatos que fez uma verdadeira campanha eleitoral.

"Espero que saiba (evitar a população) das privações", disse à AFP na sexta-feira uma eleitora em Teerã.

Reeleito em 2017 no primeiro turno justamente contra Raisi, que obteve então 38% dos votos, Rohani, um moderado que deixará a presidência em agosto, termina seu segundo mandato com um alto nível de impopularidade.

O presidente tem poderes limitados no Irã, onde o poder real está nas mãos do guia supremo.

Raisi está na lista de responsáveis iranianos sancionados por Washington por "cumplicidade em graves violações dos direitos humanos".

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