UE aborda amanhã tentativa de uma postura comum diante do reconhecimento de um Estado palestino (Said Khatib/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2011 às 07h36.
Bruxelas - Os ministros de Relações Exteriores da União Europeia abordam nesta segunda-feira mais uma vez os protestos no mundo árabe, mas na pauta também a tentativa de unificar uma postura comum diante da intenção dos palestinos de pedir em setembro na ONU o reconhecimento de um Estado palestino.
"Há posturas muito diferentes no seio da União, reconheceu nesta semana um diplomata da UE. "Mas será preciso avançar em uma postura comum" para evitar a divisão e o "consenso do silêncio", o que não é uma solução, acrescentou.
Um alto cargo da UE explicou que os países analisam "como é possível manter unidos até setembro e evitar um confronto entre as diferentes partes".
"Espanha vê com preocupação este cenário", admitiram diplomatas do país.
Alemanha anunciou que não vai reconhecer um Estado fora das negociações com Israel, e outros países da UE aprovam "em princípio", mas preferem as negociações.
A única maneira de conseguir isso é que o Quarteto - EUA, Rússia, ONU e UE - elabore uma declaração "equilibrada" baseada no conceito de dois estados, explicaram as fontes.
No caso de Israel, a resolução 181 (de Partilha de 1947) criou a plataforma legal para seu estabelecimento, ao qual seguiram em 1948 inúmeros reconhecimentos bilaterais, embora o Conselho de Segurança da ONU não tenha dado sinal verde ao Estado judeu devido à primeira guerra árabe-israelense.
Não foi até maio de 1949, quando Israel obteve o reconhecimento como membro da ONU na Assembleia Geral, um processo que segundo os analistas, os palestinos estudam seguir.
Por enquanto, os palestinos preveem receber o apoio de 140 países de um total de 192 Estados que integram a ONU e dos 128 votos que necessitariam.
O mais certo é que os ministros continuem o debate no início de setembro na reunião informal da Polônia.
Os ministros vão abordar os protestos no mundo árabe e aprovar formalmente a nomeação do diplomata espanhol Bernardino León como enviado especial comunitário à região.
Do sonselho sairá um texto condenando a repressão na Síria e "colocando em questão a legitimidade" do regime de Bashar al Assad. Eles vão condenar os ataques contra sedes diplomáticas e pedirão ao Conselho de Segurança da ONU - onde está estagnado um texto de condenação - que assuma suas responsabilidades. Os titulares de Exteriores da UE reconhecerão o papel do Conselho Nacional de Transição (CNT).
Até agora o reconheceram como um interlocutor político chave e agora debatem se agregam o termo "legítimo". O Grupo de Contato sobre a Líbia reconheceu nesta semana a este ente como "a autoridade governamental legítima da Líbia".
O Conselho vai reiterar também seu apoio ao trabalho do Tribunal Especial para o Líbano (TEL), que acusa membros do Hisbolá de ter assassinado seu pai, Rafik Hariri, em 2005, e pedirá a todas as partes que cooperem plenamente com a corte, principalmente após a formação do novo Governo, liderado pelo grupo xiita.
Durante o almoço de trabalho abordarão junto com o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, a situação no Afeganistão - diante da retirada das primeiras tropas dos EUA - e também no Paquistão, país com o qual a relação da UE é "difícil" em algumas áreas, segundo um alto cargo comunitário.
"Há alguns aspectos preocupantes no Paquistão, mas ao mesmo tempo tem uma importância estratégica que é preciso levar em conta, e tentamos encontrar o equilíbrio adequado" e analisar se podemos ajudar Islamabad em áreas como o comércio e no fomento das capacidades na luta antiterrorista, explicou.
À tarde será realizado o Conselho de Assuntos Gerais no qual será analisada a proposta para o orçamento 2014-2020 e no qual serão trocados pontos de vista sobre uma possível reforma do Tribunal de Justiça da UE, que prevê a incorporação de mais 12 juízes pelo volume de trabalho. EFE