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UE diz entender 'indignados', mas defende corte e austeridade

Líderes europeus aceitaram algumas exigências dos manifestantes e defenderam medidas para o sistema financeiro

Os indignados em Madri: UE defende os cortes, mas reconhece o movimento (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

Os indignados em Madri: UE defende os cortes, mas reconhece o movimento (Pierre-Philippe Marcou/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 12h55.

Bruxelas - A União Europeia insistiu nesta segunda-feira em defender a austeridade como única via em direção ao crescimento e a geração de emprego, mas pela primeira vez reconheceu a legitimidade do movimento dos indignados e propôs medidas concretas contra a irresponsabilidade do setor financeiro.

Após a cúpula social desta segunda-feira em Bruxelas, os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Herman van Rompuy e José Manuel Durão Barroso, respectivamente, deram ouvidos a algumas das reivindicações do movimento dos indignados, concretamente as críticas ao papel desempenhado na crise por algumas entidades financeiras.

Além dessas duas instituições comunitárias, participaram da cúpula social representantes de sindicatos patronais e europeus.

Durante o encontro, os líderes comunitários e a entidade europeia destacaram a mensagem de que a austeridade permitirá recuperar a confiança na economia, o alicerce necessário para o crescimento e a criação de emprego.

'A confiança é o que mais precisamos na Europa. Se solucionamos a crise da dívida soberana poderemos restaurar a confiança e voltar a criar vagas de trabalho', declarou Barroso em entrevista.

Já Van Rompuy ressaltou que restaurar a confiança no setor financeiro e nos mercados de dívida é necessário para devolver a confiança a empresas e consumidores. Ele insistiu no fato de que tudo está conectado na hora de favorecer o crescimento da economia.

Ao serem perguntados sobre as manifestações dos indignados que ocorreram no sábado no mundo todo, Barroso e Van Rompuy afirmaram que compreendiam as reivindicações do movimento e as consideravam legítimas.

'A preocupação desses jovens sobre o crescimento e o emprego é legítima, mas nossa responsabilidade é passar por este período impopular para preservar um futuro melhor', assinalou Van Rompuy.

Para Barroso, o movimento global dos indignados 'é em grande medida resultado de algumas decisões irresponsáveis e até ilegítimas (em algumas situações) adotadas pelo setor financeiro'.


Os dois destacaram a necessidade de uma contribuição mais justa desse setor na recuperação da economia europeia e anunciaram propostas concretas para endurecer as sanções por abusos nos mercados.

'O setor financeiro tem responsabilidades, incluindo penais. Faremos nesta semana uma proposta neste sentido para regular o mercado financeiro', adiantou o presidente da Comissão Europeia.

Barroso esclareceu que a Comissão não tem nada contra o setor financeiro, mas acrescentou que este 'deve respeitar normas éticas e isso nem sempre aconteceu'.

Os líderes europeus devem dar uma resposta concreta para mostrar que entenderam a mensagem, declarou o presidente da Comissão Europeia em alusão às críticas do movimento dos indignados contra as entidades financeiras.

Os sindicatos europeus voltaram a pedir que o ajuste orçamentário dos estados-membros ocorra no longo prazo e não como está ocorrendo atualmente na Grécia, sem resultados, declarou a secretária-geral da Confederação dos Sindicatos europeus, Bernardette Segol.

Na reunião com os líderes europeus, os responsáveis sindicais pediram outras soluções com o objetivo de promover o crescimento e o emprego e concretamente propuseram uma estratégia comunitária para desenvolver um modelo produtivo mais sustentável.

Bernardette denunciou que a crise de dívida soberana 'continua sendo agravada pelos problemas de capital' que sofrem alguns bancos europeus.

'Os bancos obtiveram lucros nos últimos anos e em vez de reinvestir na capitalização, gastaram em dividendos e bônus para seus diretores. Isto não pode continuar assim, essa postura é inaceitável', definiu Bernardette.

'Se os Governos têm de voltar a prestar socorro ao setor bancário, seguirão aumentando sua dívida e quem pagará essa conta mais uma vez será o cidadão', acrescentou a representante sindical. 

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