UE: aumento do fundo só virá com adoção de mais ajustes
Segundo os ministros das Finanças europeus, países têm que se comprometer com o saneamento fiscal
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2011 às 10h41.
Bruxelas - Vários ministros de Finanças da União Europeia condicionaram nesta terça-feira aumento da capacidade do fundo de resgate para países afetados pela crise da dívida a um maior compromisso dos estados-membros com o saneamento fiscal.
"Parece que tivemos muitas discussões com relação ao fundo e poucas sobre o fato de que a falta de disciplina fiscal foi a causa do problema. Aqui, o assunto chave é que os países com fortes déficit comecem a melhorar", disse o ministro de Finanças sueco, o conservador Anders Borg.
Seu colega belga, Didier Reynders, coincidiu com Borg que é necessário "compromisso claro de todos os estados da zona do euro para melhor consolidação" orçamentária antes de adotar aumento do fundo de resgate e considerou que "é impossível avançar em um aspecto sem o outro".
Reynders explicou que já "existe um acordo para consolidação fiscal" na região, o que garantirá "um bom equilíbrio" junto com o aumento do fundo, que não consiste só em "aumentar a quantia do dinheiro, mas em dotar de outras ferramentas" de intervenção.
Já a ministra de Economia francesa, Christine Lagarde, explicou que o aumento do fundo é "parte da equação" para proporcionar uma solução global que seja "positiva para todos", embora não a única.
"Não teremos êxito a não ser que tenhamos uma visão global do conjunto dos problemas e não parcial ou fragmentado", explicou Lagarde.
Os responsáveis econômicos da União Europeia realizam nesta terça sua reunião mensal em Bruxelas, para abordar a adoção de um pacote global de medidas contra a crise da dívida, entre estas a possível ampliação do fundo de resgate.
O fundo foi criado em maio para evitar o contágio da crise grega em outros países da periferia da região e está dotado com 440 bilhões de euros, aos quais se acrescenta a contribuição garantida pelo orçamento comunitário e a contribuição do Fundo Monetário Internacional (FMI), até somar 750 bilhões de euros.
No entanto, a capacidade de financiamento do mesmo é de 250 bilhões, devido ao fato de que é preciso manter uma importante quantidade de capital para gozar da melhor classificação na hora de comparecer ao mercado para buscar financiamento.
O assunto já foi tratado durante a reunião prévia de titulares de Finanças da zona do euro na segunda à noite, na qual a Alemanha expressou seu parecer neste sentido.
Nesta manhã, a ministra de Economia e Fazenda espanhola, Elena Salgado, descartou que tenha solicitado à Espanha maiores ajustes e lembrou os elogios feitos na véspera pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, quem classificou ao país de "exemplar" neste sentido.