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Ucrânia fala de ameaça de invasão russa e impõe lei marcial por 30 dias

Países trocam acusações após a Rússia apreender três embarcações da Ucrânia e prender as respectivas tripulações no domingo

Rússia e Ucrânia: representante dos EUA na ONU afirmou que as ações russas eram uma "violação ultrajante do território soberano ucraniano" (Jaap Arriens/Getty Images)

Rússia e Ucrânia: representante dos EUA na ONU afirmou que as ações russas eram uma "violação ultrajante do território soberano ucraniano" (Jaap Arriens/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 26 de novembro de 2018 às 20h45.

Moscou/Kiev - A Ucrânia impôs nesta segunda-feira, 26, lei marcial por 30 dias em partes do país mais vulneráveis a um ataque russo, depois que o presidente, Petro Poroshenko, alertou sobre a ameaça "extremamente séria" de invasão terrestre.

Poroshenko afirmou que a lei marcial era necessária para reforçar as defesas ucranianas depois que a Rússia apreendeu três embarcações da Ucrânia e prendeu as respectivas tripulações no fim de semana. O Parlamento aprovou a introdução da lei marcial depois que o presidente garantiu para parlamentares mais céticos que a medida não seria usada para cortar liberdades civis ou adiar as eleições marcadas para o ano que vem.

A medida se dá no final de um dia em que Ucrânia e Rússia trocaram acusações sobre o impasse de domingo e em que aliados de Kiev condenaram o comportamento de Moscou.

Com relações entre os dois países ainda difíceis depois que a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia em 2014 e apoiou uma insurgência pró-Moscou no leste ucraniano, a crise representa um risco de uma situação de conflito aberto. "A Rússia trava uma guerra híbrida contra o nosso país pelo quinto ano. Mas com um ataque contra barcos militares ucranianos ela se moveu para um novo estágio de agressão", declarou Poroshenko.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não gostava do que estava ocorrendo entre os dois países e que discutia a situação com líderes europeus. Em conversa com Poroshenko pelo telefone, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ofereceu o "apoio total para a soberania e a integridade territorial da Ucrânia". O país não faz parte da aliança, mas ambiciona ser um membro.

A representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas afirmou que as ações russas eram uma "violação ultrajante do território soberano ucraniano" e que sanções contra a Rússia permaneceriam.

A União Europeia, o Reino Unido, a França, a Polônia, a Dinamarca e o Canadá também condenaram o que chamaram de agressão russa. A chanceler alemã, Angela Merkel, enfatizou a necessidade do diálogo.

O impasse no mar de Azov é mais preocupante agora do que em qualquer momento dos últimos quatro anos, uma vez que a Ucrânia reconstruiu as suas Forças Armadas e tem uma nova geração de confiantes comandantes.

Troca de acusações

O Ministério do Exterior russo responsabilizou Kiev pela crise. "É óbvio que essa cuidadosamente planejada provocação teve como objetivo iniciar uma nova fonte de tensão na região para criar um pretexto para aumentar as sanções contra a Rússia", disse em comunicado. Tal política, segundo o comunicado, tem "sérias consequências. Ele acrescenta que Kiev age em coordenação com os EUA e a União Europeia.

Em Kiev, Poroshenko disse ter informações da inteligência de que há uma "ameaça extremamente séria" de uma operação terrestre russa contra a Ucrânia. "Eu tenho um documento da inteligência nas minhas mãos. Aqui em várias páginas há uma descrição detalhada de todas as forças do inimigo localizadas a uma distância de algumas dezenas de quilômetros da nossa fronteira. Prontas para uma imediata invasão da Ucrânia", afirmou. A lei marcial permite que a Ucrânia responda com agilidade a qualquer invasão e mobilize recursos rapidamente, disse ele.

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