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Ucrânia e separatistas pró-russos trocam prisioneiros

Ucrânia e os separatistas pró-russos iniciaram a troca de centenas de prisioneiros de guerra no âmbito de um acordo pactuado na quarta

Ucranianos tomados como prisioneiros pelos separatistas pró-russos marcham (Eric Feferberg/AFP)
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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2014 às 18h28.

Kostiantinivka - A Ucrânia e os separatistas pró-russos iniciaram, nesta sexta-feira, a troca de centenas de prisioneiros de guerra no âmbito de um acordo pactuado na quarta-feira passada em Minsk, o único avanço de negociações que fracassaram em solucionar a raiz dos problemas.

Esta primeira troca - celebrada na cidade de Kostiantinivka, 65 km ao norte do reduto rebelde de Donetsk - começou com grupos de 10 prisioneiros de um total previsto para o dia de 222 separatistas e 145 soldados ucranianos.

Os prisioneiros, vestidos à paisana, levavam bolsas e formavam uma fila, uns de frente para os outros, separados por 100 metros de distância.

Vários representantes da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) observaram a operação, realizada em uma estrada iluminada apenas pelos faróis de alguns carros.

"Acabam de nos dizer o que vai acontecer, estou feliz por voltar para casa, ver meus pais e minha mulher que ainda não sabem (que fui libertado)", contou à AFP Artem Siurik, médico do Exército, originário da cidade de Dnipropetrovsk.

"Só quero comer ovos fritos e falar com meus pais", disse Denis Balbukov, um rebelde libertado de 21 anos, que prometeu que "retomará a luta".

Representantes de Kiev e dos separatistas leram os nomes das pessoas antes de começar a troca.

Os prisioneiros apresentados pelos rebeldes estavam presos na região de Donetsk, assegurou a representante separatista, Daria Morozova. Segundo ela, a troca de prisioneiros na vizinha república separatista de Lugansk deveria ocorrer neste sábado.

A troca de prisioneiros foi o único acordo tangível ao qual chegaram na quarta-feira as duas partes que participaram de uma reunião de contato, composta por representantes de Kiev, de Moscou, da OSCE e dos separatistas pró-russos.

As negociações deveriam ter prosseguido nesta sexta-feira, mas não foram celebradas.

Escalada verbal

Os rebeldes reivindicam, sobretudo, o retorno do financiamento às regiões em seu poder, cortada por Kiev em meados de novembro. Exigem, também, "um estatuto especial", que dê maior autonomia às regiões de Donetsk e Lugansk.

O estatuto já estava previsto nos acordos assinados em setembro, em Minsk. Mas, segundo Kiev e os ocidentais, os rebeldes minaram estes acordos, ao organizar eleições no começo de novembro, um pleito considerado ilegítimo pela comunidade internacional e pelo governo ucraniano.

O primeiro encontro em Minsk, em setembro, já tentou por fim a um conflito que deixou mais de 4.700 mortos em oito meses.

Kiev e os rebeldes se acusaram mutuamente, em várias ocasiões, de querer minar o processo de paz.

A agência de notícias Interfax-Ucrânia, que costuma ser bem informada sobre a postura do negociador ucraniano, o ex-presidente Leonid Kuchma, informou na quinta-feira que os rebeldes tentam modificar os acordos se paz fechados em Minsk.

As autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk foram representadas na quarta-feira "por gente incompetente que toma decisões sem conhecer os acordos alcançados previamente", afirmou uma fonte próxima às negociações citadas pela agência.

A Otan, uma ameaça fundamental para Moscou

O Kremlin publicou nesta sexta-feira a nova versão da doutrina militar da Rússia, aprovada por seu presidente, Vladimir Putin, que aponta a Otan como uma ameaça fundamental à segurança do país.

A doutrina se inquieta com o "reforço das capacidades ofensivas da Otan diretamente nas fronteiras russas e as medidas tomadas para mobilizar um sistema de defesa antimísseis" no leste europeu.

A divulgação desta doutrina ocorre pouco após uma votação muito simbólica no Parlamento ucraniano sobre o abandono do estatuto de país não alinhado, uma decisão que permitirá à Ucrânia pedir, no futuro, sua adesão à Otan.

São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
  • 2. Pelo chão

    2 /13(Getty Images)

  • Veja também

    As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
  • 3. Memória saqueada

    3 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

  • Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
  • 4. Sem destino

    4 /13(Brendan Hoffman / Getty Images)

    Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
  • 5. Caixa-preta

    5 /13(Getty Images)

    O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos.  Os rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
  • 6. Represália Europeia

    6 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    De acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
  • 7. Maioria holandesa

    7 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
  • 8. Domingo de homenagem

    8 /13(Christopher Furlong / Getty Images)

    Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
  • 9. Em busca da cura

    9 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
  • 10. EUA diz que sabe

    10 /13(gett)

    Os Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
  • 11. Artigo editado

    11 /13(Getty Images)

    O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia, editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
  • 12. Duas tragédias no ano

    12 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
  • 13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos

    13 /13(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)

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