Turquia recebe primeiros refugiados expulsos após acordo
Este acordo contou com o apoio da Alemanha, que aceitou, no último ano, a maioria dos mais de um milhão de imigrantes que desembarcaram na Europa pela Turquia
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2016 às 16h29.
Três barcos partiram nesta segunda-feira rumo à Turquia com pelo menos 202 imigrantes que estavam nas ilhas gregas de Lesbos e Chios, como parte do polêmico acordo assinado entre UE e Ancara em 18 de março passado.
Este acordo contou com o apoio da Alemanha, que aceitou, no último ano, a maioria dos mais de um milhão de imigrantes que desembarcaram na Europa pela Turquia.
Em conversa por telefone, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, consideraram que esta segunda-feira foi um dia "importante", que marcou o início da "implementação de uma parte central" da estratégia europeia para conter o fluxo de imigrantes, declarou a Alemanha.
Pelo acordo, 202 imigrantes, entre eles dois sírios, foram levados para a Turquia, enquanto outros 32 sírios foram levados para Hannover, no norte da Alemanha, e 11, para a Finlândia. Espera-se que, nesta terça, a Holanda receba mais refugiados.
Uma primeira embarcação procedente de Lesbos chegou ao porto de Dikili às 6h20 GMT (3h20 de Brasília), e outros dois devem chegar nas próximas horas - um ao mesmo porto, e outro, a Cesme.
Em Lesbos, a balsa Lesvos e o catamarã Nezli Jale receberam 131 pessoas, em sua maioria do Paquistão e de Bangladesh, no porto de Mytilene, informou Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, a agência de vigilância de fronteiras externas da UE, que comanda a operação.
A Polícia grega anunciou números um pouco diferentes: 136 pessoas partiram de Lesbos, sendo 125 paquistaneses, quatro cingaleses, três bengaleses, dois indianos e dois sírios.
Segundo o ministro turco encarregado das relações com a UE, Volkan Bozkir, os sírios serão enviados aos campos de Osmaniye, no sul do país, e de Kirklareli, no norte, perto da fronteira com a Bulgária.
Os demais vão permanecer um tempo na Turquia, antes de serem devolvidos "pouco a pouco" para seus respectivos países.
Vários manifestantes expressaram apoio aos expulsos, com direito a uma faixa com frase "Turkey is not safe" ("Turquia não é segura") no terraço de um hotel diante do porto.
Mesmo assim, a operação aconteceu de maneira calma e ordenada, de acordo com Moncure.
Os imigrantes, todos homens, estavam no campo de Moria, a 10 quilômetros do porto.
Em Chios, outra ilha próxima da Turquia, a balsa Erturk Line-Cesme saiu do porto com 66 imigrantes a bordo, segundo a polícia: 43 afegãos, 10 iraquianos, seis paquistaneses, cinco cidadãos congoleses, um somali, um marfinense e um indiano.
Dezenas de ativistas e simpatizantes compareceram ao local para pedir "liberdade", mas não há registro de confrontos.
O acordo assinado entre a União Europeia e a Turquia prevê que, para cada sírio devolvido, outro será admitido no território comunitário, com um teto de 72 mil pessoas.
Um primeiro grupo de 16 sírios desembarcou nesta segunda-feira em Hannover, norte da Alemanha, e um segundo grupo deve chegar nas próximas horas.
No domingo, uma fonte do governo alemão afirmou que dezenas de imigrantes chegariam à França, à Finlândia e a Portugal.
Um ato ilegal
A agência de notícias grega ANA anunciou ontem que 750 imigrantes seriam devolvidos para a Turquia entre segunda e quarta-feiras, ao ritmo de 250 por dia. O grupo é composto, em sua maioria, por paquistaneses, cingaleses e africanos.
A Turquia começou a preparar centros de registro perto das ilha de Lesbos e Chios, assim como um campo de grande capacidade.
A UE enviou forças de segurança para apoiar a operação. O governo francês pretende mobilizar 200 homens, entre policiais, agentes do Batalhão de Choque e gendarmes.
Diante da ameaça de expulsão iminente, vários migrantes teriam solicitado asilo nas últimas horas. A princípio, o acordo envolve apenas os que não fizeram o pedido.
A operação provoca grande preocupação entre os defensores dos direitos humanos, incluindo a organização Anistia Internacional, que acusa Ancara de forçar uma centena de sírios por dia a voltar para a Síria. O governo turco nega a acusação.
"O que vai acontecer com as milhares de pessoas que pediram asilo?", questionava a vice-diretora da AI na Europa, Gauri Vaugulik, falando de Lesbos.
A ONG alemã Pro Asyl denunciou as expulsões como "um ato ilegal e desumano".
Para o chefe da representação da Comissão Europeia na Grécia, Panos Carvounis, o "teste" desta segunda enviou "um sinal muito forte para dizer às pessoas: 'não venham mais para a Grécia pelo mar, porque vão ser devolvidos'".
O acordo não resolve o problema dos 50 mil refugiados que chegaram à Grécia antes de 20 de março e que permanecem bloqueados na fronteira desde o fechamento da rota dos Bálcãs.
Três barcos partiram nesta segunda-feira rumo à Turquia com pelo menos 202 imigrantes que estavam nas ilhas gregas de Lesbos e Chios, como parte do polêmico acordo assinado entre UE e Ancara em 18 de março passado.
Este acordo contou com o apoio da Alemanha, que aceitou, no último ano, a maioria dos mais de um milhão de imigrantes que desembarcaram na Europa pela Turquia.
Em conversa por telefone, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu, consideraram que esta segunda-feira foi um dia "importante", que marcou o início da "implementação de uma parte central" da estratégia europeia para conter o fluxo de imigrantes, declarou a Alemanha.
Pelo acordo, 202 imigrantes, entre eles dois sírios, foram levados para a Turquia, enquanto outros 32 sírios foram levados para Hannover, no norte da Alemanha, e 11, para a Finlândia. Espera-se que, nesta terça, a Holanda receba mais refugiados.
Uma primeira embarcação procedente de Lesbos chegou ao porto de Dikili às 6h20 GMT (3h20 de Brasília), e outros dois devem chegar nas próximas horas - um ao mesmo porto, e outro, a Cesme.
Em Lesbos, a balsa Lesvos e o catamarã Nezli Jale receberam 131 pessoas, em sua maioria do Paquistão e de Bangladesh, no porto de Mytilene, informou Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, a agência de vigilância de fronteiras externas da UE, que comanda a operação.
A Polícia grega anunciou números um pouco diferentes: 136 pessoas partiram de Lesbos, sendo 125 paquistaneses, quatro cingaleses, três bengaleses, dois indianos e dois sírios.
Segundo o ministro turco encarregado das relações com a UE, Volkan Bozkir, os sírios serão enviados aos campos de Osmaniye, no sul do país, e de Kirklareli, no norte, perto da fronteira com a Bulgária.
Os demais vão permanecer um tempo na Turquia, antes de serem devolvidos "pouco a pouco" para seus respectivos países.
Vários manifestantes expressaram apoio aos expulsos, com direito a uma faixa com frase "Turkey is not safe" ("Turquia não é segura") no terraço de um hotel diante do porto.
Mesmo assim, a operação aconteceu de maneira calma e ordenada, de acordo com Moncure.
Os imigrantes, todos homens, estavam no campo de Moria, a 10 quilômetros do porto.
Em Chios, outra ilha próxima da Turquia, a balsa Erturk Line-Cesme saiu do porto com 66 imigrantes a bordo, segundo a polícia: 43 afegãos, 10 iraquianos, seis paquistaneses, cinco cidadãos congoleses, um somali, um marfinense e um indiano.
Dezenas de ativistas e simpatizantes compareceram ao local para pedir "liberdade", mas não há registro de confrontos.
O acordo assinado entre a União Europeia e a Turquia prevê que, para cada sírio devolvido, outro será admitido no território comunitário, com um teto de 72 mil pessoas.
Um primeiro grupo de 16 sírios desembarcou nesta segunda-feira em Hannover, norte da Alemanha, e um segundo grupo deve chegar nas próximas horas.
No domingo, uma fonte do governo alemão afirmou que dezenas de imigrantes chegariam à França, à Finlândia e a Portugal.
Um ato ilegal
A agência de notícias grega ANA anunciou ontem que 750 imigrantes seriam devolvidos para a Turquia entre segunda e quarta-feiras, ao ritmo de 250 por dia. O grupo é composto, em sua maioria, por paquistaneses, cingaleses e africanos.
A Turquia começou a preparar centros de registro perto das ilha de Lesbos e Chios, assim como um campo de grande capacidade.
A UE enviou forças de segurança para apoiar a operação. O governo francês pretende mobilizar 200 homens, entre policiais, agentes do Batalhão de Choque e gendarmes.
Diante da ameaça de expulsão iminente, vários migrantes teriam solicitado asilo nas últimas horas. A princípio, o acordo envolve apenas os que não fizeram o pedido.
A operação provoca grande preocupação entre os defensores dos direitos humanos, incluindo a organização Anistia Internacional, que acusa Ancara de forçar uma centena de sírios por dia a voltar para a Síria. O governo turco nega a acusação.
"O que vai acontecer com as milhares de pessoas que pediram asilo?", questionava a vice-diretora da AI na Europa, Gauri Vaugulik, falando de Lesbos.
A ONG alemã Pro Asyl denunciou as expulsões como "um ato ilegal e desumano".
Para o chefe da representação da Comissão Europeia na Grécia, Panos Carvounis, o "teste" desta segunda enviou "um sinal muito forte para dizer às pessoas: 'não venham mais para a Grécia pelo mar, porque vão ser devolvidos'".
O acordo não resolve o problema dos 50 mil refugiados que chegaram à Grécia antes de 20 de março e que permanecem bloqueados na fronteira desde o fechamento da rota dos Bálcãs.