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Tudo o que se sabe sobre a maior troca de prisioneiros entre EUA e Rússia desde a Guerra Fria

O acordo envolveu 24 pessoas, entre eles jornalistas, dissidentes políticos, supostos espiões, um hacker e um golpista

Recém-libertados da Rússia chegam à base de San Antonio, no Texas (Photo by SUZANNE CORDEIRO / AFP))

Recém-libertados da Rússia chegam à base de San Antonio, no Texas (Photo by SUZANNE CORDEIRO / AFP))

Publicado em 2 de agosto de 2024 às 08h21.

Os EUA e a Rússia concluíram na quinta-feira sua maior troca de prisioneiros na história desde o fim da União Soviética, em 1991, num acordo envolvendo 24 pessoas, muitos meses de negociações e concessões de outros países europeus que libertaram russos sob sua custódia como parte da troca, segundo a Associated Press.

As 24 pessoas — algumas figuras proeminentes, outras não — incluíam um grupo de jornalistas e dissidentes políticos, supostos espiões, um hacker e um golpista. Na lista entrou até um homem condenado por assassinato.

A Rússia libertou 16 pessoas, incluindo o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich e Paul Whelan, um executivo de segurança corporativa de Michigan. Ambos estavam enfrentando longas sentenças de prisão após serem condenados na Rússia por acusações de espionagem - que o governo dos EUA chamou de infundadas.

Também foi libertada por Moscou a jornalista da Radio Free Europe/Radio Liberty Alsu Kurmasheva, que tem cidadania americana e russa, condenada em julho por disseminar informações falsas sobr militares russos — acusações que sua família e a empresa de comunicação rejeitaram.

Gershkovich, Whelan e Kurmasheva chegaram na quinta-feira à Base Conjunta Andrews, Maryland, onde foram recebidos pelo presidente Joe Biden e pela vice-presidente Kamala Harris.

A Rússia também libertou Vladimir Kara-Murza, um crítico do Kremlin e escritor ganhador do Prêmio Pulitzer que cumpria 25 anos de prisão por acusações de traição, vistas como "políticas".

Condenado por assassinato também foi libertado

Pelo lado russo, oito pessoas foram soltas, incluindo Vadim Krasikov, que foi condenado na Alemanha em 2021 por matar um ex-rebelde checheno em um parque de Berlim dois anos antes, aparentemente por ordem dos serviços de segurança de Moscou.

O Kremlin também recebeu dois supostos agentes "aposentados" que foram presos na Eslovênia, três homens acusados ​​por autoridades federais nos EUA e dois homens que retornaram da Noruega e da Polônia.

Especialistas ouvidos pela AP não acreditam que essa troca de prisioneiros possa melhorar a relação entre EUA e Rússia, no nível mais crítico desde o fim da Guerra Fria. A invasão da Ucrânia pela Rússia selou definitivamente essa piora.

Americanos seguem presos

Embora o acordo de quinta-feira envolva os americanos mais conhecidos detidos na Rússia, há vários outros que permanecem.

Esse grupo inclui Travis Leake, um músico condenado por acusações de drogas e sentenciado à prisão; Gordon Black, um soldado americano condenado por roubo e ameaças de assassinato; Marc Fogel, um professor também condenado por acusações envolvendo tráfico de drogas; e Ksenia Khavana, que foi presa em Ecaterimburgo em fevereiro.

Em trocas de prisioneiros nos últimos anos, o governo dos EUA libertou criminosos condenados por crimes pesados, incluindo traficantes de drogas e armas e um traficante do Talibã.

O último acordo não foi exceção, com os EUA e aliados ocidentais concordando em devolver à Rússia criminosos considerados devidamente acusados ​​e condenados.

Navalny poderia estar na lista?

Principal figura da oposição russa, Alexei Navalny sempre teve seu nome ventilado como um possível beneficiário do acordo de troca de prisioneiros.

Na época de sua morte, em fevereiro, autoridades estavam discutindo uma possível troca envolvendo ele e Krasikov como uma forma de satisfazer o interessa da Rússia por Krasikov, de acordo com a AP.

Autoridades do governo descreveram a morte repentina e inexplicável de Navalny como um revés para esse esforço diplomático. No final, vários nomes ligados a Navalny foram libertados.

Biden havia confirmado na semana passada, em discurso no Salão Oval, seu compromisso de libertar americanos presos na Rússia. "Estamos trabalhando dia e noite para trazer para casa os americanos que estão sendo injustamente detidos em todo o mundo."

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