Reunião de Donald Trump, presidente americano, com Kim Jong Un, líder da Coreia do Norte, na zona Desmilitarizada entre as duas Coreias, dia 30/06/2019 (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de junho de 2019 às 09h25.
Donald Trump voltou a escrever uma página da história com a Coreia do Norte neste domingo ao tornar-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar em solo norte-coreano, em um encontro com Kim Jong Une que permitiu a retomada das negociações sobre o programa nuclear de Pyongyang.
Mais de um ano após seu primeiro encontro em Singapura, os dois governantes se reuniram novamente, desta vez em um local emblemático, a Zona Desmilitarizada (DMZ) que separa as duas Coreias desde o fim da guerra da Coreia (1950-53).
Acompanhado pelo líder de Pyongyang, vestido com seu tradicional terno estilo Mao, o presidente americano atravessou a linha de demarcação que materializa a fronteira e deu vários passos dentro do território norte-coreano, antes de voltar para o lado da Coreia do Sul.
Os dois posaram para os fotógrafos atrás da linha de demarcação, na localidade de Panmunjom, onde o armistício foi assinado em 1953.
"É um grande dia para o mundo", declarou o americano, antes de afirma que estava "orgulhoso de ter cruzado a linha". Kim Jong Un disse que espera "superar os obstáculos" graças a sua relação "maravilhosa" com Trump.
"O fato de que os dois países, apesar de uma longa relação de hostilidades, podem apertar as mãos pela paz em um local que simboliza a divisão (...) demonstra que o presente é melhor que o passado", destacou Kim Jong Un.
Kim já havia atravessado a fronteira em direção ao Sul no ano passado para sua primeira reunião na DMZ com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
Após uma reunião de 45 minutos no setor sul-coreano da DMZ, Trump acompanhou Kim Jong Un de volta a seu país, desta vez ao lado do presidente da Coreia do Sul.
Trump falou com a imprensa após o encontro e anunciou que convidou o líder norte-coreano a visitar os Estados Unidos, mas sem revelar uma data.
"Isto acontecerá em algum momento", se limitou a afirmar.
A curto prazo, o presidente republicano informou que as equipes de negociadores dos Estados Unidos e da Coreia do Norte retomarão as discussões sobre o programa nuclear de Pyongyang "nas próximas duas ou três semanas".
Algumas horas depois do encontro, Trump deixou a Coreia do Sul para retornar aos Estados Unidos. O avião Air Force One decolou às 19H00 locais (7H00 de Brasília) com destino a Washington.
Após a euforia provocada pelo encontro em Singapura, a aproximação entre os dois países parecia estar em declive, sobretudo após o fracasso da segunda reunião, em Hanói em fevereiro.
O tema da desnuclearização da Coreia do Norte permanece como um obstáculo para a aproximação. Washington exige que Pyongyang renuncie definitivamente a seu programa nuclear para a retirada das sanções internacionais, ideia que a Coreia do Norte não aceita.
Embora o encontro deste domingo dificilmente solucione as divergências entre Washington e Pyongyang, o ato possui uma carga simbólica inevitável para duas nações que há apenas dois anos falavam de aniquilação e destruição.
A reunião "tem o potencial de reativar as negociações",afirmou David Kim, analista do Stimson Centre, um centro de pesquisas de Washington, antes de destacar, no entanto, que os encontros de preparação serão "cruciais".
"O que é necessário é conteúdo, não teatro", disse.
Com exceção de George Bush pai, todos os presidentes americanos desde Ronald Reagan visitaram a simbólica DMZ.
A visita de Trump à Coreia do Sul e à DMZ estava prevista para após a reunião do G20 no Japão, mas o presidente americano surpreendeu ao perguntar ao líder norte-coreano, pelo Twitter, se ele aceitaria um encontro na fronteira.
"Quando estiver lá, se o presidente Kim da Coreia do Norte observar isto, gostaria de me reunir com ele na fronteira para apertar a mão e dizer olá (?)!", escreveu Trump no Twitter, para surpresa geral.