Mundo

Trump prepara advogados para batalha judicial após a eleição

A Suprema Corte pode revisitar a questão do voto por correio e as cédulas recebidas depois desta terça-feira serão guardadas separadamente

Donald Trump: um Trump derrotado ainda seria presidente durante dois meses e meio.  (Win McNamee/Getty Images)

Donald Trump: um Trump derrotado ainda seria presidente durante dois meses e meio. (Win McNamee/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 14h30.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 14h32.

O presidente Donald Trump promete uma luta judicial em torno da contagem de votos, que se arrastaria após o fechamento das urnas. Isso praticamente garante uma disputa em torno das regras de votação na pandemia caso o resultado da eleição seja apertado.

Matthew Morgan, um conselheiro de longa data do vice-presidente Mike Pence que hoje atua como conselheiro geral da campanha de Trump, lidera a estratégia de contencioso, que até agora tem se concentrado em restringir os esforços dos democratas para flexibilizar as regras de votação pelo correio.

O centro da batalha jurídica pode ser a Pensilvânia, estado decisivo onde Trump prometeu reagir após a Suprema Corte manter uma extensão que permite ao estado contar as cédulas recebidas até três dias após a eleição de 3 de novembro.

Os juízes podem revisitar a questão e as cédulas recebidas depois desta terça-feira serão guardadas separadamente, aguardando litígio.

Em um comício realizado na noite de segunda-feira em Wisconsin — outro estado decisivo em que ocorrem lutas judiciais em torno das regras de votação —, Trump reclamou das regras da Pensilvânia e da decisão da Suprema Corte de não intervir.

“Você vai ter uma população que vai ficar muito, muito zangada e você simplesmente não pode fazer isso. Isso é uma decisão tão perigosa”, disse Trump. Ele acrescentou que espera que o tribunal mude de ideia e avisou que “os advogados vão entrar e vão brigar”.

Autoridades na Pensilvânia informaram que levará vários dias para contar as cédulas enviadas pelo correio.

Mesmo sem evidências, Trump vem repetindo que cédulas postadas até o dia da eleição, mas recebidas posteriormente, seriam fraudulentas. Ele lançou dúvidas sobre o sistema e disse que só perde se a eleição for fraudada, apesar das pesquisas de intenção de voto indicarem que ele será derrotado pelo candidato democrata Joe Biden.

“Assim que a eleição terminar, entraremos com nossos advogados”, disse ele no domingo.

Segundo especialistas, é normal que os resultados não estejam completos na noite da eleição e a contagem posterior de votos não é sinal de problema. Muitas dessas cédulas são enviadas por membros das forças armadas e por americanos que vivem no exterior e são contadas se chegam após o dia da eleição em muitos estados.

Em comunicados divulgados em seu nome ao longo da campanha, Morgan também tomou medidas para afastar “observadores de campanha” e moveu processos em estados como Pensilvânia, Carolina do Norte e Nevada contra uma série de medidas. “O presidente Trump há muito luta por uma eleição livre, justa e transparente”, declarou Morgan em 23 de outubro em comunicado que anunciava um dos processos.]

Morgan já foi consultor jurídico da campanha de Pence para governador de Indiana. Após a eleição de 2016, ele se juntou ao governo Trump, primeiramente como conselheiro-chefe de Pence e depois como vice-chefe de gabinete do vice-presidente e assistente adjunto do presidente. O gabinete de Pence não respondeu a um pedido de comentário da reportagem e Morgan recusou pedidos de entrevista.

Seus esforços até agora têm se concentrado em restringir as regras de votação por correspondência (que foram alteradas por causa da pandemia de coronavírus) ou em revidar os esforços dos democratas para expandir a votação nessa modalidade.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEleições americanasJoe Biden

Mais de Mundo

Plano de Trump para suspender teto da dívida fracassa na Câmara

Procuradora da Geórgia é afastada de caso de interferência eleitoral contra Trump

Argentina toma medidas para acelerar dolarização da economia

Luigi Mangione aceita ser transferido a Nova York para enfrentar acusações de homicídio