O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante um comício da campanha eleitoral de 2024 em Waco, Texas, em 25 de março de 2023 (Moisés ÁVILA/AFP)
Redação Exame
Publicado em 26 de março de 2023 às 09h50.
Donald Trump minimizou neste sábado, 25, as investigações contra ele por supostos pagamentos indevidos, no início de sua nova campanha presidencial em Waco, Texas, cidade onde uma seita armada confrontou autoridades federais há 30 anos.
"O promotor distrital de Nova York, sob os auspícios e direção do 'departamento de injustiça' em Washington DC, estava me investigando por algo que não é crime, não é contravenção", disse o ex-presidente dos EUA a seus apoiadores, no Aeroporto Regional de Waco.
O ex-presidente garantiu recentemente que seria "preso" - fato que não aconteceu - no dia 21 de março em Nova York em um caso envolvendo o pagamento de US$ 130 mil (cerca de R$ 687 mil) à atriz pornô Stormy Daniels, pouco antes das eleições presidenciais de 2016, supostamente para evite falar sobre uma suposta relação amorosa entre os dois.
Trump, que no sábado reiterou que concorrerá às eleições de 2024, nega as acusações.
O caso, nas mãos do Ministério Público, poderia ter violado as regras que regem o financiamento de campanhas eleitorais e levar a um processo criminal contra o ex-presidente de 76 anos, casado com Melania Trump.
Para o ex-presidente, é “uma caça às bruxas e uma falsa investigação atrás da outra”. Milhares vieram para vê-lo, mas não alcançou os 15.000 participantes que as autoridades locais haviam previsto.
Trump atacou os promotores que investigam casos contra ele, chamando-os de "escória humana" e "maníacos da esquerda radical".
Seus partidários chegaram a Waco pelo menos um dia antes em trailers, caminhonetes e carregando faixas com os dizeres "Trump 2024" e seu agora famoso slogan "Make America Great Again" nesta cidade de 130.000 habitantes ao sul de Dallas.
Outro outdoor diz que os democratas, seus rivais políticos, "são comunistas". Camisetas com os dizeres "Deus, armas, Trump em Waco, Texas" também foram vendidas fora do aeroporto.
Waco é o "epicentro do movimento patriota", disse Peter Christian, 55, membro do grupo religioso Ramo Davidiano, agora chamado de "The Lord Our Righteousness".
Este encontro dá ao republicano a chance de impulsionar sua campanha, enquanto nem todo o partido o apoia, embora várias pesquisas de opinião o apontem como o ganhador das primárias.
O bilionário insiste em falar de uma "fraude" nunca provada nas eleições presidenciais de 2020, quando foi derrotado pelo democrata Joe Biden.
Trump também viu parte da direita - particularmente seus doadores ricos - voltarem os olhares para um novo personagem, o governador da Flórida, Ron DeSantis, de 44 anos, que ainda não lançou sua candidatura, mas se alinha como um de seus maiores adversários na disputa pela indicação republicana em 2024.
Trump alertou no ano passado que DeSantis não se candidate, pois se o fizer, ameaçou revelar coisas sobre ele "pouco lisonjeiras".
A semana foi cercada de suspense em torno de um possível indiciamento criminal contra Donald Trump. Na terça-feira, 21, era esperada uma acusação da promotoria de Nova York, após o próprio ex-presidente republicano postar em uma rede social que seria preso nessa data.
Todo o noticiário do país e internacional focou no caso, no qual Trump acusado de ter comprado o silêncio, em 2016, de uma atriz pornô com quem teria tido uma relação. Trump, que nega a acusação, diz se tratar de uma “caça às bruxas”, e convocou seus apoiadores a apoiá-lo. Se ele for indiciado, será a primeira vez que um presidente ou ex-presidente dos EUA enfrentará acusações criminais.
Segundo o Wall Street Journal, o grande júri tinha uma reunião marcada para a última quinta-feira, 23, mas discutiriam outro assunto, sem relação com o ex-presidente. É comum que os grandes júris de Nova York trabalhem em diversos casos ao mesmo tempo, diz o jornal.
Assim, como os jurados não se encontram normalmente às sextas-feiras, qualquer ação no caso de Trump só deve ocorrer a partir da próxima semana. Um indiciamento do grande júri iniciaria o processo contra Trump, que provavelmente iria a Nova York para se defender das acusações.
O caso investiga um pagamento de 130 mil dólares feito em 2016 à atriz pornô Stormy Daniels - cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford - para que ela guardasse silêncio sobre a suposta relação que teve com Trump. O pagamento foi feito duas semanas antes da eleição em que o republicano derrotou a democrata Hillary Clinton.
Cohen foi condenado a três anos de prisão depois de se declarar culpado, em particular por ter orquestrado esse pagamento em violação das leis sobre o financiamento de campanhas eleitorais. Ele, no entanto, garantiu ter agido a pedido de Trump, que o reembolsaria assim que fosse eleito presidente.
Segundo o New York Times, o ex-presidente poderia ser acusado de tentar maquiar relatórios contábeis para dissimular o pagamento a Stormy Daniels. Um crime que poderia ser mais grave se os promotores considerarem que Trump buscava contornar os regulamentos sobre financiamento de campanhas eleitorais, segundo a publicação.