Mundo

Trump ignora tentativa de diálogo de López Obrador e critica México

Trump anunciou nesta quinta que aplicará novas tarifas ao México por conta do grande fluxo de imigrantes ilegais na fronteira entre os dois países

Trump: as novas tarifas vão ser aplicadas a partir do dia 10 de junho (Kevin Lamarque/Reuters)

Trump: as novas tarifas vão ser aplicadas a partir do dia 10 de junho (Kevin Lamarque/Reuters)

E

EFE

Publicado em 31 de maio de 2019 às 16h39.

Última atualização em 31 de maio de 2019 às 16h41.

Washington — Um dia depois de anunciar que aplicará tarifas sobre a importação de produtos mexicanos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a fazer várias críticas ao país vizinho e ignorou as tentativas de diálogo de Andrés Manuel López Obrador ao afirmar que o México é dominado por narcotraficantes.

"O México tem se aproveitado dos EUA. Por culpa dos democratas, nossas leis migratórias são ruins. O México faz uma fortuna à custa dos EUA e esse problema pode ser facilmente solucionado. Está na hora de fazer o que é necessário", escreveu Trump no Twitter.

Ontem, Trump deu início a um novo capítulo em sua cruzada protecionista ao anunciar que aplicará a partir do dia 10 de junho novas tarifas ao México sob o pretexto do crescente fluxo de imigrantes ilegais na fronteira entre ambos os países.

"Para não pagarem tarifas, se elas começarem a subir, as empresas deixarão o México, que levou 30% da nossa indústria automotiva, e voltarão aos EUA. O México deve resgatar seu país da mão dos barões da droga e dos cartéis de narcotraficantes. As tarifas são sobre deter as drogas e os imigrantes ilegais", completou Trump.

Por sua parte, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, se mostrou confiante que os Estados Unidos mudarão de ideia e desistirão das medidas tarifárias anunciadas por Trump.

De acordo com López Obrador, o México não cairá em nenhuma provocação e não se desesperará diante de uma decisão que pode ter consequências sobre a economia mexicana.

As tarifas anunciadas por Trump serão de 5% sobre todos os produtos importados do México até que o país vizinho controle o fluxo de imigrantes ilegais rumo aos EUA. Em comunicado divulgado posteriormente, a Casa Branca estabeleceu um calendário para o aumento gradual das taxas, que podem chegar a 25%.

A medida surpreendeu o mercado financeiro, que, assim como o peso mexicano, registrava importantes perdas nas sessões de hoje. Os investidores temem as repercussões negativas que o movimento de Trump pode provocar sobre a economia americana.

Economistas ouvidos pela Agência Efe avaliam que as tarifas sobre os produtos importados do México terão um impacto maior do que as aplicadas sobre a China devido à ligação quase umbilical das economias dos dois países vizinhos.

"(A medida) é muito mais importante que a da China porque toda a economia da região é como uma grande fábrica, com as partes que vão e vêm através das fronteiras, sendo encaixadas em vários lugares. Portanto, se você impõe uma tarifa, você acaba gerando impacto no México, no Canadá e nos EUA ao mesmo tempo", explicou a economista brasileira Monica de Bolle, do Peterson Institute de Washington.

No entanto, De Bolle acredita que não há outra opção para o México do que reagir com medidas similares sobre alguns produtos americanos, o que também prejudicará os consumidores mexicanos.

"Eles têm a capacidade de pressionar alguns produtos americanos. O milho dos EUA é exportado quase exclusivamente para o México, que pode passar a comprá-lo da Argentina e do Brasil", disse De Bolle.

Trump não foi poupado nem por correligionários do Partido Republicano, que criticaram fortemente as tarifas anunciadas ontem.

"A política comercial e a segurança da fronteira são temas diferentes. Isso é um abuso de autoridade tarifária e contra os propósitos do Congresso", afirmou o senador republicano Chuck Grassley, presidente do Comitê Financeiro do Senado.

"Apoio quase todas as políticas de imigração do presidente Trump, mas essa não é uma delas", completou Grassley.

Na manhã desta sexta-feira, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, foi para Washington, onde tentará buscar solução para o conflito.

"Que permaneça na embaixada do México nos Estados Unidos e busque com funcionários do governo dos EUA comunicação e trocas de pontos de vista, de modo a chegar a um acordo", explicou López Obrador.

Por enquanto, não há confirmação sobre quais representantes do governo americano se reunirão com o chanceler do México.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)ImigraçãoMéxicoTarifas

Mais de Mundo

Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD

Câmara dos EUA evita paralisação do governo com aprovação de pacote emergencial de financiamento

Maduro propõe reforma constitucional para reforçar controle político na Venezuela