Donald Trump: presidente é dono de um clube de golfe em Nova Jersey (David Moir/Reuters)
EFE
Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 19h20.
Nova York - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emprega duas imigrantes ilegais como domésticas em um clube de golfe de sua propriedade no estado de Nova Jersey.
As revelações foram feitas por uma extensa matéria publicada nesta quinta-feira, 6, pelo jornal "The New York Times". A reportagem ouviu duas mulheres que foram funcionárias de Trump no exclusivo clube de golfe em Bedminster, onde o presidente americano passa vários dias do ano. Ivanka, filha de Trump, se casou no local com Jared Kushner, um dos principais assessores do governo.
Victorina Morales, uma das entrevistadas, veio da Guatemala para os Estados Unidos em 1999 e conseguiu permanecer no país de forma ilegal para seguir trabalhando, segundo o "Times".
Após passar um período na Califórnia, ela se mudou para New Jersey e, em 2013, conseguiu um emprego como doméstica no clube de golfe de Trump, uma função que ela segue desempenhando até hoje.
Entre outras tarefas, Morales limpa a casa do presidente no clube, passa roupas e troca lençóis e toalhas utilizados pela família Trump durante as visitas ao local.
As roupas do presidente são lavadas com um sabão especial e em uma lavadora separada, segundo a imigrante guatemalteca, que sabe que as declarações ao "Times" podem custar seu emprego.
Outra entrevista foi Sandra Díaz, que já não trabalha mais no local. No entanto, ela lembra que recebeu uma nota de US$ 100 de Trump certa vez, como uma gorjeta pelo bom trabalho desempenhado.
No mesmo ano, porém, Trump ficou furioso em encontrar manchas alaranjadas no colarinho de uma de suas camisetas brancas, causadas pela maquiagem que normalmente usa, disse Díaz.
Morales também recebeu uma gorjeta do presidente. Certa vez, quando ela tentava limpar alguns vidros e não conseguia, Trump desceu do carro em que estava, pegou o pano que estava na mão da funcionária e passou no local que ela não alcançava.
Depois, o agora presidente americano perguntou de onde ela era. Ao ouvir a resposta, Trump afirmou que os "guatemaltecos são pessoas muito trabalhadoras" e deu uma nota de 50 dólares como gorjeta.
O "Times" verificou os documentos ilegais entregues por ambas as domésticas e constatou algumas irregularidades. No entanto, eles serviram para conseguir os postos de trabalho, possivelmente porque o clube de golfe de Trump não utilizou um sistema para verificar a autenticidade dos papéis.
A Casa Branca não quis se pronunciar sobre o caso. O grupo empresarial de Trump disse ao "Times" que funcionários que utilizaram documentação falsa serão demitidos imediatamente.
Durante a campanha presidencial de 2016, Trump se vangloriou de não ter nenhum imigrante ilegal como funcionário. No ano seguinte, já na presidência, dificultou a emissão de vistos para trabalhadores estrangeiros, com o objetivo de forçar a contratação de americanos.
No entanto, as domésticas questionam o fato de o presidente não saber que elas estavam em situação irregular no país.
"Me pergunto se é possível que este senhor pense que temos visto. Sabe que não falamos inglês. Como isso não poderia passar pela cabeça dele?", questionou Morales.