Trump e o Rei: mais incertezas
Depois de um final de semana bastante controverso por ter banido a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos e suspender o programa de reassentamento de refugiados, Donald Trump deve se debruçar sobre o Oriente Médio nesta segunda-feira. Hoje ele se reúne com o rei Abdullah II da Jordânia, com quem deve discutir, entre outras […]
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 05h33.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h03.
Depois de um final de semana bastante controverso por ter banido a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos e suspender o programa de reassentamento de refugiados, Donald Trump deve se debruçar sobre o Oriente Médio nesta segunda-feira. Hoje ele se reúne com o rei Abdullah II da Jordânia, com quem deve discutir, entre outras questões, a situação na região — a Jordânia fez parte da coalizão americana para combater o Estado Islâmico na Síria.
No atual momento da política norte-americana, a reunião é aguardada com preocupação. A monarquia da Jordânia recebeu palestinos refugiados do conflito israelense e também da guerra civil na Síria. O país é considerado pacífico e um aliado dos Estados Unidos, que doaram mais de 2,5 bilhões de dólares aos jordanianos nos últimos dois anos, como garantia para empréstimos internacionais.
Embora Trump tenha tocado pouco no assunto do Oriente Médio durante a primeira semana à frente da Casa Branca, ele manifestou durante o ano passado o desejo de mudar a embaixada americana em Israel para Jerusalém e cancelar o acordo nuclear fechado por Barack Obama com o Irã. A mudança da embaixada sinalizaria uma mudança de paradigma no Oriente Médio, porque reconheceria Jerusalém como uma cidade israelense (ela é considerada pela ONU um enclave internacional). Tal mudança ocasionaria um revés nas disputas territoriais, na medida que a cidade é considerada sagrada por três das maiores religiões do planeta.
Trump ainda acenou que não condenaria a construção de assentamentos judaicos em território palestino e que iria cortar o financiamento para grupos condenados como terroristas. Segundo Leonel Caraciki, pesquisador do Departamento de Estudos de Israel e Sionismo da Universidade Ben Gurion do Negev, ao apoiar incondicionalmente os interesses israelenses, Trump poderia colocar em xeque a diplomacia do atual governo israelense. “O que mais pesa agora é saber qual será a postura americana sobre cooperação militar com o Egito e a Jordânia, a Guerra na Síria e o acordo nuclear iraniano”. Sobram dúvidas e faltam certezas na política internacional de Trump. A ver se a reunião de hoje elimina um pouco da poeira no caminho.