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Tripulante do Costa Concordia diz que foi obrigada a mentir

A peruana Jacqueline Elisabeth Abad Quine, contou que recebeu as ordens de comunicar aos passageiros que tudo estava sob controle


	Costa Concordia: a tripulante peruana explicou: "os passageiros estavam assustados e queriam subir nos botes salva-vidas, mas nós não podíamos ajudá-los"
 (Filippo Monteforte/AFP)

Costa Concordia: a tripulante peruana explicou: "os passageiros estavam assustados e queriam subir nos botes salva-vidas, mas nós não podíamos ajudá-los" (Filippo Monteforte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2013 às 11h16.

Roma - Uma das assistentes do diretor do acidentado cruzeiro Costa Concordia, a peruana Jacqueline Elisabeth Abad Quine, contou nesta segunda-feira entre lágrimas que recebeu as ordens de comunicar aos passageiros que tudo estava sob controle, ao testemunhar no processo contra o capitão Francesco Schettino.

A peruana fez as declarações durante uma nova audiência em Grossetto (centro da Itália) do julgamento de Schettino, no qual é acusado do naufrágio do Concordia em 13 de janeiro de 2012 frente à costa da ilha italiana de Il Giglio e no qual perderam a vida 32 pessoas, entre elas dois peruanos e um espanhol.

"Me ordenaram que dissesse aos passageiros que tinha havido um blecaute elétrico e que deveriam voltar às cabines", testemunhou Jacqueline reconstituindo os momentos anteriores ao naufrágio.

A peruana explicou: "os passageiros estavam assustados e queriam subir nos botes salva-vidas, mas nós não podíamos ajudá-los porque haviam nos ordenado o contrário".

O promotor mostrou hoje um vídeo gravado por um dos passageiros no qual se pode ver a integrante da tripulação comunicando em italiano: "tudo está sob controle, voltaremos em breve à normalidade" e dizendo aos passageiros para que voltassem a seus camarotes ou ao interior do navio.

Além disso, a testemunha, que chorou durante o depoimento, disse que a ordem do abandono da embarcação foi dada pela segunda comandante de bordo, Francesca Bosio, e que ela mesma deu aos passageiros a possibilidade de embarcar em um bote salva-vidas, embora o resto da tripulação continuasse sem receber essa ordem.

Finalmente, Abad disse que contribuiu para formar uma "rede humana" com mais de 150 pessoas para embarcar nas lanchas, que acrescentou que "estavam lotadas".

O julgamento de Schettino começou em 17 julho e o capitão enfrenta uma possível condenação de 20 anos por ser acusado de homicídio culposo múltiplo, abandono da nave, naufrágio e de não ter informado às autoridades portuárias imediatamente sobre a colisão contra um obstáculo frente à ilha. 

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