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Três filhos de Muammar Kadafi estão presos

Depois das detenções, especula-se que Kadafi, que não aparece em público desde junho, não esteja em Trípoli

O líder líbio foi visto em público pela última vez em 12 de junho, com o presidente da Federação Internacional de Xadrez, o russo Kirsan Ilyumzhinov (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2011 às 13h59.

Londres - Muammar Kadafi, que por décadas desfrutou de apoio do público, desapareceu de cena enquanto os rebeldes assumem seu antigo bastião em Trípoli. Três de seus filhos foram presos.

Os rebeldes querem botar as mãos nele, assim como o Tribunal Penal Internacional. Mas precisam achá-lo antes.

Kadafi não é visto em público desde meados de junho. Seus inimigos especulam que ele pode não estar mais na capital líbia, e nem mesmo no país. À medida que a sorte dos rebeldes melhorava, seus longos discursos televisionados em encontros públicos barulhentos cederam lugar a telefonemas dados de esconderijos.

Durante seus 41 anos de governo, Kadafi criou um culto à personalidade, com sua imagem estampada em faixas e cartazes por toda a Líbia e sua filosofia destilada em um "Livro Verde". Ele se apresentava como o pai da nação e, no cenário internacional, como um guerreiro contra o colonialismo e um ativista de interesses pan-árabes, primeiro, e depois pan-africanos.

Sem dúvida ele desfrutou de apoio popular, então pegá-lo e mostrar ao povo que seu reinado acabou será vital para o próximo governo.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, cujo governo está na dianteira dos esforços internacionais para derrubar Kadafi, disse nesta segunda-feira que a França não sabia onde ele estava. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que a Grã-Bretanha também não tinha confirmações sobre o seu paradeiro.

Se Kadafi fugiu de Trípoli, um possível esconderijo pode ser Sirte, sua região natal, onde ainda poderia encontrar apoio e solidariedade.

A certa altura do levante, a Grã-Bretanha disse que Kadafi poderia estar a caminho da Venezuela, onde seria recebido de braços abertos pelo amigo Hugo Chávez. Isso se mostrou falso, mas na semana passada rumores de que um avião venezuelano estava em um aeroporto líbio renovaram as especulações de que ele poderia tentar essa saída.


Se ele ainda estiver em Trípoli, deve estar em um bunker de um complexo militar. Três de seus filhos, Saif Al-Islam, Mohammed e Saadi, foram capturados, mas tropas leais ainda resistiam em várias partes da cidade nesta segunda-feira.

Outro filho de Kadafi, Al-Mutassim, estava no complexo de Bab al-Azizya, em Trípoli, segundo divulgou a TV al-Arabiya.

Kadafi foi visto em público pela última vez em 12 de junho, reunindo-se com o presidente da Federação Internacional de Xadrez, o russo Kirsan Ilyumzhinov, que disse então que o líder líbio lhe havia dito que não tinha intenção de deixar o país.

Nos primeiros meses do levante, o exagerado líder de 69 anos fez várias aparições espontâneas e bizarras em Trípoli para arregimentar apoio e desafiar seus inimigos. Em uma delas ele apareceu em um carrinho de golfe, usando trajes beduínos e segurando um guarda-chuva. Outras vezes ele discursou em meio a ruínas de um palácio bombardeado pelos norte-americanos em 1986, ameaçando caçar seus oponentes "beco a beco". Invariavelmente ele prometia lutar até a morte.

Nos últimos tempos, porém, sua bazófia limitava-se a gravações de rádio, frequentemente cheias de ruídos e difíceis de decifrar. Não estava claro onde as gravações tinham sido feitas, mas em uma transmissão no domingo de noite Kadafi disse que ainda estava em Trípoli. "Estarei com vocês até o fim", afirmou.

Seja onde for que esteja escondido, Kadafi deve contemplar seu destino. Um julgamento supervisionado internacionalmente pode ser a melhor opção para ele. Nos últimos anos ditadores encontraram refúgios no Panamá (o xá do Irã), Havaí (Ferdinando Marcos, das Filipinas), Arábia Saudita (Idi Amin, de Uganda) e França (vários). Mas aparentemente há poucos voluntários para receber Kadafi.

A África do Sul, que liderou um esforço frustrado de mediação africano, disse nesta segunda-feira que não estava ajudando na saída de Kadafi da Líbia e sabia que ele não irá buscar asilo no país.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que o tempo havia acabado para negociações sobre uma possível saída para Kadafi e que ele deveria enfrentar um julgamento no Tribunal Penal Internacional em Haia.

"Ainda é importante encontrar Kadafi, levá-lo a julgamento, que foi o que vocês viram com Saddam Hussein no Iraque e, desse modo, essa é uma situação potencialmente muito perigosa", disse o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt.

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Londres - Muammar Kadafi, que por décadas desfrutou de apoio do público, desapareceu de cena enquanto os rebeldes assumem seu antigo bastião em Trípoli. Três de seus filhos foram presos.

Os rebeldes querem botar as mãos nele, assim como o Tribunal Penal Internacional. Mas precisam achá-lo antes.

Kadafi não é visto em público desde meados de junho. Seus inimigos especulam que ele pode não estar mais na capital líbia, e nem mesmo no país. À medida que a sorte dos rebeldes melhorava, seus longos discursos televisionados em encontros públicos barulhentos cederam lugar a telefonemas dados de esconderijos.

Durante seus 41 anos de governo, Kadafi criou um culto à personalidade, com sua imagem estampada em faixas e cartazes por toda a Líbia e sua filosofia destilada em um "Livro Verde". Ele se apresentava como o pai da nação e, no cenário internacional, como um guerreiro contra o colonialismo e um ativista de interesses pan-árabes, primeiro, e depois pan-africanos.

Sem dúvida ele desfrutou de apoio popular, então pegá-lo e mostrar ao povo que seu reinado acabou será vital para o próximo governo.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, cujo governo está na dianteira dos esforços internacionais para derrubar Kadafi, disse nesta segunda-feira que a França não sabia onde ele estava. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que a Grã-Bretanha também não tinha confirmações sobre o seu paradeiro.

Se Kadafi fugiu de Trípoli, um possível esconderijo pode ser Sirte, sua região natal, onde ainda poderia encontrar apoio e solidariedade.

A certa altura do levante, a Grã-Bretanha disse que Kadafi poderia estar a caminho da Venezuela, onde seria recebido de braços abertos pelo amigo Hugo Chávez. Isso se mostrou falso, mas na semana passada rumores de que um avião venezuelano estava em um aeroporto líbio renovaram as especulações de que ele poderia tentar essa saída.


Se ele ainda estiver em Trípoli, deve estar em um bunker de um complexo militar. Três de seus filhos, Saif Al-Islam, Mohammed e Saadi, foram capturados, mas tropas leais ainda resistiam em várias partes da cidade nesta segunda-feira.

Outro filho de Kadafi, Al-Mutassim, estava no complexo de Bab al-Azizya, em Trípoli, segundo divulgou a TV al-Arabiya.

Kadafi foi visto em público pela última vez em 12 de junho, reunindo-se com o presidente da Federação Internacional de Xadrez, o russo Kirsan Ilyumzhinov, que disse então que o líder líbio lhe havia dito que não tinha intenção de deixar o país.

Nos primeiros meses do levante, o exagerado líder de 69 anos fez várias aparições espontâneas e bizarras em Trípoli para arregimentar apoio e desafiar seus inimigos. Em uma delas ele apareceu em um carrinho de golfe, usando trajes beduínos e segurando um guarda-chuva. Outras vezes ele discursou em meio a ruínas de um palácio bombardeado pelos norte-americanos em 1986, ameaçando caçar seus oponentes "beco a beco". Invariavelmente ele prometia lutar até a morte.

Nos últimos tempos, porém, sua bazófia limitava-se a gravações de rádio, frequentemente cheias de ruídos e difíceis de decifrar. Não estava claro onde as gravações tinham sido feitas, mas em uma transmissão no domingo de noite Kadafi disse que ainda estava em Trípoli. "Estarei com vocês até o fim", afirmou.

Seja onde for que esteja escondido, Kadafi deve contemplar seu destino. Um julgamento supervisionado internacionalmente pode ser a melhor opção para ele. Nos últimos anos ditadores encontraram refúgios no Panamá (o xá do Irã), Havaí (Ferdinando Marcos, das Filipinas), Arábia Saudita (Idi Amin, de Uganda) e França (vários). Mas aparentemente há poucos voluntários para receber Kadafi.

A África do Sul, que liderou um esforço frustrado de mediação africano, disse nesta segunda-feira que não estava ajudando na saída de Kadafi da Líbia e sabia que ele não irá buscar asilo no país.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que o tempo havia acabado para negociações sobre uma possível saída para Kadafi e que ele deveria enfrentar um julgamento no Tribunal Penal Internacional em Haia.

"Ainda é importante encontrar Kadafi, levá-lo a julgamento, que foi o que vocês viram com Saddam Hussein no Iraque e, desse modo, essa é uma situação potencialmente muito perigosa", disse o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt.

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