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Três cenários para as eleições de governadores na Venezuela

Os venezuelanos comparecerão às urnas no próximo domingo (15) para escolher seus governadores, mas a crise política pode influenciar a decisão

Protesto na Venezuela contra o presidente Nicolás Maduro (Sergio Perez/Reuters)

Protesto na Venezuela contra o presidente Nicolás Maduro (Sergio Perez/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de outubro de 2017 às 11h34.

Os venezuelanos comparecerão às urnas no próximo domingo (15) para escolher seus governadores. O chavismo detém atualmente 20 dos 23 governos estaduais. Que impacto terá na crise política se a situação mantiver sua hegemonia ou se a oposição vencer? Seguem abaixo três possíveis cenários:

Cenário 1: a oposição vence

Analistas coincidem em que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) tem altas chances de vencer as eleições em votos e governadores.

"O país está desfeito com penúrias e fome. Não há probabilidade de que o governo vença", afirmou à AFP o cientista político Luis Salamanca.

Se isto ocorrer, a oposição poderá pressionar o governo "em um processo de negociação sério para fixar as condições das eleições presidenciais de 2018", afirmou a Colette Capriles.

Conversas para estabelecer as bases de um eventual diálogo que ajude a superar a crise, auspiciadas pelas Nações Unidas e pelo presidente da República Dominicana, Danilo Medina, estão congeladas após denúncias da oposição de que "não há condições".

O cientista político Edgard Gutiérrez concorda que a principal preocupação de Maduro se seus candidatos forem derrotados serão as presidenciais.

"Maduro deverá pensar bem o que fará com as presidenciais porque seu destino vai parecer inexorável: perdê-las sem importar muito o que faça. Talvez o único recurso que lhe reste seja o de continuar inabilitando futuros concorrentes", disse à AFP.

Os dois principais líderes opositores, Henrique Capriles e Leopoldo López, estão fora da disputa: o primeiro, inabilitado politicamente e o segundo em prisão domiciliar.

Salamanca avaliou que uma vitória da oposição também restauraria o vínculo com seus seguidores, frustrados pelos protestos que entre abril e julho exigiram, sem sucesso, a saída de Maduro - com um balanço de 125 mortos - e pela instalação da toda-poderosa Assembleia Constituinte, integrada exclusivamente por chavistas.

A crítica internacional ao governo de Maduro, acentuada após a instalação da Constituinte, "continuará ou elevará o tom" se o chavismo for derrotado, acrescentou Gutiérrez.

"Estas eleições são a oportunidade para a oposição não continuar na saga de um regime agonizante, mas colocar-se perante o mundo como uma força de mudança. Podem ser o começo do fim", avaliou Capriles.

Cenário 2: o chavismo vence

Os especialistas coincidem em que só uma elevada abstenção permitiria que a situação elegesse mais governadores, embora descartem que possa obter mais votos, pois sua rejeição é muito elevada (oito em cada dez venezuelanos, segundo o instituto Datanálisis).

Gutiérrez explicou que se isto ocorrer se imporá a "desmoralização e desmobilização" dos opositores.

"O modelo de controle absoluto do governo chavista avançará em um ritmo maior", indicou.

O diretor da firma Venebarómetro considerou que uma derrota da oposição também reduziria a pressão internacional sobre Maduro.

"Ficará sobre os ombros dos atores mais antagônicos à Venezuela: Estados Unidos, Argentina, Espanha. Maduro ganhará novo fôlego", destacou.

Neste momento, uma dúzia de países da região, entre eles os Estados Unidos, e nações europeias como França, Espanha, Reino Unido e Alemanha, expressaram duras críticas contra o governo de Maduro e a Constituinte.

Também o fizeram organizações como OEA, Mercosul e União Europeia.

"Se o governo conquistar uma vitória, ganharia legitimidade internacional para que não continuem chamando Maduro de ditador", acrescentou Salamanca.

Cenário 3: empate

A Constituinte, apesar da rejeição popular ao governo, antecipou as eleições regionais de dezembro para outubro - segundo Capriles -, aproveitando "o clima de melancolia" e a desmotivação opositora.

O analista Luis Vicente León disse à AFP que o governo busca "reduzir o esplendor da vitória opositora", apostando em uma abstenção elevada que iguale o número de governadores.

"Se a eleição ficar dividida, o chavismo aproveitará e usará os resultados para legitimar seu relato. Dirá que a situação não é tão desvantajosa para eles como o mundo supõe", indicou Gutiérrez.

Embora a oposição vá avançar, caso iguale os governadores, adverte Salamanca, a sensação poderia ser de derrota porque as pesquisas de opinião mostram que deveria obter uma vitória esmagadora, devido à impopularidade de Maduro.

"Não o vejo como algo bom para a oposição, mas muito bom para o governo. A oposição baixaria a bola, enquanto o governo, ao qual todo mundo vê como uma minoria, sairia garboso", afirmou.

Capriles, por sua vez, considera que "se a oposição levar 13 governadores, a eleição está ganha".

"Deve se antecipar e construir um discurso de vitória. A narrativa será essencial. O governo tem uma grande capacidade de construir vitórias do nada, demonstrou-o com a Constituinte", acrescentou.

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