Toneladas de plástico sufocam oceanos, dizem pesquisadores
Pesquisadores revelaram que 269 mil toneladas de sacolas, garrafas, brinquedos, bonecos e outros produtos plásticos estão circulando pelos oceanos
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 20h02.
Washington - Existem sacolas, garrafas, brinquedos, bonecos, tampas de garrafas, chupetas, escovas de dente, botas, baldes, desodorantes roll-on, cabos de guarda-chuva, equipamentos de pesca, assentos de privada e mais coisas feitas de plástico que se espalham por todos os oceanos da Terra.
Pesquisadores revelaram nesta quarta-feira o que classificaram como a estimativa mais cientificamente rigorosa até hoje da quantidade de lixo plástico nos oceanos: cerca de 269 mil toneladas, com base em dados de 24 expedições ao redor do mundo durante seis anos.
“Há muito mais poluição plástica do que estimativas recentes indicam”, disse Marcus Eriksen, diretor de pesquisa do Instituto 5 Gyres, sediado em Los Angeles, que estuda este tipo de poluição.
Noventa e dois por cento do plástico vêm na forma de "microplástico", que são partículas de itens maiores enfraquecidas pela luz do sol e reduzidas a pedaços pelas ondas, mordidas por tubarões e outros peixes ou desfeitas de alguma forma, afirmou Eriksen.
Nos últimos anos, especialistas vêm alertando para a maneira como a poluição plástica está matando uma enorme quantidade de pássaros e mamíferos marinhos e outras criaturas, e ao mesmo tempo maculando os ecossistemas oceânicos.
Alguns objetos de plástico, como redes de pesca descartadas, matam ao prender golfinhos, tartarugas marinhas e outros animais.
Fragmentos plásticos também se alojam na garganta e no trato digestivo de animais marinhos.
Os pesquisadores disseram que o lixo plástico chega aos oceanos pelos rios e pelas regiões costeiras densamente povoadas, assim como pelas embarcações que navegam em rotas comerciais.
Objetos de plástico maiores, abundantes perto das costas, muitas vezes flutuam nos cinco giros oceânicos subtropicais do mundo --grandes regiões de correntes no Pacífico Norte e Sul, no Atlântico Norte e Sul e no oceano Índico.
O estudo, baseado em dados de expedições nos cinco giros subtropicais, na costa da Austrália, na Baía de Bengala e no Mar Mediterrâneo, estimou que há 5,25 trilhões de partículas de lixo plástico. Partículas de plástico minúsculas, do tamanho de um grão de areia, se espalharam e atingiram até mesmo regiões polares remotas.
Introduzidos na década de 1970, os sacos plásticos são relativamente novos no universo e por isso, segundo cientistas, ainda não há um micoorganismo capaz de decompor no curto prazo esse material, dono de cadeias moleculares quase inquebráveis. Resumo da ópera: apesar de práticas para o homem, as sacolinhas de polietileno feitas a partir de combustível fóssil são um péssimo negócio para a natureza.
Quando descartados de forma inadequada, eles comprometem a capacidade do aterro, reduzindo sua vida útil e deixando o terreno impermeável e instável para o processo de biodegradação de materiais orgânicos. Pra não falar do tempo quase infinito que levam para desaparecer. Com o excesso de sacolas plásticas, os municípios são obrigados a ampliar seus aterros sanitários.
Claro que elas não são as únicas culpadas pelas enchentes e inundações das cidades, mas contribuem muito para agravar o quadro de impermeabilização urbana. Além disso, bueiros entupidos por plásticos tornam-se o ambiente ideal para a reprodução de insetos transmissores de doenças, como mosquitos da dengue.
Outro exemplo assustador da “plastificação” oceânica pode ser encontrado entre o Rio de Janeiro e a ilha de Ascensão, uma possessão britânica que fica no meio do Oceano Atlântico, no sentido de Angola, no Continente Africano. Uma expedição do projeto 5 Gyres, que avalia a poluição dos oceanos por resíduos plásticos em todo o mundo, encontrou fragmentos plásticos ao longo de todo o percurso de 3,5 mil km entre o Rio e a ilha, como se formassem uma linha fina e ininterrupta de lixo.