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Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 19h39.
Washington - O líder líbio Muammar Gaddafi insistiu na segunda-feira que não deixará o poder, apesar da rebelião popular e da pressão internacional contra seu regime, instaurado em 1969. Ele negou, aliás, que seja alvo de manifestações, embora tenha perdido o controle de grande parte do país.
"Todo o meu povo me ama", disse Gaddafi à jornalista Christiane Amanpour, da rede de televisão ABC. "Ele morreria para me proteger."
Amanpour disse no site da ABC que a entrevista, conduzida em um restaurante na orla da capital, foi concedida porque Gaddafi desejava expressar sua versão dos fatos.
Ele riu quando perguntado se renunciaria, e pareceu alheio à força da rebelião contra o seu regime.
A jornalista disse ter perguntado várias vezes a ele sobre os rumores de bombardeios aéreos contra manifestantes. "Mas Gaddafi disse que eles não aconteceram, e que só haviam bombardeado depósitos militares e de munições", escreveu Amanpour.
Gaddafi, de 68 anos, propôs que a Organização das Nações Unidas (ONU) ou outra organização realize uma "missão de investigação" na Líbia, e questionou o fato de alguns governos imporem sanções ao regime líbio apenas com base em reportagens da mídia.
"Ele pareceu estar em completa negação diante dos protestos contra si, e de que grandes cidades na Líbia, especialmente no leste, foram tomadas por seus oponentes", disse Amanpour em seu relato.
Gaddafi voltou a dizer que a Al Qaeda está estimulando a revolta, ao insuflar jovens a roubarem armas militares. Acusou também os países ocidentais de abandonarem seu governo na luta contra "os terroristas", e disse se sentir traído pelos EUA, que vêm pedindo sua renúncia.
"Estou surpreso porque temos uma aliança com o Ocidente para enfrentar a Al Qaeda, e agora que estamos combatendo os terroristas eles nos abandonaram", disse Gaddafi. "Talvez eles queiram ocupar a Líbia."
Gaddafi se referiu ao presidente dos EUA, Barack Obama, como "um bom homem", mas que estaria desinformado sobre a situação líbia. "As declarações que ouvi dele devem ter vindo de terceiros", afirmou. "A América não é a polícia internacional do mundo."