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Tirar Assad do poder na Síria deixou de ser prioridade, dizem EUA

Embaixadora dos EUA na ONU disse que se concentrará em trabalhar com Turquia e a Rússia para buscar uma solução política para a guerra na Síria

Nikki Haley: "nossa prioridade é realmente ver como fazer bem as coisas [e] com quem temos que trabalhar para realmente ajudar o povo da Síria" (Foto/Getty Images)

Nikki Haley: "nossa prioridade é realmente ver como fazer bem as coisas [e] com quem temos que trabalhar para realmente ajudar o povo da Síria" (Foto/Getty Images)

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AFP

Publicado em 31 de março de 2017 às 09h41.

Última atualização em 31 de março de 2017 às 13h16.

Os Estados Unidos deixaram claro nesta quinta-feira, pela primeira vez, que sua prioridade já não é tirar o presidente Bashar al-Assad do poder para buscar uma solução para a guerra civil na Síria.

"Escolhemos nossas batalhas", afirmou a embaixadora americana para a ONU, Nikki Haley. "E quando vemos isto [a situação na Síria] deve-se mudar as prioridades e nossa prioridade já não é tirar Assad".

Haley disse que Washington se concentrará em trabalhar com potências como a Turquia e a Rússia para buscar uma solução política.

"Nossa prioridade é realmente ver como fazer bem as coisas [e] com quem temos que trabalhar para realmente ajudar o povo da Síria", explicou.

Pouco antes destas declarações de Haley a um pequeno grupo de jornalistas, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, enviou uma mensagem similar de Ancara.

"A longo prazo, o destino do presidente Assad será decidido pelo povo sírio", declarou Tillerson durante coletiva de imprensa conjunta com seu homólogo turco, Mevlüt Cavusoglu.

A oposição síria, necessária para qualquer solução negociada, reagiu de maneira irritada com a mudança de postura dos Estados Unidos.

"A oposição não aceitará nunca que Bashar al-Assad tenha um papel em algum momento [...], nossa posição não vai mudar", declarou à imprensa Monzer Makhos, um dos porta-vozes do Alto Comitê de Negociações (HCN), que reúne grupos-chave da oposição síria.

Até agora, o governo de Donald Trump deu sinais ambíguos sobre seu envolvimento nos esforços diplomáticos para tentar resolver a guerra no país.

A oposição pede a saída de Assad, na mesma linha mantida por Barack Obama durante muito tempo, antes de mudar sua postura e deixar de fazer chamados diretos nesse sentido.

Trump tem priorizado a derrota do grupo Estado Islâmico, e a referência de Tillerson desta quinta-feira ao povo sírio reflete uma linguagem muito usada pela Rússia, aliado de Assad.

Segundo Joseph Bahout, do Carnegie Endowment for International Peace de Washington, as declarações de Tillerson e Haley parecem não descartar a ideia russa de que Assad possa se apresentar para uma reeleição em 2020.

"O que é certo [...] é que os russos devem estar bem felizes", assinalou.

As milícias da discórdia

Tillerson, a principal autoridade americana a viajar para a Turquia desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, se reuniu com o presidente Recep Tayyip Erdogan e seu primeiro-ministro Binali Yildirim em Ancara, em um encontro centrado fundamentalmente na situação da Síria.

Fontes da presidência turca indicaram que Erdogan insistiu na necessidade de "cooperar com atores convenientes e legítimos na luta contra o terrorismo".

A Turquia denuncia com frequência o apoio dos Estados Unidos às milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG), que lutam contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, e que Washington vê como a força mais bem preparada no combate contra os extremistas.

Mas Ancara, que apoia outros grupos armados reunidos no Exército Sírio Livre, as considera como um grupo terrorista relacionado com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Durante a coletiva de imprensa, Tillerson não respondeu várias perguntas sobre o assunto e, chamando a Turquia de "sócio-chave" na batalha contra o Estado Islâmico, afirmou que ambos os países compartilham o mesmo objetivo: "vencer o EI".

Erdogan afirma que quer trabalhar com seus aliados para retomar Raqqa, a capital de fato do EI, mas sem as milícias curdas.

"Não é realista trabalhar com um grupo terrorista lutando ao mesmo tempo contra outro", declarou Cavusoglu. Ancara espera uma "melhor cooperação" com a administração Trump no que se refere às milícias.

"Hoje abordamos as diferentes opiniões apresentadas e, para ser franco, são opiniões difíceis", admitiu Tillerson.

Ancara anunciou na quarta-feira à noite o fim de sua campanha "Escudo do Eufrates", sem especificar se as tropas turcas se retirarão do território sírio.

Nessa operação, os rebeldes sírios apoiados pela Turquia retomaram várias localidades das mãos dos extremistas, incluindo Jarablos, Al-Rai, Dabiq e Al-Bab, onde o Exército turco sofreu muitas baixas.

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