Terremoto se transforma em prova de amor para casais japoneses
Mulheres e homens buscaram agências matrimoniais diante do desastre que assolou o país em março
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 06h31.
Tóquio - O terremoto e o tsunami que devastaram o Japão em 11 de março também abalaram as relações pessoais dos japoneses e fizeram disparar tanto a busca por um relacionamento sério quanto os chamados "divórcios do terremoto".
Nos dias posteriores ao tremor de 9 graus na escala Richter, as emissoras de televisão japonesas transmitiam sem cessar imagens do desastre, enquanto cidades como Tóquio sofriam cortes de luz decorrentes do acidente na usina nuclear de Fukushima.
Os blecautes obrigaram a redução da frenética rotina da região metropolitana de Tóquio e seus 30 milhões de habitantes, o que, inesperadamente, fez com que muitas pessoas começassem a refletir sobre sua vida pessoal.
Enquanto viam as imagens dos refugiados no nordeste, em Tóquio "muitas pessoas que tinham decidido viver sozinhas imaginaram como seria ter que enfrentar uma situação como aquela na solidão, e mudaram de opinião", explicou à Agência Efe Hirobumi Seki, porta-voz da agência matrimonial O-net, que conta com 350 mil clientes.
Em maio, dois meses depois da catástrofe, o número de mulheres que recorreu à agência havia aumentado 52%, enquanto no caso dos homens o aumento foi de 35%.
Antes do terremoto, a maioria das inscritas na O-net tinha entre 20 e 49 anos. Após a tragédia, despontaram também as solicitações de japonesas maiores de 50 anos, segundo Seki.
O porta-voz detalhou que as mulheres agora se mostram mais flexíveis do que antes do desastre: se antes de 11 de março seus requisitos para encontrar um companheiro passavam, por exemplo, pela altura e por um nível de renda determinado, agora elas focam-se mais no caráter da pessoa com a qual buscam compartilhar sua vida.
Mas o terremoto não trouxe apenas uniões: também abriu brechas entre casais até o ponto de ser criado um novo termo na sociedade de Tóquio, os chamados "shinsai rikon", "divórcios do terremoto", aqueles casamentos que, colocados à prova pela catástrofe, fracassaram.
"Decidi terminar meu casamento poucos dias depois do terremoto", explica à Efe Yukie, uma jovem de 30 anos que lembra como durante os dias de maior preocupação pela possível escassez de alimentos seu marido adotou uma atitude de "egoísmo" e preocupação excessiva por si próprio que revelaram a ela "uma face que desconhecia".
"Foram detalhes pequenos, mas significativos, como acabar com a comida que tínhamos armazenada para a emergência sem consultar ninguém da família", recorda a mulher.
Após o terremoto, 22% dos casais da região metropolitana de Tóquio replanejaram seu futuro, segundo uma pesquisa efetuada pela revista "Aera" com 416 pessoas.
Entre elas, 15,1% pensaram em divórcio ao observar certos comportamentos de seu par durante a crise, como egoísmo ou falta de solidariedade, segundo a pesquisa.
Não é a primeira vez que uma situação provoca separações no Japão, onde a taxa também aumentou após a crise econômica dos anos 1990, a globalização e as transformações sociais.
Atualmente, a taxa de divórcios está em 2,01 em cada mil, o que em 2009 representou a separação de 253 mil casais, segundo os últimos dados do governo, à espera de estudos oficiais que reflitam as transformações sociais causadas pela catástrofe de março.
Entre os aspectos positivos, o destaque ficou para o fato de que enquanto a metade dos entrevistados pela "Aera" indicou não ter notado nenhuma mudança em seu relacionamento após o terremoto, 21,2% asseguraram que, após a catástrofe, seus parceiros vêm dedicando-lhes mais atenção.
Agora, ao sair de casa todas as manhãs, tentam se despedir com um sorriso, já que naquele dia de março, quando o terremoto atingiu a cidade, eles se tornaram mais conscientes de que na vida não é possível voltar atrás
Tóquio - O terremoto e o tsunami que devastaram o Japão em 11 de março também abalaram as relações pessoais dos japoneses e fizeram disparar tanto a busca por um relacionamento sério quanto os chamados "divórcios do terremoto".
Nos dias posteriores ao tremor de 9 graus na escala Richter, as emissoras de televisão japonesas transmitiam sem cessar imagens do desastre, enquanto cidades como Tóquio sofriam cortes de luz decorrentes do acidente na usina nuclear de Fukushima.
Os blecautes obrigaram a redução da frenética rotina da região metropolitana de Tóquio e seus 30 milhões de habitantes, o que, inesperadamente, fez com que muitas pessoas começassem a refletir sobre sua vida pessoal.
Enquanto viam as imagens dos refugiados no nordeste, em Tóquio "muitas pessoas que tinham decidido viver sozinhas imaginaram como seria ter que enfrentar uma situação como aquela na solidão, e mudaram de opinião", explicou à Agência Efe Hirobumi Seki, porta-voz da agência matrimonial O-net, que conta com 350 mil clientes.
Em maio, dois meses depois da catástrofe, o número de mulheres que recorreu à agência havia aumentado 52%, enquanto no caso dos homens o aumento foi de 35%.
Antes do terremoto, a maioria das inscritas na O-net tinha entre 20 e 49 anos. Após a tragédia, despontaram também as solicitações de japonesas maiores de 50 anos, segundo Seki.
O porta-voz detalhou que as mulheres agora se mostram mais flexíveis do que antes do desastre: se antes de 11 de março seus requisitos para encontrar um companheiro passavam, por exemplo, pela altura e por um nível de renda determinado, agora elas focam-se mais no caráter da pessoa com a qual buscam compartilhar sua vida.
Mas o terremoto não trouxe apenas uniões: também abriu brechas entre casais até o ponto de ser criado um novo termo na sociedade de Tóquio, os chamados "shinsai rikon", "divórcios do terremoto", aqueles casamentos que, colocados à prova pela catástrofe, fracassaram.
"Decidi terminar meu casamento poucos dias depois do terremoto", explica à Efe Yukie, uma jovem de 30 anos que lembra como durante os dias de maior preocupação pela possível escassez de alimentos seu marido adotou uma atitude de "egoísmo" e preocupação excessiva por si próprio que revelaram a ela "uma face que desconhecia".
"Foram detalhes pequenos, mas significativos, como acabar com a comida que tínhamos armazenada para a emergência sem consultar ninguém da família", recorda a mulher.
Após o terremoto, 22% dos casais da região metropolitana de Tóquio replanejaram seu futuro, segundo uma pesquisa efetuada pela revista "Aera" com 416 pessoas.
Entre elas, 15,1% pensaram em divórcio ao observar certos comportamentos de seu par durante a crise, como egoísmo ou falta de solidariedade, segundo a pesquisa.
Não é a primeira vez que uma situação provoca separações no Japão, onde a taxa também aumentou após a crise econômica dos anos 1990, a globalização e as transformações sociais.
Atualmente, a taxa de divórcios está em 2,01 em cada mil, o que em 2009 representou a separação de 253 mil casais, segundo os últimos dados do governo, à espera de estudos oficiais que reflitam as transformações sociais causadas pela catástrofe de março.
Entre os aspectos positivos, o destaque ficou para o fato de que enquanto a metade dos entrevistados pela "Aera" indicou não ter notado nenhuma mudança em seu relacionamento após o terremoto, 21,2% asseguraram que, após a catástrofe, seus parceiros vêm dedicando-lhes mais atenção.
Agora, ao sair de casa todas as manhãs, tentam se despedir com um sorriso, já que naquele dia de março, quando o terremoto atingiu a cidade, eles se tornaram mais conscientes de que na vida não é possível voltar atrás