Equipes de resgate retiram vítimas de um prédio em Hama, na Síria, que desabou após um forte terremoto na Turquia (Burcin Gercek/AFP)
AFP
Publicado em 6 de fevereiro de 2023 às 07h01.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2023 às 17h55.
*Atualização (18h): Número de mortos subiu para 3000; veja mais informações
Um terremoto de magnitude 7,8 sacudiu o sul da Turquia e o norte da Síria, deixando centenas de mortos e milhares de feridos, além de danos significativos, segundo os primeiros balanços.
Ao menos 284 pessoas morreram na Turquia e mais de 2.320 ficaram feridas, segundo o último balanço divulgado pelo vice-presidente turco, Fuat Oktay.
Mais de mil prédios desabaram completamente, o que sugere um número de vítimas muito maior, acrescentou.
Na vizinha Síria, quase 400 pessoas perderam a vida. Segundo a televisão síria, 239 pessoas morreram e 648 ficaram feridas no desabamento de casas em várias cidades, incluindo Aleppo (norte), a segunda maior cidade da Síria. Também houve vítimas em Hama (centro) e em Lataquia e Tartus, na costa do Mediterrâneo.
Um balanço anterior apontava 237 mortes em áreas sob controle do regime sírio.
Nas regiões nas mãos dos rebeldes, perto da Turquia, são os Capacetes Brancos - socorristas que se mobilizam nessas áreas - que contabilizam as vítimas.
"Cento e quarenta e sete mortos e mais de 340 feridos segundo um balanço provisório na província de Idlib e arredores de Aleppo", no norte do país, anunciaram os Capacetes Brancos no Twitter.
O tremor foi sentido às 04h17 (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria.
O movimento telúrico também foi sentido no Líbano e em Chipre, segundo os jornalistas da AFP.
É muito provável que o saldo aumente rapidamente, levando em conta o número de prédios desabados nas cidades mais afetadas, como Adana, Gaziantep, Sanliurfa e Diayarbakir, no sudeste da Turquia.
Devido ao horário do terremoto, de madrugada, a maioria das pessoas estava dormindo em suas casas.
"Minha irmã e seus três filhos estão sob os escombros. Também seu marido, seu sogro e sua sogra. Sete membros da nossa família estão sob os escombros", disse à AFP Muhittin Orakci, ao testemunhar as operações de resgate em frente a um prédio em ruínas em Diyarbakir.
"A irmã dele ainda está sob os escombros", disse uma mulher, apontando para outra vítima inconsolável na mesma cidade.
Por questões de segurança, o gás foi cortado em toda a região, devido a tremores secundários que poderiam gerar explosões.
Este é o maior terremoto na Turquia desde 17 de agosto de 1999, que causou 17.000 mortes, mil delas em Istambul.
Segundo o vice-presidente turco, pelo menos três dos aeroportos da zona afetada, Hatay, Maras e Gaziantep, foram fechados ao tráfego. A neve e as tempestades que atingiram a região impediram o tráfego em outros aeroportos, incluindo o de Diyarbakir, segundo a AFP.
"Ouvimos vozes aqui e ali. Achamos que talvez 200 pessoas estejam entre os escombros", disse uma equipe de resgate em Diyarbakir, de acordo com uma transmissão da NTV.
Algumas imagens na televisão turca e nas redes sociais mostram pessoas assustadas, de pijama, vagando pela neve enquanto observam equipes de resgate vasculhando os escombros de suas casas.
A emissora NTV indicou que havia prédios desabados nas cidades de Adiyaman e Malatya.
Enquanto isso, a televisão estatal síria relatou o desabamento de um prédio perto de Latakia, na costa oeste do país.
A mídia pró-governo informou que vários prédios desabaram parcialmente em Hama, no centro da Síria, onde bombeiros e equipes de resgate tentavam resgatar um sobrevivente dos destroços.
Raed Ahmed, chefe do Centro Nacional de Monitoramento Sísmico da Síria, disse à rádio oficial que este foi "historicamente o maior terremoto já registrado".
Os Capacetes Brancos disseram que a situação é "catastrófica" e pediram às organizações humanitárias internacionais para "intervir rapidamente" para ajudar a população local.
Na Turquia, o ministro do Interior, Suleyman Soylu, declarou que "todas as nossas equipes estão em alerta" e pediu ajuda internacional.
O Azerbaijão, país aliado da Turquia, anunciou o envio imediato de 370 socorristas, segundo a agência oficial de notícias turca.
Estados Unidos, União Europeia, França, Itália, Alemanha e Israel também informaram o envio de equipes de emergência.
A Turquia está localizada em uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo.
Especialistas alertam há muito tempo que um grande terremoto poderia devastar Istambul, que permitiu construções generalizadas sem precauções.
Um terremoto de magnitude 6,8 atingiu Elazig em janeiro de 2020, matando mais de 40 pessoas. Em outubro desse mesmo ano, outro de magnitude 7,0 sacudiu o Mar Egeu, causando 114 mortos e mais de 1.000 feridos.