Mundo

Tecnologia com apelo social

A IBM incentiva o uso da capacidade ociosa de computadores em pesquisas voltadas para a saúde e o meio ambiente

Oliveira, presidente da IBM (--- [])

Oliveira, presidente da IBM (--- [])

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h26.

Uma das grandes dificuldades encontradas por instituições científicas é a falta de computadores poderosos, capazes de processar os complexos cálculos utilizados no desenvolvimento de pesquisas. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, conseguiu driblar esse problema -- pelo menos em um de seus mais importantes projetos de pesquisa. No ano passado, a instituição conseguiu que seu estudo comparativo de genomas recebesse o apoio do World Community Grid, um programa de responsabilidade social da IBM criado para acelerar a conclusão de estudos científicos relacionados à saúde humana e ao meio ambiente. O programa funciona da seguinte forma: por meio de uma tecnologia conhecida como computação em grade, é possível aproveitar a capacidade ociosa de computadores pessoais ligados em rede para realizar cálculos e projeções complexas. Com isso, os cientistas da Fiocruz contaram com o apoio virtual de cerca de 330 000 microcomputadores espalhados pelo mundo. "A tecnologia da IBM poupa anos de pesquisa e por isso é importante que o maior número possível de computadores participe da rede", diz Wim Degrave, coordenador do projeto de comparação de genomas da Fiocruz.

Essa foi a primeira pesquisa fora dos Estados Unidos -- e a quarta em todo o mundo -- que recebeu o apoio do World Community Grid. O estudo da Fiocruz pôde ser concluído em apenas oito meses, em julho deste ano. Não fosse a parceria com a IBM, levaria vários anos. A pesquisa comparou os mais de 400 genomas já identificados no mundo. Agora, os resultados devem ser aplicados na elaboração de novas estratégias para o controle de parasitas e doenças infecciosas e para o tratamento de males degenerativos, como o Alzheimer.
 

Ações voluntárias
O sucesso do programa da IBM se deve, em boa parte, à sua simplicidade. Qualquer pessoa, de qualquer país, pode participar do World Community Grid. Basta ter um computador de configuração simples -- de qualquer marca -- e conexão com a internet para baixar um software no site da comunidade. Quando o software detecta que a máquina não está sendo usada, executa automaticamente os cálculos. "Ao longo da vida útil, os computadores pessoais não usam 10% de sua capacidade de processamento. A IBM pensou num modo de aproveitar essa capacidade ociosa para que as pessoas pudessem colaborar com pesquisas em benefício da humanidade", diz Rogério Oliveira, presidente da IBM para a América Latina. Atualmente, o Brasil é o sexto país em número de internautas que aderiram à iniciativa da IBM -- cerca de 4 500 pessoas. O World Community Grid tem custo anual de 1,5 milhão de dólares para a IBM.

Para estimular os funcionários a participar de ações voluntárias, a IBM criou o programa On Demand Community (Comunidade sob Encomenda). O funcionário que completa 40 horas de trabalho voluntário no período de cinco meses pode requerer à companhia uma contribuição social para a entidade que apóia. Atualmente, mais de 1 500 profissionais da IBM Brasil -- 15% de sua força de trabalho -- participam do programa e já contribuíram com mais de 35 000 horas de trabalho voluntário para cerca de uma centena de instituições. Apesar da preocupação com os impactos sociais de suas ações, a IBM sofre de um problema comum às empresas brasileiras: a dificuldade em conseguir trazer a diversidade para seu quadro de funcionários. Atualmente, profissionais negros ou pardos ocupam menos de 10% dos cargos de gerência, e os portadores de deficiência não alcançam o mínimo de 5% previsto por lei.

Avaliação da empresa
Pontos fortes
- Incorpora a prática do voluntariado ao dia-a-dia de seus funcionários.
- Monitora seu consumo de recursos naturais, como água e energia elétrica, e tem metas de redução.
- Apolítica de remuneração é avaliada pelos funcionários por meio de pesquisas.
Pontos fracos
- Não publica a Demonstração de Valor Adicionado (DVA),um informe contábil que mostra a riqueza gerada pela companhia e sua distribuição na forma de salários, tributos, despesas financeiras, lucros e dividendos.
- Não elabora relatório de sustentabilidade em português.
- Apenas os fornecedores críticos - os que podem afetar diretamente os produtos da IBM - são avaliados com base em critérios socioambientais.
Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mundo

Com esgotamento do chavismo, Maduro enfrenta desafio mais difícil nas urnas desde 2013

Dinastia Trump S.A.: Influência de família em campanha sinaliza papel central em possível governo

Após mais de 100 mortes em protestos, Bangladesh desliga internet e decreta toque de recolher

Opinião: A hegemonia do dólar deve ser terminada

Mais na Exame