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Talibãs organizam evento para celebrar vitória no Afeganistão

Grupo fundamentalista retomou o poder no país há sete semanas; quase 1.500 simpatizantes se reuniram

Encontro de simpatizantes do movimento Talibã em Cabul, em 3 de outubro de 2021 (AFP/AFP)

Encontro de simpatizantes do movimento Talibã em Cabul, em 3 de outubro de 2021 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 3 de outubro de 2021 às 09h28.

Última atualização em 3 de outubro de 2021 às 09h28.

Quase 1.500 simpatizantes do movimento Talibã se reuniram neste domingo (3) para celebrar a vitória no Afeganistão, no primeiro encontro organizado fora de Cabul, sete semanas após o retorno dos fundamentalistas ao poder.

A concentração aconteceu no município de Kohdaman, perto da capital do país.

No palanque, Mawlawi Muslim Haqqani, vice-ministro de Assuntos Religiosos, elogiou a vitória do movimento islamita que, segundo ele, marca a derrota dos "cristãos e dos ocidentais".

Apenas homens e meninos estavam presentes na celebração, organizada em um terreno baldio.

Do lado de fora, dezenas de guardas armados vigiavam, enquanto os combatentes talibãs chegavam de caminhonetes.

"Estados Unidos derrotado. Impossível. Impossível. Mas possível", afirmava uma das canções de boas-vindas, apesar de a música, em tese, ser proibida pelo movimento islamita.

O ato começou com um desfile de homens armados vestidos com roupas de combate e que exibiam a bandeira do Talibã com a profissão de fé muçulmana. Alguns carregavam lança-foguetes no ombro.

Muitos civis que participaram no encontro usavam roupas tradicionais. A maioria estava desarmada. Quando os organizadores chegaram, eles entoaram o tradicional "takbir", a frase religiosa "Alá Akbar" (Deus é grande) repetida várias vezes. Alguns gritaram slogans pró-Talibã.

Outro orador, que se identificou apenas como Rahmatullah, afirmou que após uma guerra de 20 anos no país, onde os combates parecem ter sido interrompidos, a vitória foi possível graças "às fileiras de jovens que se apresentaram como candidatos ao martírio".

"Termos"

"ONU é simplesmente o outro nome dos Estados Unidos e seu mandato consiste em destruir os países muçulmanos. Caso aceitem os seus termos, não farão melhor que o governo anterior", disse Mohamad Akram, líder de um comando Talibã.

Sete semanas após a tomada de poder, o "Emirado Islâmico", novo regime decretado pelos talibãs, tenta estabelecer sua legitimidade tanto entre a população como a nível internacional.

Milhares de afegãos e parte da oposição fugiram do país pelo temor de represálias do movimento fundamentalista.

A oposição civil se tornou impossível. Desde 8 de setembro, o Talibã reprime todas as manifestações e adotam "ações legais severas" contra quem não obedece suas normas.

Nas últimas semanas, combatentes talibãs armados dispersaram manifestações em várias cidades, incluindo Cabul, Faizabad e Herat - duas pessoas morreram nesta última.

Na capital, milícias armadas dispersaram à força as poucas manifestações que reuniram algumas mulheres para exigir o direito à educação.

Ao mesmo tempo, o Talibã convidou 300 mulheres, completamente cobertas por véus, para expressar apoio público ao novo regime em uma conferência organizada na Universidade de Cabul em setembro.

No início de agosto, o grupo anunciou um governo liderado por Mohamad Hasan Akhund, colaborador e próximo ao fundador do movimento, o mulá Omar, falecido em 2013. Todos os membros são talibãs e quase todos da etnia pashtun.

O governo enfrenta o desafio da gestão civil em um país paralisado economicamente e ameaçado por uma grave crise humanitária.

Nenhum país reconheceu até o momento o novo regime do Afeganistão, embora Paquistão, China e Catar tenham apresentado sinais de abertura.

A subsecretária de Estado americana, Wendy Sherman, viajará ao Paquistão durante a semana e pretende abordar, entre outros temas, a maneira de pressionar o novo regime Talibã a respeitar os direitos fundamentais.

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