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Talibã paquistanês procura novo líder após morte de chefe

Hakimullah Mehsud, o então líder do grupo no Paquistão, morreu ao ser atingido por disparos de um drone americano

Paquistaneses manifestam contra ataques americanos: incidente não deve afetar as negociações de paz (S.S Mirza/AFP)

Paquistaneses manifestam contra ataques americanos: incidente não deve afetar as negociações de paz (S.S Mirza/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de novembro de 2013 às 09h56.

Miranshah - O conselho central dos talibãs paquistaneses se reúne neste sábado para escolher seu novo líder, após a morte na sexta-feira de Hakimullah Mehsud, atingido por disparos de um drone americano, em um incidente que não deve afetar as negociações de paz, segundo o governo.

Hakimullah Mehsud, que foi promovido líder do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) em 2009 após a morte de seu mentor Baitullah Mehsud, foi morto com outras quatro pessoas por um avião não tripulado ("drone") perto de Miranshah, capital do Waziristão do Norte (noroeste do Paquistão), reduto dos combatentes talibãs e da Al-Qaeda.

O funeral dos cinco homens foi realizado sexta-feira à noite na presença de comandantes e partidários do TTP. Na madrugada deste sábado, a 'shura' dos talibãs - o conselho supremo da rebelião - começou a se reunir em um local secreto a fim de escolher um sucessor para Mehsud, indicaram à AFP fontes talibãs.

A morte de Hakimullah Mehsud não irá comprometer as negociações de paz entre os rebeldes islamitas e o governo de Islamabad, assegurou neste sábado o ministro paquistanês da Informação, Pervez Rasheed.

"Podemos dizer que os disparos do drone visavam os negociadores da paz, mas não deixaremos que as negociações morram", declarou Rasheed durante uma coletiva de imprensa.

"A guerra só alimenta o fogo. Nosso governo quer jogar água sobre a guerra e sobre o fogo", e por isso defendemos o diálogo com os insurgentes, acrescentou.

O ataque americano de sexta-feira acontece no momento em que o governo paquistanês se prepara para enviar uma delegação na esperança de iniciar negociações de paz formais com os insurgentes.


Vários nomes são cotados para assumir a liderança do movimento, incluindo o de Qari Walayat Mehsud, um primo de Hakimullah, Asmatullah Shaheen, chefe do conselho central dos talibãs, Khan Said "Sajna", atual número dois da rebelião, Azam Tariq, ex-porta-voz do grupo, e o mulá Fazlullah, comandante que tomou o controle do Vale de Swat de 2007 a 2009 com seus homens.

"O conselho central escuta as opiniões de todos os seus membros e comandantes", declarou um insurgente que não quis se identificar. "A escolha poderá demorar porque os membros da shura mudam constantemente o local de encontro" por razões de segurança, acrescentou.

Nesta manhã, uma dúzia de líderes tribais e insurgentes abriram fogo contra um drone americano que sobrevoava a baixa altitude Miranshah, segundo testemunhas. "Eles dispararam com armas ligeiras e metralhadoras" contra o drone, disse à AFP Tariq Khan, um comerciante de Miranshah.

Nesta cidade de áreas tribais, os habitantes temem represálias do Talibã. "As pessoas estão com medo. A morte de Hakimullah Mehsud cria incerteza. Todo mundo fala sobre uma possível vingança do Talibã", acrescentou Khan.

Estas preocupações são compartilhadas pela imprensa paquistanesa, que prognosticou uma nova onda de ataques em todo o país, principalmente contra as forças de segurança no noroeste do Paquistão, acusadas pelos rebeldes de fornecer aos Estados Unidos informações sobre a localização membros da TTP.

"Uma coisa está provada: os ataques com drones sempre sabotam os esforços para as negociações de paz", declarou Imran Khan, líder do PTI, partido à frente do governo de Khyber Pakhtunkhwa, província vizinha as zonas tribais. "Isso prova que (os Estados Unidos) não querem a paz no Paquistão", ressaltou.

"O futuro das negociações de paz será difícil. Será um desafio, porque muitos tentam sabota-las", declarou Jan Achakzaï, porta-voz da Jamaat Ulema-e-Islam (JUI-F), partido islâmicos responsável por estabelecer o contato entre os rebeldes e o governo.

Enquanto muitos jornais e políticos criticavam neste sábado o ataque americano, oficialmente considerado "contra-produtivo" por Islamabad, alguns viram uma oportunidade para o governo.

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