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Suspeito por nova tentativa de assassinato de Trump é indiciado por posse ilegal de armas

Ryan Wesley Routh, que está preso desde domingo, pode ser alvo de novas acusações em breve; secretário de Justiça promete empregar "todos os recursos disponíveis" na investigação

Agência o Globo
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Publicado em 16 de setembro de 2024 às 15h43.

Última atualização em 16 de setembro de 2024 às 18h01.

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O homem acusado de tentar assassinar o ex-presidente dos EUA Donald Trump foi indiciado, nesta segunda-feira, por dois crimes relacionados ao posse ilegal de arma de fogo, enquanto o secretário de Justiça americano, Merrick Garland, prometeu empregar "todos os recursos disponíveis" na investigação. Ryan Wesley Routh está preso desde domingo, quando tentou escapar dos agentes nos arredores do campo de golfe de Trump onde ocorreu o incidente. O republicano, por sua vez, atribuiu o segundo ataque contra sua vida à “retórica” da vice-presidente e sua rival em novembro, Kamala Harris.

De acordo com representantes do Departamento de Justiça, Routh foi indiciado pelos crimes de posse de uma arma com o número de série raspado, e por ter uma arma apesar de ter uma condenação judicial. Ele compareceu ao tribunal na Flórida, onde ocorreu a tentativa de ataque, usando uma roupa de presidiário, e respondeu as perguntas do juiz apenas com “sim”, “não” e acenos de cabeça. O suspeito ainda declarou não ter meios para custear a própria defesa, e uma defensora pública lhe foi designada.

Os promotores, afirma a imprensa americana, apresentaram apenas as alegações sobre a posse ilegal de armas para garantir que ele permaneça preso enquanto o FBI, a principal agência federal de investigações dos EUA, analisa as circunstâncias, evidências e, especialmente, motivações da tentativa de assassinato.

— Estamos gratos que o ex-presidente esteja seguro — disse Garland a repórteres nesta segunda-feira. — Trabalharemos incansavelmente para garantir a responsabilização e usaremos todos os recursos disponíveis para suportar esta investigação.

Na tarde de domingo, quando Trump jogava uma partida de golfe em um de seus campos em West Palm Beach, na Flórida, agentes do Serviço Secreto, responsáveis pela segurança do ex-presidente, identificaram o que parecia ser o cano de um fuzil em um arbusto, a cerca de 400 metros do republicano. Foram efetuados disparos na direção do suspeito, que fugiu por uma rodovia próxima — segundo a CNN, uma testemunha se aproximou da equipe de segurança e mostrou uma foto da placa do veículo onde Ryan Wesley Routh estava.

Pouco depois, ele foi preso em uma blitz da polícia local, e permaneceu em silêncio durante toda a abordagem e interrogatório posterior. O veículo usava uma placa de um carro roubado, e os investigadores também apreenderam na cena do crime um rifle semiautomático, estilo AK-47, que estava com o número de série raspado e equipado com uma mira telescópica de alta precisão; duas mochilas com azulejos de cerâmica e uma câmera digital. Todos os itens já integram a investigação.

Embora pareça claro que se tratou de uma tentativa de atacar Donald Trump em um de seus momentos mais vulneráveis, quando está jogando golfe, os investigadores dizem que a distância em relação ao alvo e as circunstâncias do incidente podem dificultar uma acusação do tipo.

Em entrevista à MSNBC, Dave Aronberg, promotor do condado de Palm Beach, disse que uma alternativa pode ser acusar Ryan Wesley Routh de planejar um ataque contra os agentes do Serviço Secreto — Aronberg também rejeitou uma eventual alegação de insanidade do réu pela defesa: para ele, o fato de Routh ter fugido do local mostra que ele tinha consciência de que suas ações estavam erradas.

Ryan Wesley Routh, de 58 anos, não tem histórico junto às Forças Armadas, mas expressava uma retórica violenta: em uma publicação em suas redes sociais, disse que estava disposto a morrer na Ucrânia. Em uma entrevista ao New York Times, de 2023, disse ter ido ao país europeu para ajudar nos esforços de guerra, e que queria recrutar soldados do Afeganistão para lutar contra as forças russas. Registros judiciais da Carolina do Norte mostram que em 2002 um homem com o mesmo nome e a mesma idade dele foi preso após confrontar policiais com uma metralhadora. Há ainda citações sobre processos por atraso no pagamento de impostos e cheques sem fundos.

Na manhã desta segunda-feira, Trump afirmou que a nova tentativa de ataque contra ele, dois meses depois de uma bala lhe atingir de raspão na Pensilvânia, está ligada à “retórica” de Kamala Harris e do presidente, Joe Biden, contra ele.

— Ele [Ryan Wesley Routh] acreditou na retórica de Biden e [Kamala] Harris, e agiu de acordo com ela — disse Trump, em entrevista à Fox News. — A retórica deles está fazendo com que eu seja baleado, quando sou eu quem vai salvar o país, e eles são os que estão destruindo o país, tanto de dentro quanto de fora.

O ex-presidente repudiou ainda os comentários vindos do campo democrata (e de parte do campo republicano) o apontando como um risco à democracia:

— Eles são o oposto. Essas são pessoas que querem destruir nosso país — afirmou. — Isso é chamado de inimigo interno. Eles são a ameaça real.

Após o incidente de domingo, Biden disse que “graças a Deus [Trump] se encontra bem”, e pediu “mais ajuda” para o Serviço Secreto, incluindo a contratação de novos agentes. Kamala disse ter sido informada sobre o ataque, expressou sua consternação e afirmou que a “violência não tem lugar nos EUA”.

Ainda falando à Fox News, Trump negou ter feito qualquer tipo de comentário agressivo durante a campanha, como apontam os democratas, citando as alegações infundadas de que imigrantes haitianos estão caçando animais domésticos para comer em Ohio, ou de que países estão mandando deliberadamente criminosos para as fronteiras americanas.

— Eles (democratas) usam uma linguagem altamente inflamatória — disse o republicano. — Eu também posso usá-la, muito melhor do que eles, mas eu não faço isso.

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