Superiate de luxo que naufragou na Itália tinha falhas 'gritantes', diz NYT
Das 22 pessoas a bordo do Bayesian, sete morreram no episódio
Redação Exame
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 08h52.
Última atualização em 1 de novembro de 2024 às 09h30.
O acidente com o superiateBayesian completou pouco mais de dois meses. Das 22 pessoas a bordo, sete pessoas morreram no episódio, que ganhou repercussão internacional.
As investigações prosseguem e giram em torno de três perguntas principais: por que o Bayesian afundou tão rápido? O iate tinha alguma falha de projeto? O capitão ou a tripulação cometeram algum erro fatal?
O Bayesian era um veleiro único, construído pela Perini Navi, uma famosa fabricante italiana de iates. A empresa diz que o grupo de 10 superiates ao qual o Bayesian pertencia era "à série de maior sucesso já concebida".
Mas o Bayesian era diferente. De acordo com reportagem do New York Times, seu comprador original — um empresário holandês, não o bilionário Mike Lynch —insistiu em um único mastro e que seria mais alto do que qualquer outro no mundo, de acordo com o fabricante de iates italiano e três pessoas com conhecimento detalhado de como este barco foi construído.
Essa decisão resultou em grandes consequências de engenharia que supostamente deixou o barco significativamente mais vulnerável do que muitos superiates parecidos.
Mais de uma dúzia de arquitetos navais, engenheiros e outros especialistas consultados pelo jornal encontraram falhas "gritantes" no design do Bayesian que, segundo eles, poderiam ter contribuído para o desastre.
Escolhas básicas de design, como as duas portas altas na lateral do convés, aumentaram as chances do Bayesian de receber uma grande quantidade de água se ventos fortes empurrassem o barco para o lado.
Relatos de testemunhas e sobreviventes revelaram como essa sequência mortal se desenrolou em tempo real: o iate caiu completamente de lado e afundou em minutos.
Detalhes que podem comprometer a segurança
Aparentemente, pequenos detalhes em qualquer barco — como a proximidade das saídas de ar da linha d'água ou onde o lastro do navio é colocado no casco — podem não parecer muito importantes analisados de forma separada. Mas, quando considerados em conjunto, disseram os especialistas, eles parecem ter comprometido a embarcação.
Essas vulnerabilidades embutidas podem não ter sido as únicas responsáveis pelo naufrágio do iate. A ferocidade da tempestade, com ventos de mais de 150 km/h, definitivamente desempenhou um papel importante na tragédia. Os investigadores italianos também estão analisando as ações do capitão e da tripulação do Bayesian.
Giovanni Costantino, o presidente-executivo do Italian Sea Group, empresa dona da Perini Navi, disse que, quando operado corretamente, o Bayesian era "inafundável". Ele afirma que o iate foi cuidadosamente projetado para sobreviver a tempestades ruins e colocou a culpa pela tragédia diretamente na tripulação, acusando-os de cometer uma série de erros fatais.
Costantino disse que o design não tinha falhas e que o mastro imponente, que tinha 72 metros de altura, não havia criado "nenhum tipo de problema".
"O navio era um navio inafundável", disse ele. "Eu digo, eu repito."
Os documentos técnicos do Bayesian mostram o quão vulnerável ele era, segundo reportagem do NYT. Mesmo sem grandes erros da tripulação, o navio poderia ter afundado em uma tempestade que outros barcos sobreviveram, dizem os engenheiros consultados pelo jornal.