Mundo

Suíça sedia cúpula pela paz na Ucrânia sem a presença de Putin

A reunião acontece um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter exigido a rendição de Kiev antes de qualquer negociação

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 15 de junho de 2024 às 12h29.

Líderes mundiais reúnem-se com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, neste sábado, 15, na Suíça em uma cúpula pela paz na Ucrânia, que devido à ausência russa é vista como um mero primeiro passo em um longo processo. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comparecerá e será representado por seu embaixador em Berna.

A reunião acontece um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter exigido a rendição de Kiev antes de qualquer negociação.

O encontro de dois dias será no luxuoso resort Burgenstock e reunirá Zelensky a mais de 50 chefes de estado e de governo.

O objetivo, segundo o país anfitrião, é preparar um caminho para a paz que mais tarde envolverá também a Rússia. Putin, no entanto, chamou a cúpula de "truque para desviar a atenção". 

Em um discurso televisionado, o líder do Kremlin disse que ordenará um cessar-fogo e iniciará negociações "assim que" Kiev começar a retirar as tropas do disputado leste e sul da Ucrânia e renunciar à adesão à Otan. Zelensky rejeitou o "ultimato" de Putin e mencionou o estilo de Adolf Hitler.

A Otan e os Estados Unidos também repudiaram as condições de Moscou para acabar com a guerra que começou com a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Para o chanceler alemão, Olaf Scholz, as exigências russas equivalem a "ditar" a paz.

EUA anuncia ajuda à Ucrânia

Depois de quase um ano de estagnação, a Ucrânia teve de abandonar dezenas de posições no front nos últimos meses diante da ofensiva russa com tropas maiores e melhor equipadas.

Mas desde meados de maio, a Rússia reduziu seu avanço e Zelensky espera inverter a tendência a partir desta cúpula e da anterior na Itália, com líderes do G7, encerrada com um empréstimo de 50 bilhões de dólares (268 bilhões de reais) a Kiev, financiado com juros dos ativos russos congelados.

Zelensky disse que o empréstimo seria usado "tanto para defesa quanto para reconstrução". Putin descreveu esta medida como "roubo" e advertiu que "não ficará impune".

Nesse mesmo fórum, Zelensky assinou com o seu homólogo americano, Joe Biden, um acordo bilateral de segurança que implicará o fornecimento de ajuda militar e treinamento às tropas de Kiev.

Biden é o único líder do G7 que não planeja viajar da Itália para a vizinha Suíça e sua vice-presidente, Kamala Harris, irá em seu lugar.

Harris anunciou mais de 1,5 bilhão de dólares (8 bilhões de reais) em ajuda à Ucrânia neste sábado, principalmente para o setor energético e assistência humanitária.

O pacote inclui 500 milhões de dólares (2,68 bilhões de reais) em novos financiamentos para assistência energética e mais de 379 milhões de dólares (2,3 trilhão de reais) em assistência humanitária.

A cúpula terá uma grande representação latino-americana, com os presidentes argentino Javier Milei, o chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro e o equatoriano Daniel Noboa.

Outros aliados da Rússia no grupo Brics, como a África do Sul e a Índia, enviarão representantes e a China recusou-se a participar.

No total, os organizadores contam com 92 delegações nacionais que deverão chegar a acordo sobre uma declaração com alguns princípios básicos para um eventual processo de paz.

Estes princípios básicos serão extraídos do plano de paz de dez pontos apresentado por Zelensky no final de 2022 e de resoluções da ONU amplamente apoiadas.

Acompanhe tudo sobre:Vladimir PutinRússiaGuerrasUcrânia

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado