Presidente dos EUA, Barack Obama: a Rússia iniciou os ataques aéreos na Síria no final de setembro (Jonathan Ernst/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2015 às 09h55.
Manila - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira que pode levar alguns meses para que Rússia, Irã e a elite governista da Síria aceitarem que não pode haver fim à guerra civil na Síria ou um acordo político enquanto o presidente Bashar al-Assad continuar no poder.
Obama disse que a Rússia e o Irã reconheceram o Estado Islâmico como uma "séria ameaça", mas os esforços russos na Síria têm como objetivo manter Assad no poder.
"O ponto principal é que não prevejo uma situação em que possamos acabar com a guerra civil na Síria enquanto Assad continuar no poder", disse ele a repórteres em Manila, à margem da cúpula anual da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
"O que estamos fazendo com os membros da nossa coalizão é reconhecer que pode levar alguns meses para os russos e os iranianos e, francamente, alguns membros do governo sírio e das elites dominantes dentro do regime, reconhecerem as verdades que acabei de expressar."
A Rússia iniciou os ataques aéreos na Síria no final de setembro e sempre disse que seu principal alvo eram os militantes do Estado Islâmico, mas a maioria de suas bombas foram lançadas no território sob controle de outros grupos que se opõem a Assad, seu aliado.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelos ataques de homens-bomba e atiradores em Paris, na semana passada, e pela explosão de um avião russo sobre o Egito, em outubro.
Para Obama, se todas as partes puderem conversar sobre o assunto, isso poderia criar espaço para um virada na situação.
O presidente dos EUA também afirmou que poderia fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, e os norte-americanos continuariam seguros, mas reconheceu que enfrentaria forte resistência do Congresso.
"Garanto que haverá forte resistência porque, após o ocorrido em Paris, acho que há uma tendência muito forte para nós agirmos em questões que na realidade não nos tornam mais seguros, mas produzem boas frases de efeito, como é o caso dos refugiados ou Guantánamo", disse ele.