Soccer City, uma joia que a África do Sul cavou na unha
Johannesburgo - O faraônico Soccer City, que amanhã será palco da abertura da Copa do Mundo, assim como da final, é uma joia rara da África do Sul em uma região de Johannesburgo que carecia de lapidação, em meio a escombros de minas de ouro. "O apartheid tinha uma dimensão espacial e criou barreiras físicas", […]
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2010 às 14h38.
Johannesburgo - O faraônico Soccer City, que amanhã será palco da abertura da Copa do Mundo, assim como da final, é uma joia rara da África do Sul em uma região de Johannesburgo que carecia de lapidação, em meio a escombros de minas de ouro.
"O apartheid tinha uma dimensão espacial e criou barreiras físicas", afirma Sibongile Mazibuko, que coordena os projetos na capital econômica do país relacionados do Mundial. "Essa região está dentro dessa lógica. As montanhas de escória serviam de divisão e temos que superar isso", acrescenta.
Essas montanhas de escória são resultado da corrida pelo ouro no fim do século XIX e durante muitos anos serviram para relegar os negros no imenso bairro de Soweto, bem longe da parte branca de Johannesburgo.
Depois do fim do regime racista, em 1994, o antigo gueto se reintegrou à cidade, e as autoridades mostraram boa vontade em transformá-lo em uma espécie de centro cultural, apesar de atualmente os projetos andarem a duras penas.
O estádio, que tem forma de abóbora, é o primeiro passo dessas obras e, com seus 97.700 lugares, põe para escanteio o antigo FNB, que recebia partidas de futebol locais e reuniões políticas clandestinas durante o apartheid.
As autoridades de Johannesburgo tentaram usar a Copa do Mundo para atrair investidores à região, mas eles não viram muito brilho na região, principalmente por causa de falta de transporte público.
Uma nova linha de ônibus leva até as redondezas do estádio, e uma estação de trem começou a funcionar na semana passada.
Mas o projeto de um hotel de cinco estrelas não vingou, enquanto restaurantes e outras atrações do tipo ainda não brotaram como se esperava. Uma pista de golfe passou por uma remodelação, apenas.
Mazibuko espera que os novos transportes públicos levem ao Soccer City as pessoas com interesse no museu do apartheid ou no parque Gold Reed City, a três quilômetros do estádio.
O principal partido de oposição, a Aliança Democrática, teme que as dificuldades de investimento na região não rendam nada de bom no fim das contas: "Ainda não vimos um projeto concreto para a região e corremos o risco de essa infraestrutura de luxo não ter utilização depois", afirma o porta-voz Solly Nkhi