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Sobreviventes de Sendai perdem tudo, menos a calma

Japoneses demonstram disciplina exemplar ao esperar por suprimentos básicos

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Sobrevivente aguardam para sair de Sendai: atmosfera é calma e ordenada (Kim Jae-Hwan/AFP)

Sobrevivente aguardam para sair de Sendai: atmosfera é calma e ordenada (Kim Jae-Hwan/AFP)

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Kelly Macnamara

Publicado em 14 de março de 2011 às, 10h21.

Sendai, Japão - A maioria dos moradores de Sendai perdeu a casa, amigos e familiares, mas, apesar disso, todos conservam um senso de disciplina e civilidade exemplares à espera de comida e água, itens cada dia mais raros desde o terremoto seguido de tsunami que arrasou a região na última sexta-feira.

Com uma garrafa nas mãos, uma dezena de pessoas espera pacientemente na fila de distribuição de combustível. Niguém ali levanta a voz, não há ninguém exaltado. A atmosfera é estranhamente calma e ordenada neste bairro de Sendai, grande centro urbano do nordeste do Japão, devastada pelo maremoto.

A onda gigante destruiu a zona costeira. Em meio à lama, o telhado de uma casa se destaca, virado de cabeça para baixo. Mais além, há um monte quase irreconhecível de aço retorcido: cinco automóveis, amalgamados pela força da água.

Em meio a uma montanha de escombros, uma geladeira e um sofá parecem ter sido cuidadosamente posicionados no topo.

"Algumas pessoas perderam toda a família, não têm mais nada", lamenta Miki Otomo, professora de inglês de Sendai.

Sua casa foi arrastada pela enxurrada, e há três dias Miki vive junto com outros mil sobreviventes na escola onde trabalha, transformada em abrigo temporário pela prefeitura.

Na primeira noite, tudo que havia para comer eram alguns biscoitos.


Depois, a organização e a solidariedade que caracterizam a sociedade japonesa tornaram melhores as condições de vida dos desabrigados, apesar da falta de energia elétrica e água. Uma bomba hidráulica e banheiros portáteis foram instalados por voluntários no estacionamento do colégio.

No ginásio de esportes, uma centena de pessoas dorme em colchonetes cobertos por mantas doadas.

"A situação continua sendo difícil, mas fazemos o máximo possível para ajudar as vítimas", disse Emiko Okuyama, prefeito de Sendai.

A ajuda aos sobreviventes é a prioridade, porque "a esperança de encontrar pessoas vivas quase desapareceu", lamentou.

Vestidos com seus uniformes cor de laranja, equipes de socorristas percorrem o bairro devastado, onde soldados já começaram a remover os escombros.

O primeiro-ministro Naoto Kan mobilizou 100.000 militares - o que equivale a 40% do Exército japonês - para participar nas operações de socorro. Muitos países também enviaram voluntários para ajudar.

Yoichi Aizawa, de 84 anos, um dos sobreviventes de Sendai, retornou rapidamente à casa onde morava para tentar recuperar alguns objetos pessoais, sem saber em que estado encontraria o imóvel.

"Quando a terra tremeu, a casa não sofreu danos, mas depois veio a onda... foi espantoso!", contou.

Em um albergue da cidade vizinha de Natori, estão abrigadas sete jovens estrangeiras surpreendidas pela catástrofe quando viajavam de trem pela região.

"Temos pouco contato com o mundo exterior, mas eles nos dão de comer e conseguimos tomar banho", afirmou a britânica Alice Caffyn, de 21 anos, que não sabe quando ela e as amigas poderão retornar a Tóquio.

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