Duplo atentado em Beirute: o movimento xiita apoia desde 2013 o regime sírio de Bashar al Assad (Aziz Taher / Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2015 às 07h18.
O duplo atentado suicida contra um reduto do Hezbollah, na periferia sul de Beirute, deixou pelo menos 43 mortos e mais de 200 feridos na noite de quinta-feira, segundo novo balanço divulgado pela Cruz Vermelha e a polícia libanesas.
Vários feridos se encontram em estado crítico, segundo as mesmas fontes.
O Líbano observa nesta sexta-feira um dia de luta nacional em respeito às vítimas dos atentados reivindicads pelo grupo jihadista sunita Estado Islâmico (EI).
O ataque é o mais sangrento contra um reduto do movimento xiita libanês Hezbollah, que trava uma guerra contra o EI na vizinha Síria, envolvida num conflito cada vez mais complexo e que já deixou mais de 250 mil mortos desde 2011.
O movimento xiita apoia desde 2013 o regime sírio de Bashar al Assad.
Nas últimas horas da tarde de quinta, dois homens a pé detoraram seus cintos explosivos em frente a um centro comercial do bairro Burj al Barajne.
O exército informou ter encontrado morto um terceiro terrorista, que não conseguiu detonar o artefato que levava consigo.
Um fotógrafo da AFP viu corpos ensaguentados em meio a lojas e carros destruídos. Vários socorristas e civis levavam os feridos.
"Temos dezenas de feridos e continuam chegando mais", disse um médico do hospital Bahman, em Haret Hreil, bairro xiita vizinho.
A Casa Branca e as Nações Unidas condenaram os ataques "terroristas horríveis" em Beirute, afirmando que "tais atos de terror apenas fortalecem nosso compromisso de apoiar as instituições do estado libanês, incluindo os serviços de segurança, para garantir um Líbano estável, soberano e seguro".
"Oferecemos nossas mais profundas condolências às famílias e entes queridos dos mortos e feridos neste ato violento. Os Estados Unidos se manterão firmes ao lado do governo do Líbano enquanto este busca levar à justiça os responsáveis por este ataque", disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança Ned Price.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou o ataque de "ato depreciável" e convocou os libaneses a "continuar trabalhando para preservar a segurança e a estabilidade" do Líbano.
Ban também reafirmou "o apoio da ONU às instituições libanesas, entre as quais as forças armadas e os serviços de segurança, em seus esforços para garantir a segurança do Líbano e de sua população".
O secretário-geral manifestou ainda seu desejo de que "os responsáveis por este ato terrorista sejam rapidamente julgados".
Retaliação por apoio ao regime sírio
Entre julho de 2013 e fevereiro de 2014, houve nove atentados contra redutos do Hezbollah em regiões fiéis ao movimento, a maioria, reivindicados por grupos jihadistas que agiam em represália à decisão do Hezbollah de enviar milhares de combatentes em apoio a Assad.
A reivindicação dos atentados, transmitida por canais habituais do EI, indicou que a primeira explosão foi provocada por uma moto-bomba e a segunda, por um terrorista suicida.
O premiê libanês, Tamam Salam, decretou a sexta-feira dia de luto nacional após o atentado.
Há menos de um mês, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, voltou a defender o engajamento na Síria, que qualificou de "batalha essencial e decisiva".
"Sem a perseverança no terreno contra o Daesh (acrônimo em árabe do EI) e seus aliados, o que seria hoje da região do Iraque, da Síria e do Líbano", declarou.
O líder do movimento xiita admitiu que o combate na Síria "pode ser longo", mas reforçou que é necessário para "proteger" a região.