Nicarágua: além disso, 2.100 pessoas ficaram feridas e não tiveram acesso a atendimento adequado do sistema de saúde pública (Oswaldo Rivas/Reuters)
EFE
Publicado em 11 de julho de 2018 às 17h38.
Manágua - Pelo menos 351 nicaraguenses morreram e outros 261 estão desaparecidos em consequência da repressão promovida pelo governo contra os protestos que começaram no último dia 18 de abril no país, informou nesta quarta-feira a Associação Nicaraguense Pró Direitos Humanos (ANPDH).
Do total de mortos, 306 eram civis, 28 faziam parte de grupos paramilitares que defendem o governo de Daniel Ortega, 16 eram policiais e um era membro do exército, segundo detalhou em entrevista coletiva o secretário-geral da ANPDH, Álvaro Leiva, que leu um relatório preliminar da organização.
Além disso, 2.100 pessoas ficaram feridas e não tiveram acesso a atendimento médico adequado do sistema de saúde pública, das quais 51 sofreram lesões graves com danos permanentes.
O relatório tem como corte a meia-noite desta terça-feira, enquanto o relatório anterior da ANPDH, que analisava até o dia 2 de julho, contabilizava um número de 309 mortos desde 18 de abril.
Isso significa que, entre os dias 2 e 10 de julho, 42 pessoas morreram na repressão dos protestos que começaram contra fracassadas reformas de seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia de Ortega, depois de 11 anos no poder, com acusações de abuso e corrupção em suas costas.
Na sua declaração, Leiva denunciou que até o momento "não há uma fonte oficial" que ofereça dados exatos de quantas pessoas morreram ou ficaram feridas nos diferentes protestos cívicos.
O relatório também indica que houve um "uso desmedido e desproporcional de armas de fogo por parte das forças policiais do governo do Estado da Nicarágua" que inclui "a utilização de armas de guerra e especialistas franco-atiradores contra a população" nos protestos.
Finalmente, Leiva assegurou que algumas sedes do partido governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) estão sendo utilizadas como "centro de torturas", segundo comentaram familiares de detidos e as próprias vítimas.