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Síria ignora ultimato e repressão deixa 6 mortos

Regime se mantém inflexível a ultimato dado pela Liga Árabe de pôr fim à repressão no país

Imagem retirada do Youtube com os integrantes de um suposto grupo de desertores sírios (AFP)

Imagem retirada do Youtube com os integrantes de um suposto grupo de desertores sírios (AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2011 às 10h21.

Damasco - O regime sírio manteve-se inflexível, ignorando nesta sexta-feira um novo ultimato da Liga Árabe de pôr fim à repressão sob pena de sanções econômicas, enquanto as forças de segurança continuavam sua campanha para calar milhares de manifestantes, dos quais seis morreram.

Em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar "disposto" a ajudar a Liga Árabe em sua tentativa de encontrar uma solução para a crise na Síria, depois de um pedido nesse sentido da organização.

À noite, a emissora oficial síria afirmou que as forças de segurança mataram 16 membros de um "grupo terrorista" em Homs (centro), prenderam dezenas de outros e apreenderam uma grande quantidade de armas, sem informar a data da operação.

Desde que iniciou a revolta popular em 15 de março, o regime do presidente Bashar al Assad não reconhece a importância dos protestos e atribui a "grupos terroristas" a violência contra os civis.

Após vencer o ultimato da Liga Árabe, milhares de sírios protestaram para denunciar o regime e apoiar dissidentes militares que multiplicaram nas últimas semanas os ataques contra o Exército regular.


"Até agora, continuamos sem ter uma resposta do governo sírio", disse à AFP um diplomata árabe depois de o prazo ter sido expirado, o segundo em uma semana lançado contra o regime do presidente Assad para pedir o fim da repressão que deixou, segundo a ONU, 3.500 mortos desde março.

Reunidos no Cairo, os ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe deram menos de 24 horas a Damasco para aceitar o envio de observadores, sob pena de sanções.

Os ministros árabes da área de finanças e economia devem reunir-se no sábado para discutir as eventuais sanções à Síria, e o tema poderá ser analisado também no domingo em uma reunião dos chanceleres da região.

Os chanceleres deverão coordenar sua resposta ao "silêncio" da Síria, afirmou o chefe da diplomacia turca, Ahmet Davutoglu, que participará da reunião.

Apesar de a economia Síria já ter sido afetada por sanções adotadas por União Europeia e Estados Unidos, medidas adicionais da região poderão asfixiar o país, já que a metade de suas exportações e quase um quarto de suas importações são feitos com seus vizinhos árabes.


Apesar de por muito tempo ter se mostrado reticente a uma internacionalização da questão síria, a Liga Árabe pediu na quinta-feira à ONU que "tome as medidas necessárias para apoiar os esforços da Liga Árabe em busca de resolver a crise síria".

Na sede da ONU, Ban disse estar "muito preocupado com a escalada e o número cada vez maior de mortos" e se mostrou disposto a ajudar a Liga Árabe, segundo seu porta-voz. De acordo com diplomatas da Liga Árabe, poderá pedir que especialistas da ONU participem de uma eventual missão de observadores na Síria.

Apesar de seu crescente isolamento, o regime de Assad ainda conta com o apoio de Moscou que na sexta-feira repetiu sua oposição a "mais resoluções, sanções ou pressões" e defendeu um "diálogo intersírio".

Como toda sexta-feira, desde meados de março, milhares de sírios se reuniram após as preces diárias nas mesquitas, principalmente nas províncias de Homs, Idleb e Deraa, além da cidade de Deir Ezzor, segundo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e os Comitês Locais de Coordenação (LCC).

As forças de segurança dispararam novamente para dispersar a multidão e paralelamente continuaram suas operações de busca de militantes.


De acordo com o OSDH, as operações das forças de ordem deixaram pelo menos seis civis mortos: três em Homs, entre eles um jovem de 19 anos, um em Idleb, outro em Deir Ezzor e um adolescente de 16 anos na região de Damasco.

Os militantes que exigem democracia haviam chamado a manifestar "nesta sexta-feira para que o Exército Livre Sírio (ESL) protegesse a revolução pacífica".

O ESL, milícia formada por militares dissidentes e cujo chefe, o coronel Riad al Assad, encontra-se na Turquia, reivindicou nestes últimos dias uma série de ataques contra o Exército regular a cargo de reprimir pela força a revolta iniciada há mais de oito meses, entre eles a operação da véspera na qual morreram seis pilotos militares sírios.

Em um raro comunicado citado pela agência Sana, a chefia do Exército sírio confirmou nesta sexta-feira sua morte e acusou "terroristas apoiados pelo exterior". A multiplicação desse tipo de confrontos desperta o temor de que o país caia em guerra civil.

A agência oficial síria Sana deu conta por sua vez de imensas manifestações por partidários do regime em Damasco e em Alepo (norte) para denunciar as ameaças da Liga Árabe contra a Síria.

O Comitê das ONU contra a Tortura denunciou nesta sexta-feira as "violações flagrantes e sistemáticas" dos direitos humanos na Síria, e completou que isso ocorria "em um contexto de impunidade".

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