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Síria: 19 mortos em repressão a manifestações contra o regime

Forças do governo dispararam contra multidões que protestavam em três locais da Síria

Milhares de pessoas protestam contra o regime de Bashar al-Assad (AFP)

Milhares de pessoas protestam contra o regime de Bashar al-Assad (AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2011 às 10h43.

Damasco - Forças de segurança dispararam nesta sexta-feira contra milhares de manifestantes que protestavam contra o regime do presidente Bashar al-Assad em várias cidades da Síria, e mataram 19 pessoas, segundo uma autoridade do alto escalão que pediu para não ser identificada.

Ativistas de defesa dos direitos humanos falaram mais cedo sobre 12 mortos.

"Cinco pessoas morreram em Homs (centro), duas em Harasta (na periferia de Damasco) e duas em Deir Ezzor (leste) quando as forças de segurança dispararam contra os manifestantes", declarou à AFP o presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahman, em telefonema, precisando que em Homs se reuniram 5.000 manifestantes.

Além disso, "duas pessoas morreram em Dael (sul) e uma em Duma (15 km ao norte de Damasco) vítimas de disparos das forças de segurança sobre os manifestantes", segundo ativistas que preferiram não se identificar.

Centenas de pessoas foram dispersadas à força em Sueidat, cidade do sul do país de maioria drusa, segundo Rahman.

Contou que também houve protestos na região de Damasco, Deraa (sul), Jableh (oeste), na cidade de Sarakeb (noroeste), Rastan (centro), Ksayr (centro), Maarat el Naaman (oeste), Talbisseh (centro), Latakia (oeste) e Mayadin (leste).

O militante pró-direitos humanos Abdallah al Jalil contou que 2.500 pessoas foram às ruas de Tabqa, perto da cidade de Raqqa (norte), mas acrescentou que as forças de segurança não intervieram.

O ativista Hasan Berro explicou, por sua vez, que mais de 3.000 pessoas se manifestaram em Amuda (norte), pedindo liberdade, democracia e reconhecimento constitucional do povo curdo. Outras 4.000 o fizeram em Qamishli (noroeste) e 1.500 em Ras el Ayn (noroeste).

No entanto, testemunhas indicaram à AFP que um homem disparou na direção de uma delegacia de polícia durante uma manifestação no bairro de Rinedin, em Damasco, matando um policial e ferindo outros quatro.


Um responsável de alto escalão americano, pedindo o anonimato, afirmou por telefone que o balanço da violência desta sexta-feira na Síria subia, segundo suas informações, para 19 mortos.

Informou, entretanto, que em algumas partes do país as manifestações se desenvolvem em calma, mas que em outros locais houve disparos e, conforme a situação evolui, o número de 19 mortos pode aumentar ou pelo menos se confirmar.

A agência oficial Sana informou que "um membro das forças de segurança morreu e 30 pessoas ficaram feridas por disparos em Homs" e acrescentou que dois oficiais e quatro membros das forças de segurança ficaram feridos quando homens armados atacaram um centro de recrutamento em Deir Ezzor.

A agência indicou ainda que homens armados feriram três policiais nesta sexta-feira no bairro de Qabune, em Damasco.

As restrições impostas pelo regime à imprensa, à ONU e às organizações humanitárias impedem toda a verificação independente destas informações.

Como em todas as sextas-feiras, os militantes pró-democracia se mobilizaram em um dia dedicado desta vez a um herói da revolta síria contra o mandato francês (1920-1946), Saleh Al Ali. Nas manifestações de sexta-feira passada, mais de 25 manifestantes morreram pelas mãos das forças sírias, apoiadas por helicópteros.

Enquanto isto, milhares de sírios continuaram fugindo do noroeste do país em direção à fronteira turca, narrando episódios de terror decorrentes da intervenção do exército em suas aldeias.

"Fugimos sem nada levar. O exército disparou sem parar com seus tanques e armas ligeiras. Temos caminhado por montanhas e vales", conta Abu Ahmed, que fugiu da aldeia de Shughur al Kadima junto com sua mulher, seus seis filhos e a família da irmã.

No total, desde o começo dos protestos, no dia 15 de março, cerca de 10.000 sírios se refugiaram na Turquia. Outros milhares deixaram suas casas e estão do lado sírio da fronteira. Ancara lhes prometeu assistência humanitária.

A atriz americana Angelina Jolie, embaixadora da boa vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), reuniu-se nesta sexta-feira na fronteira com refugiados que gritavam "Abaixo o regime sírio", no campo de Altinözü, sul da Turquia.

Mais de 1.300 civis foram mortos, assim como 340 membros das forças de segurança desde o início do movimento de protesto, segundo organizações não governamentais. Cerca de 10 mil pessoas já foram detidas.

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