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Singapura condena à prisão ex-membro do governo; este é o primeiro caso do tipo na história do país

O último caso de corrupção envolvendo um ministro de Singapura foi em 1986

O juiz permitiu que Iswaran permanecesse em liberdade sob fiança pelos próximos dias (AFP)

O juiz permitiu que Iswaran permanecesse em liberdade sob fiança pelos próximos dias (AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 13h49.

Um tribunal de Singapura sentenciou nesta quinta-feira, 3, um ex-ministro a um ano de prisão por obstrução da Justiça e recebimento de mais de US$ 308 mil em presentes.

Foi a primeira decisão pela prisão de um ex-membro do gabinete da cidade-estado, famosa por ter uma governança "limpa".
S. Iswaran, que foi membro do governo por 13 anos e ocupou as pastas de comércio, comunicações e transporte, declarou-se culpado na semana passada de quatro acusações de recebimento indevido de presentes e uma de obstrução da Justiça. A sentença proferida foi mais severa do que os seis a sete meses buscados pela promotoria, que o juiz  Vincent Hoong disse ser "manifestamente inadequada" dada a gravidade dos delitos de Iswaran e seu impacto na confiança pública, segundo a Reuters.
O caso chocou Singapura, que se orgulha de ter uma burocracia bem paga e eficiente, bem como uma governança forte e completamente limpa. Estava entre os cinco países menos corruptos do mundo no ano passado, de acordo com o índice de percepção de corrupção da Transparência Internacional.
O último caso de corrupção envolvendo um ministro de Singapura foi em 1986, quando seu ministro do desenvolvimento nacional foi investigado por suposto suborno, mas morreu antes que qualquer acusação fosse apresentada no tribunal.

Presentes caros

Já a atual investigação causou comoção no centro financeiro asiático e centrou-se em alegações de que Iswaran, enquanto ministro dos transportes, aceitou presentes caros de empresários que incluíam ingressos para partidas de futebol da Premier League, o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Singapura, musicais de Londres e um passeio em um jato particular. O valor totalizou mais de US$ 308 mil, de acordo com a promotoria.
Iswaran, de 62 anos, teve que encarar uma multidão de jornalistas ao chegar ao tribunal e se recusou a responder perguntas. Ele não demonstrou emoção durante a sessão do tribunal.
O juiz permitiu que ele permanecesse em liberdade sob fiança pelos próximos dias e começasse sua pena de prisão na segunda-feira. Iswaran havia dito inicialmente que era inocente e lutaria para limpar seu nome, mas se declarou culpado na semana passada das cinco acusações apresentadas ao tribunal. O ex-ministro enfrentou um total de 35 acusações, duas das quais relacionadas à corrupção, mas posteriormente alteradas para acusações de recebimento de presentes enquanto funcionário público, segundo a Reuters.
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