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Shell tenta contornar sanções ao Irã através da Cargill

A Shell quer quitar a dívida que está crescendo por causa de juros que incidem sobre os valores não pagos


	Posto Shell: no período anterior ao início do embargo da UE ao petróleo iraniano, em 1º de julho, a Shell continuou comprando do Irã
 (Shaun Curry/AFP)

Posto Shell: no período anterior ao início do embargo da UE ao petróleo iraniano, em 1º de julho, a Shell continuou comprando do Irã (Shaun Curry/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2012 às 21h53.

Londres - A petrolífera Royal Dutch Shell está tentando contornar as sanções internacionais ao pagar um dívida de 1,4 bilhão de dólares com o Irã em uma troca por grãos por meio da Cargill , gigante do agronegócio dos EUA, disseram fontes da indústria.

A Shell quer quitar a dívida que está crescendo por causa de juros que incidem sobre os valores não pagos, após não conseguir fechar as contas com a Companhia Nacional Iraniana de Petróleo (NIOC, na sigla em inglês) antes de a União Europeia iniciar seu embargo às importações de petróleo em 1º de julho.

A empresa espera receber aprovação de autoridades dos EUA, Reino Unido e Holanda, que estarão sob pressão para aceitar sob justificativas humanitárias, para um acordo que permitiria ressarcir a Cargill pela entrega de grãos suficientes para quitar a dívida com Teerã.

"A Shell quer pagar o que deve à NIOC. Eles querem manter relações amigáveis para o dia em que as sanções forem levantadas", disse uma fonte da indústria.

"Uma operação de troca é a única solução", disse outra fonte. "Eles estão analisando diversas opções. A principal é a Cargill." Shell e Cargill não quiseram comentar.


No período anterior ao início do embargo da UE ao petróleo iraniano, em 1º de julho, a Shell continuou comprando do Irã, mesmo depois que os concorrentes da petrolífera interromperam negócios. No verão (do hemisfério norte) a Shell teve negado seu pedido junto ao governo do Reino Unido para pagar Teerã com uma transferência bancária direta. As sanções barram os bancos europeus de direcionar recursos ao Irã para pagar por petróleo.

Propensos - O acordo de troca proposto cria um dilema traiçoeiro para o governo britânico e para os EUA, dois dos seis países que estão negociando com o Irã para persuadí-lo de se afastar de um programa atômico, que os países do Ocidente suspeitam ser para desenvolvimento de armas nucleares.

Enquanto os países desejarão evitar qualquer relaxamento das pressões financeiras ao Irã, também serão sensíveis a acusações --caso rejeitem o acordo-- de bloquear deliberadamente abastecimento humanitário básico.

"Eles estão propensos a dizer 'não' porque a ideia é reduzir as receitas do Irã com petróleo, mas é complicado pelo fato de que trata-se de entrega de comida", disse uma fonte da indústria.

O Departamento de Estado dos EUA não quis comentar. Um porta-voz do Tesouro do Reino Unido disse que não poderia comentar casos específicos, mas acrescentou: "O governo apoia totalmente o regime duro de sanções impostas pela União Europeia contra o Irã". O Ministério de Assuntos Econômicos da Holanda não comentou.

"É uma transação complicada que precisa aprovação de três governos para uma exceção às sanções envolvendo bancos, companhias de seguro, de transporte marítimo, além de lidar com uma contra-parte banida, que é a NIOC", disse Mark Dubowitz, diretor da Fundação Norte-Americana para a Defesa das Democracias, que está defendendo sanções mais duras ao Irã.

"Eles ficarão cautelosos quanto ao fato de que será uma abertura de precedentes para outras companhias que estão em dívida com o Irã." Neste ano, as sanções bancárias, ao petróleo, à concessão de seguro e ao frete marítimo ao Irã foram apertadas com o objetivo de pressionar as finanças do país, elevando seus custos de exportação de petróleo e forçando um colapso no valor da moeda local, o rial.

As sanções não se aplicam à entrega de grãos e outros gêneros alimentícios, mas isolado do sistema bancário internacional, o Irã tem sido forçado a pagar um prêmio pelas importações de grãos. Traders acreditam que o país pode encerrar o ano com compras de 5 milhões de toneladas de grãos no mercado aberto, parte desta oferta suprida pela Cargill.

Grãos no total de 1,4 bilhão de dólares seriam suficientes para atender a 80 por cento das necessidades anuais do Irã, pressupondo importações incluindo trigo, milho e cevada a uma preço de cerca de 300 dólares a tonelada, incluindo frete.

Isso impediria um pouco a drenagem das cambaleantes reservas de moeda estrangeira do Irã, que acredita-se que tenham caído em dezenas de bilhões de dólares neste ano ante cerca de 100 bilhões no começo do ano.

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