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Sérvios do norte participam de pleito do Kosovo

Kosovo vive a jornada de reflexão prévia às eleições municipais deste domingo, as primeiras a acontecer também no norte habitado por sérvios

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de novembro de 2013 às 14h40.

Belgrado - O Kosovo vive neste sábado a jornada de reflexão prévia às eleições municipais deste domingo, as primeiras a acontecer também no norte habitado por sérvios, e cruciais nas aspirações da Sérvia para entrar na União Europeia (UE).

Cerca de 1,7 milhões de cidadãos com direito a voto - 90% deles albano-kosovares - estão convocados a escolher prefeitos e vereadores nos 38 municípios kosovares, nos quais será instalado um amplo dispositivo de segurança a cargo da polícia local, da missão europeia Eulex e da Otan.

Os sérvios denunciam graves manipulações do censo eleitoral por parte de Pristina, já que o número oficial de mais de 1,7 milhões de eleitores equivale ao número total de habitantes do território.

Kosovo, o território que suscitou um conflito armado entre forças sérvias e a guerrilha albano-kosovar em 1998 e 1999, continua sendo o principal obstáculo no caminho da Sérvia à UE.

Nesse território vivem 120 mil sérvios, dos quais 40 mil se concentram no norte do Kosovo, onde mantiveram o controle sobre as instituições, e agora se debatem entre votar no pleito, encorajados por Belgrado, ou boicotá-los.

No norte ocorreram ataques contra candidatos sérvios, o último na noite passada, quando Krstimir Pantic, aspirante à prefeitura de Mitrovica por uma lista apoiada por Belgrado, sofreu algumas contusões depois de ter sido agredido perto de sua casa.

As autoridades atribuem estes ataques a uma campanha de intimidação por parte de radicais que temem que as eleições legitimem a independência unilateral kosovar, proclamada em 2008.

O ato de violência mais grave foi o assassinato a tiros em setembro, perto de Mitrovica, de um policial da Eulex.


O secretário-geral da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Lamberto Zannier, se mostrou preocupado "pela incerta situação da segurança no norte e a campanha para o boicote, que inclui a intimidação de candidatos e eleitores", o que poderia traduzir-se em uma baixa participação.

As últimas eleições locais no Kosovo foram realizadas em 2009, mas a população sérvia do norte não participou delas e elegeu seus gestores municipais em votações organizadas pela Sérvia.

Belgrado segue rejeitando a independência do Kosovo, mas encoraja agora a comunidade sérvio-kosovar a votar nas eleições como parte de um acordo com Prístina, auspiciado pela UE, para normalizar as relações.

Esse histórico acordo do último mês de abril contempla que, após as eleições, seja criada uma comunidade de municípios sérvios, com certa autonomia, mas sob a autoridade de Pristina.

O pacto com o Kosovo ajudou a Sérvia a alcançar uma abertura de negociações de adesão com a UE, e a realização com normalidade das eleições é vital para que Belgrado e Pristina sigam adiante com suas aspirações europeias.

A presidência e o governo sérvios emitiram um comunicado conjunto para pedir aos sérvios que votem "porque só a alta afluência, uma atuação unida e o apoio à política estatal assegurará a permanência dos sérvios" no Kosovo.


A UE, através de sua responsável de política externa, Catherine Ashton, solicitou também aos sérvios que participem.

"Minha mensagem ao povo do Kosovo é claro: participar das eleições. E isto vale sobretudo para a comunidade sérvia", declarou Ashton em comunicado.

Pristina, por sua vez, assegura que estas eleições, que se realizam sob sua legislação, acabará com a presença das instituições "paralelas" da Sérvia no norte e confirmará sua plena soberania e a condição de Estado independente do Kosovo.

No ambiente de incerteza devido às divisões entre os sérvios, que puseram em segundo plano suas diferenças com os albano-kosovares, é difícil prever a afluência e se considera que muitos decidirão na última hora se comparecerão ou não às urnas.

No centro e no sul do Kosovo, onde os sérvios vivem em enclaves rodeados de albano-kosovares e estão mais integrados nas instituições de Pristina, concorre entre outros o Partido Liberal Sérvio, membro do governo kosovar, dominado pelos albaneses.

Entre os albano-kosovares, uma das formações com mais chances de ganhar as municipais é o Partido Democrático, do primeiro-ministro, Hashem Thaçi.

Também estão na disputa a histórica formação Liga Democrática do Kosovo, o independentista radical Vetevendosje, e Aliança para o Futuro do Kosovo, dirigida por um ex-chefe guerrilheiro.

Estes pleitos municipais serão também uma pesquisa de popularidade dos partidos perante as eleições parlamentares previstas no Kosovo para o próximo ano.

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