Sequestros na Colômbia tiram a liberdade de 2,6 mil pessoas
''A Colômbia é o país com maior número de sequestros registrados no mundo'', afirmou a subdiretora da organização não-governamental País Libre, Claudia Llano
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2012 às 18h17.
Bogotá - O drama do sequestro, uma arma política e de guerra na Colômbia , transformou este país no mais castigado historicamente por esse flagelo no mundo e onde nos últimos dez anos mais de 2,6 mil pessoas foram privadas de sua liberdade em condições subhumanas.
''A Colômbia é o país com maior número de sequestros registrados no mundo'', afirmou à Agência Efe a subdiretora da organização não-governamental País Libre, Claudia Llano, que há anos contabiliza o sequestro no país sob um estrito estudo de campo que supera os realizados pelos sucessivos governos.
Os dados da País Libre se complementam com os oferecidos pelo jornalista Herbin Hoyos, diretor do programa ''As vozes do sequestro'' da ''Caracol Radio'', que assegurou que o maior número de sequestros aconteceu em 2000, quando os grupos armados chegaram a ter mais de 3,7 mil colombianos como reféns.
Desde a década de 1960, em coincidência com o nascimento das guerrilhas, o sequestro foi nesta nação um mecanismo de financiamento para os grupos armados.
Segundo Hoyos, as guerrilhas ''se deram conta que o sequestro, além de uma ferramenta de financiamento, também podia ser uma arma política'', e por isso começaram a sequestrar políticos, policiais e militares com um grande impacto midiático internacional.
O programa deste jornalista, que permite aos familiares dos reféns enviar mensagens a seus entes queridos através da rádio, o único meio de comunicação que os sequestradores disponibilizam aos reféns, se tornou também um grande escritório que maneja estatísticas, algumas arrasadoras.
Hoyos aponta que desde a década de 1980 na Colômbia podem ter sido sequestradas até 21 mil pessoas, a grande maioria civis.
Esse dado, segundo o jornalista, inclui ''todo aquele que tenha sido levado à força e por quem se tenha exigido uma recompensa econômica, política ou o que seja''.
Sobre os denominados ''sequestros políticos'', indicou que ''não passam de 1.021 casos'', e as vítimas são policiais, militares, vereadores, governadores, prefeitos, legisladores e candidatos em épocas eleitorais.
O caso mais famoso foi o da ex-candidata à presidência, a colombiana de origem francesa Ingrid Betancotourt.
Das 2,6 mil pessoas sequestradas entre 2002 e 2011, segundo a País Libre, ''não se sabe de 405 deles'', que nesses anos foram feitos reféns ''e não retornaram''.
Llanos detalhou que em 2002, uma só frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha que opera neste país, ''tinha até 50 sequestrados''.
As Farc, da mesma forma que o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o dissolvido Exército Popular de Libertação (EPL), optaram por buscar fundos para financiar sua luta armada com resgates pedidos a famílias de centenas de criadores de gado, agricultores, industriais e alguns estrangeiros a serviço de multinacionais.
Também buscou projeção política na retenção de pessoas o dissolvido Movimento 19 de abril (M-19), nascido nos anos 1970 e que sequestrou personalidades como o dirigente sindical José Raquel Mercado, assassinado semanas depois.
Outras vítimas caíram nas mãos da delinquência comum e dos paramilitares das ultradireitistas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), dissolvidas entre 2003 e 2006 durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe.
Essa arma foi usada também pelas máfias do narcotráfico nos anos 1980, mais especificamente pelo cartel de Medellín, liderado então por Pablo Escobar, que tirou a liberdade, entre outros, do ex-presidente colombiano Andrés Pastrana em 1998, quando era prefeito de Bogotá; e do ex-vice-presidente Francisco Santos em 1990, então jornalista do ''El Tiempo''.
Estes fatos e números voltam à tona às vésperas de as Farc libertarem a partir desta segunda-feira os dez últimos uniformizados que têm em seu poder.
Entre 1997 e 2000, esta guerrilha chamou a atenção com centenas de sequestros, ataques a postos policiais e bases militares em áreas remotas e em invasões de cidades inteiras, como ocorreu em Mitú, capital do departamento de Vaupés, que deixou 16 policiais mortos e 61 sequestrados.
Com mais de 70 pessoas ''passíveis de troca'', como são chamados os sequestrados que as Farc tentavam trocar por guerrilheiros presos, se iniciou um processo de libertações paulatina desse grupo em 2007.
Hoje só restam nas mãos da guerrilha dez passíveis de troca, os últimos dez policiais e militares que a partir de hoje devem voltar à liberdade, todos sequestrados entre 1998 e 1999.
Bogotá - O drama do sequestro, uma arma política e de guerra na Colômbia , transformou este país no mais castigado historicamente por esse flagelo no mundo e onde nos últimos dez anos mais de 2,6 mil pessoas foram privadas de sua liberdade em condições subhumanas.
''A Colômbia é o país com maior número de sequestros registrados no mundo'', afirmou à Agência Efe a subdiretora da organização não-governamental País Libre, Claudia Llano, que há anos contabiliza o sequestro no país sob um estrito estudo de campo que supera os realizados pelos sucessivos governos.
Os dados da País Libre se complementam com os oferecidos pelo jornalista Herbin Hoyos, diretor do programa ''As vozes do sequestro'' da ''Caracol Radio'', que assegurou que o maior número de sequestros aconteceu em 2000, quando os grupos armados chegaram a ter mais de 3,7 mil colombianos como reféns.
Desde a década de 1960, em coincidência com o nascimento das guerrilhas, o sequestro foi nesta nação um mecanismo de financiamento para os grupos armados.
Segundo Hoyos, as guerrilhas ''se deram conta que o sequestro, além de uma ferramenta de financiamento, também podia ser uma arma política'', e por isso começaram a sequestrar políticos, policiais e militares com um grande impacto midiático internacional.
O programa deste jornalista, que permite aos familiares dos reféns enviar mensagens a seus entes queridos através da rádio, o único meio de comunicação que os sequestradores disponibilizam aos reféns, se tornou também um grande escritório que maneja estatísticas, algumas arrasadoras.
Hoyos aponta que desde a década de 1980 na Colômbia podem ter sido sequestradas até 21 mil pessoas, a grande maioria civis.
Esse dado, segundo o jornalista, inclui ''todo aquele que tenha sido levado à força e por quem se tenha exigido uma recompensa econômica, política ou o que seja''.
Sobre os denominados ''sequestros políticos'', indicou que ''não passam de 1.021 casos'', e as vítimas são policiais, militares, vereadores, governadores, prefeitos, legisladores e candidatos em épocas eleitorais.
O caso mais famoso foi o da ex-candidata à presidência, a colombiana de origem francesa Ingrid Betancotourt.
Das 2,6 mil pessoas sequestradas entre 2002 e 2011, segundo a País Libre, ''não se sabe de 405 deles'', que nesses anos foram feitos reféns ''e não retornaram''.
Llanos detalhou que em 2002, uma só frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha que opera neste país, ''tinha até 50 sequestrados''.
As Farc, da mesma forma que o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o dissolvido Exército Popular de Libertação (EPL), optaram por buscar fundos para financiar sua luta armada com resgates pedidos a famílias de centenas de criadores de gado, agricultores, industriais e alguns estrangeiros a serviço de multinacionais.
Também buscou projeção política na retenção de pessoas o dissolvido Movimento 19 de abril (M-19), nascido nos anos 1970 e que sequestrou personalidades como o dirigente sindical José Raquel Mercado, assassinado semanas depois.
Outras vítimas caíram nas mãos da delinquência comum e dos paramilitares das ultradireitistas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), dissolvidas entre 2003 e 2006 durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe.
Essa arma foi usada também pelas máfias do narcotráfico nos anos 1980, mais especificamente pelo cartel de Medellín, liderado então por Pablo Escobar, que tirou a liberdade, entre outros, do ex-presidente colombiano Andrés Pastrana em 1998, quando era prefeito de Bogotá; e do ex-vice-presidente Francisco Santos em 1990, então jornalista do ''El Tiempo''.
Estes fatos e números voltam à tona às vésperas de as Farc libertarem a partir desta segunda-feira os dez últimos uniformizados que têm em seu poder.
Entre 1997 e 2000, esta guerrilha chamou a atenção com centenas de sequestros, ataques a postos policiais e bases militares em áreas remotas e em invasões de cidades inteiras, como ocorreu em Mitú, capital do departamento de Vaupés, que deixou 16 policiais mortos e 61 sequestrados.
Com mais de 70 pessoas ''passíveis de troca'', como são chamados os sequestrados que as Farc tentavam trocar por guerrilheiros presos, se iniciou um processo de libertações paulatina desse grupo em 2007.
Hoje só restam nas mãos da guerrilha dez passíveis de troca, os últimos dez policiais e militares que a partir de hoje devem voltar à liberdade, todos sequestrados entre 1998 e 1999.