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Senado decide sobre revista de residências de Kirchner na Argentina

Justiça aguarda liberação para execução, dando mais um passo nas investigações das propinas milionárias em troca de contratos de obras públicas

Kirchner: Na semana passada, uma sessão no Senado para avaliar o pedido do juiz havia fracassado por falta de quórum (Chris McGrath/Getty Images/Getty Images)

Kirchner: Na semana passada, uma sessão no Senado para avaliar o pedido do juiz havia fracassado por falta de quórum (Chris McGrath/Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 21h11.

A Justiça está à espera de que o Senado autorize nesta quarta-feira (22) a revista das três casas da ex-presidente Cristina Kirchner na Argentina, dando mais um passo no caso que investiga propinas milionárias em troca de contratos de obras públicas.

O Senado deve votar a revista solicitada pelo juiz Claudio Bonadio, já que a ex-presidente (2007-2015), eleita senadora em 2017, está amparada pelo foro privilegiado.

O debate começou no início da tarde com a presença de Cristina Kirchner e da maioria dos senadores. Na lista de oradores se inscreveram 24 parlamentares, incluindo a ex-presidente, pelo qual a votação deveria acontecer no começo da noite.

Na semana passada, uma sessão no Senado para avaliar o pedido de Bonadio havia fracassado por falta de quórum.

Voto favorável

Entretanto, desta vez dão como certo que haverá um voto a favor do pedido do magistrado. Como uma prévia, em carta aos diferentes blocos do Senado, divulgada na terça-feira, Kirchner se declarou disposta a permitir a revista às suas residências em Buenos Aires, Santa Cruz e El Calafate, as duas últimas no sul do país, embora tenha pedido que proíbam a presença de câmeras durante o procedimento.

"Vou votar favoravelmente para dar à Justiça a capacidade de avançar no esclarecimento desses fatos, e para que possamos reparar o dano que a corrupção e os funcionários fazem ao povo argentino", sustentou o senador radical Eduardo Costa, da aliança governista Cambiemos.

De acordo com os cálculos iniciais, a trama de subornos pode implicar uma quantia de 160 milhões de dólares.

Da bancada da Frente para Vitória, de Kirchner, a senadora Ana Almirón colocou em dúvida "o objeto e a necessidade da revista".

"Querem esconder a verdade do que acontece na Argentina, mas o povo não compra isso", declarou a senadora, em alusão ao mal-estar pelas dificuldades econômicas que levaram o presidente Mauricio Macri a acordar com o FMI um auxílio de 50 bilhões de dólares em três anos.

Do lado de fora do Congresso, alguns partidários da ex-presidente aguardavam a decisão com cartazes em apoio a ela, enquanto outro pequeno grupo se manifestava exigindo a retirada de seu foro.

Na noite de terça-feira, milhares de pessoas se manifestaram em frente ao Congresso, horas antes do debate parlamentar, para exigir que autorizem as revistas e que retirem a imunidade parlamentar da senadora.

"Prisão para Cristina!", "Devolvam o dinheiro!", foram algumas das frases dos manifestantes.

Devido ao seu foro, Kirchner não pode ser detida, mas pode ser acusada e condenada.

Em busca do dinheiro

A ex-presidente, da corrente de centro esquerda peronista e que sucedeu seu marido Néstor Kirchner no cargo em 2007, é a pessoa de mais alto escalão envolvida no chamado "Escândalo dos cadernos", que investiga supostos subornos de importantes empresários entre 2005 e 2015 para obter contratos de obras públicas.

A causa judicial começou há um mês baseada em anotações feitas por um ex-motorista do Ministério de Planejamento, Oscar Centeno, que supostamente fez percursos por Buenos Aires durante 10 anos levando e trazendo sacolas carregadas de milhões de dólares.

O apartamento de Kirchner em Buenos Aires, assim como a casa presidencial de Olivos e a Casa Rosada, sede do governo, aparecem nesses cadernos como pontos de entrega das sacolas.

O juiz busca pistas sobre onde poderia ter ficado o dinheiro, aparentemente sempre recebido em espécie.

As anotações do motorista logo se somaram às confissões de vários empresários detidos que decidiram ir à Justiça na condição de arrependido, assim como, recentemente, ex-funcionários do governo de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner.

Além deste caso, Cristina Kirchner enfrenta outros cinco processos por suposto enriquecimento ilícito e por encobrimento de iranianos acusados pelo atentado à mutual judaica AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.

A ex-presidente se considera uma "perseguida política" e assegura que o pedido para revistarem suas casas é "um show" mediático.

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