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Sem governo formado, parlamento toma posse em Israel

Se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguir formar um novo governo nos próximos vinte dias, país poderá convocar a terceira votação do ano

Netanyahu: na quarta-feira começaram as audiências preliminares dos três casos em que o primeiro-ministro pode ser acusado de corrupção (Ronen Zvulun/File photo/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 06h40.

Última atualização em 3 de outubro de 2019 às 07h08.

Israel empossa nesta quinta-feira 3 os parlamentares eleitos na eleição do último dia 17 de setembro. Este será o 22º parlamento do país (chamado de Knesset) e o segundo a tomar posse em 2019. Isso porque depois da eleição de abril, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguiu formar uma coalizão de governo e precisou convocar uma nova votação, o que pode acontecer novamente.

Nesse segundo pleito do ano, só oito novos parlamentares foram eleitos e nove políticos de outras legislaturas conseguiram voltar à Casa, o que significa que 103 membros dos 120 do Parlamento serão empossados pela segunda vez no ano.

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A cerimônia segue a tradição. Os parlamentares eleitos chegam durante a manhã, tiram fotos, e, durante a tarde, prestam o juramento de compromisso com o estado de Israel na presença do presidente Reuven Rivlin. A principal diferença entre o evento de hoje e o de abril é que não haverá, na sequência, a votação para confirmar qual parlamentar presidirá o 22º Knesset. Em vez de confirmar o quarto mandato de Yuli Edelstein no posto, a votação será adiada para depois que o novo governo tomar posse, em data ainda incerta.

O destino do governo de Israel é desconhecido. No último dia 25, o presidente do país voltou a apostar em Netanyahu para formar um novo governo, apesar de seu resultado fraco nas urnas. O primeiro-ministro tem seis semanas para conseguir assegurar uma maioria de pelo menos 61 assentos no Parlamento. Atualmente, sua coalizão tem 55.

Os israelenses estão pouco crédulos de que ele conseguirá formar um governo agora, já que há cinco meses, em cenário mais favorável, não foi capaz de fazê-lo. O presidente Rivlin reconhece que a situação política é difícil, mas se justificou dizendo que as chances de Netanyahu conseguir o número de assentos necessário eram melhores, “no momento”, que as de seu adversário Benny Gantz, antigo chefe militar do partido Azul e Branco, que conseguiu apoio de 54 parlamentares.

Para completar o quadro político difícil, na última quarta-feira 2, começaram as audiências preliminares de três casos em que o primeiro-ministro é acusado de corrupção. Netanyahu nega ter cometido qualquer crime e se diz alvo de uma caçada orquestrada pela mídia. Na manhã de ontem os advogados dele se encontraram com o procurador-geral do país para tentar convencê-lo a retirar algumas das acusações. As audiências estão previstas para durar quatro dias, até o começo da próxima semana.

Netanyahu pode ser formalmente acusado por suborno, fraude e quebra de confiança. Em dos casos, há suspeitas de que o primeiro-ministro tenha aceitado centenas de milhares de dólares em presentes de amigos bilionários em troca de favores políticos. No segundo, suspeita-se de que ele tenha feito um conluio com o maior jornal do país, Yedioth Ahronoth, para prejudicar a concorrência em troca de uma cobertura favorável. No terceiro caso, ele é acusado de fornecer subsídios e vantagens para a empresa de telecomunicação Bezeq em troca de cobertura positiva em um site de mídia do grupo.

As audiências podem dificultar que o político consiga um acordo com outros partidos para formar uma coalizão. Se estourar o prazo novamente, Gantz pode receber o direito de tentar formar um governo ou uma terceira eleição poderá ser convocada em Israel. Enquanto isso, é mais seguro que os parlamentares não se apeguem a seus cargos.

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