Exame Logo

Sem álcool, celular, nem música: Afeganistão volta aos tempos do Talibã

Grupo, que segue versão radical do islamismo e impõe punições como açoitamentos em praça pública, chega à capital, Cabul

Talibã avança no Afeganistão: população teme volta de punições (AFP via Getty Images/Getty Images)
CA

Carla Aranha

Publicado em 14 de agosto de 2021 às 14h01.

Última atualização em 15 de agosto de 2021 às 11h05.

Em um dos pontos mais privilegiados da antiga rota da seda, que uniu o Ocidente e o Oriente em trocas comerciais durante séculos, o Afeganistão já foi ponto de encontro de diversas culturas -- o que ajudou o país a construir um mosaico multiétnico. O Afeganistão também guardou, por muito tempo, relíquias da época das primeiras habitações humanas, tesouros arquitetônicos e obras de arte.

Agora, a nova (e agressiva) ofensiva do Talibã, que dominou o país entre 1996 e 2001, ameaça, mais uma vez, colocar tudo isso em risco. Em menos de um mês de uma rápida campanha militar, que cresceu no vácuo da retirada das forças americanas, o grupo conquistou diversas cidades do país e chegou à capital Cabul.

Veja também

Com isso, tem aumentado o temor da volta de práticas medievais, que incluem uma série de proibições -- e punições. A lista é grande. Vai desde o consumo de álcool, totalmente vetado, até a livre circulação de mulheres em locais públicos e restrições ao acesso de meninas à educação.

Há vinte anos, quando o Talibã ocupou o poder pela primeira vez, também não faltavam relatos de punições físicas para pessoas acusadas de roubo e outros atos proibidos pela sharia, a lei islâmica, como o adultério.

Os militantes do grupo já começam a impor à população costumes como o uso de barba para os homens, burcas para as mulheres e presença obrigatória nas mesquitas (para os homens, já que mulheres são proibidas de frequentá-las) às sextas-feiras, dia sagrado do islamismo.

O acesso a mídias sociais e o uso de celular também costuma ser restrito, quando não completamente proibido. Ouvir música é outra atividade vista com maus olhos.

As mesmas regras se aplicavam às populações sujeitas ao domínio do Estado Islâmico, que controlou boa parte da Síria e do Iraque entre 2014 e 2017. O grupo criou uma polícia de costumes, que fiscalizava as pessoas na rua. Para evitar reações que podiam levar a açoitamentos ou à morte, as mulheres evitavam sair de casa. Para escapar dessas situações, muitas famílias afegãs buscam migrar para outros países. O Canadá deve receber 20 mil refugiados do país – outras milhares de pessoas estão buscando asilo no vizinho Paquistão e em outros locais da região.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoGuerrasMulheresTalibã

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame