Sarney critica criação de 'partidos ocasionais'
Presidente do Senado, porém, não teceu comentários diretos ao indicativo de criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 17h00.
Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse hoje (21) que a reforma política é o caminho para evitar a criação de “partidos ocasionais”. Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou sua desfiliação do DEM e a intenção de dar início à coleta de assinaturas para criação do Partido Social Democrático (PSD).
A reforma política tornou-se a prioridade de 2011 para José Sarney, antes mesmo de ele assumir pela quarta vez a presidência da Casa. “Uma das coisas que estamos querendo alcançar [com a reforma política] é que os partidos existam e existam definitivamente e não sejam partidos ocasionais”, disse o senador.
Ele acrescentou que a pretensão com a atualização da lei eleitoral é dar estabilidade à política. Perguntado sobre alguma semelhança entre o PSD pretendido por Kassab e o antigo PSD (partido que existiu entre 1945 a 1965), Sarney foi irônico: “eu conhecia a UDN (União Democrática Nacional)”, do qual já era um expoente na década de 60.
Há ainda a expectativa de que o novo partido se una, mais tarde, ao PSB. Dessa forma, segundo a análise de alguns senadores, a criação do PSD seria uma ponte para o lançamento da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República na campanha de 2014.
“Se ele quiser se viabilizar para presidente já está arrumando sua cama”, disse a senadora e vice-presidente do PSDB, Marisa Serrano (MS). Segundo ela, em conversas informais entre as lideranças do partido, essa é a avaliação que predomina.
A senadora vincula todo o andamento das costuras políticas para 2014 à aprovação da reforma política colocada em discussão por José Sarney. Na comissão de reforma política do Senado, por exemplo, um dos temas em análise é a possibilidade de reeleição para Dilma Rousseff caso seja aprovado o mandato presidencial de cinco anos e o fim da reeleição. Tudo isso, segundo a tucana, mexe com as costuras políticas.
O presidente do Democratas (DEM), senador José Agripino Maia (RN), afirma que existe uma aliança entre o novo PSD e o PSB para trazer à nova legenda “políticos por razões diversas e oportunísticas onde nada os une”. Ele afirma não ter dúvidas com relação às pretensões do governador Eduardo Campos de utilizar a legenda para tentar alçar voo à uma candidatura presidencial em 2014.
Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), considera prematura qualquer análise sobre cenários para daqui a quatro anos. Ele admite, no entanto, que caso sejam confirmadas as expectativas de Kassab de levar para o PSD cerca de 20 deputados federais e alguns governadores, o partido será “uma força de relevância para o governo federal”.
Humberto Costa acrescentou que o PSB de Eduardo Campos tem hoje uma força concentrada no Norte e Nordeste. Com uma eventual fusão com o PSD de Kassab, os socialistas garantiriam uma presença também nas regiões Sul e Sudeste.