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Sarkozy se mantém firme frente a mobilização social sem tréguas

Protesto contra mudança na aposentadoria deixa 25% dos postos franceses sem combustível; votação da nova lei acontece hoje

Os postos de gasolina na França enfrentam dificuldade com a falta de abastecimento (Cyril Folliot/AFP)
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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2010 às 10h54.

Paris - O governo francês continuava liberando nesta quinta-feira o acesso aos depósitos de combustível bloqueados pelos manifestantes em protesto contra a reforma da aposentadoria, antes de uma nova reunião intersindical que decidirá o que fazer frente à atitude inflexível do presidente Nicolas Sarkozy.

Mais de 25% dos postos de gasolina da França estão totalmente desabastecidos e grande parte dos demais conta apenas com um estoque parcial, anunciou o ministro francês do Interior, Brice Hortefeux.

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As 12 refinarias do país permanecem paralisadas e vários depósitos de combustíveis bloqueados por manifestantes, em ações que se transformaram no principal meio de pressão nos protestos contra a reforma governamental que pretende elevar de 60 a 62 anos a idade mínima de aposentadoria.

"Hoje, 74% dos postos estão total ou parcialmente abastecidos e 26% sem combustível", afirmou o ministro em entrevista à rádio Europe 1.

"Nos depósitos há reservas de combustível para várias semanas", completou, descartando a possibilidade de escassez em curto prazo.

Hortefeux confirmou que as forças de segurança darão prosseguimento às ações para liberar o acesso aos depósitos ocupados, como ordenou o presidente Nicolas Sarkozy.

As organizações sindicais, no entanto, já manifestaram a disposição de prosseguir com o movimento.

"É preciso continuar com ações, com o maior número de pessoas possível", declarou Bernard Thibault, secretário-geral da CGT, principal central sindical do país.

"Há um movimento que se instalou no país. O que sugerimos é voltar a encontrar os momentos culminantes, que permitem a todos, ao mesmo tempo, no mesmo dia, parar de trabalhar e sair às ruas", completou.


Jean Claude Mailly, dirigente da Força Operária, outra central sindical francesa, defendeu a convocação de uma nova jornada de greve.

Ao ser questionado sobre a votação no Senado da polêmica reforma da aposentadoria, que deve acontecer nesta quinta-feira, Mailly destacou que a legitimidade da lei não significa sua adesão à mesma.

"Não questiono a legitimidade do Parlamento, mas não é por isso que se deve concordar com a lei", afirmou.

Às vésperas dos 10 dias de férias escolares, o bloqueio no setor petroleiro se tornou o principal meio de pressão social contra a reforma previdenciária de Sarkozy, que aumentará de 60 a 62 anos a idade mínima de aposentadoria e de 65 a 67 anos a idade para receber uma pensão completa.

Os sindicatos se reunirão nesta quinta-feira para decidir o próximo passo - um protesto na terça ou na quinta-feira - depois de seis dias nacionais de manifestações, três delas acompanhadas de greves que, em vários setores, continuam sendo prorrogadas, e durante as quais conseguiram levar às ruas três milhões de pessoas (um milhão segundo o governo).

"Não há uma saída possível, pois o governo continua em sua intransigência", declarou o secretário-geral da CGT, o principal sindicato francês, Bernard Thibault.

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