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Sarkozy pode ficar preso por até 48 horas

O ex-presidente francês foi interrogado pela primeira vez sobre suspeita de financiamento ilícito em sua campanha eleitoral de 2007

Funcionário contou ter entregue cinco milhões de euros em espécie provenientes da Líbia a Sarkozy (Christophe Petit-Tesson/Reuters)

Funcionário contou ter entregue cinco milhões de euros em espécie provenientes da Líbia a Sarkozy (Christophe Petit-Tesson/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de março de 2018 às 10h06.

Última atualização em 20 de março de 2018 às 10h44.

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi detido nesta terça-feira (20) para ser interrogado no âmbito da investigação sobre suspeitas de financiamento ilícito líbio de sua campanha eleitoral em 2007 - informou uma fonte ligada ao caso.

Sarkozy, que governou o país de 2007 a 2012, é interrogado pela primeira vez nesta investigação por agentes do Escritório Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) em Nanterre, nas proximidades de Paris, completou a fonte, que confirmou uma informação publicada pela Mediapart e pelo jornal Le Monde.

Sarkozy pode permanecer em detenção provisória por até 48 horas. Dependendo do interrogatório, pode ser posto em liberdade, convocado em uma data posterior, ou ser apresentado perante um juiz para uma acusação formal.

O ex-ministro do Interior Brice Hortefeux, muito próximo de Nicolas Sarkozy, também estava sendo interrogado hoje, no âmbito dessa investigação, mas sem estar detido, disse a mesma fonte à AFP.

Os juízes de assuntos financeiros investigam desde abril de 2013 acusações sobre o financiamento da campanha presidencial de 2007 de Sarkozy pela Líbia de Muamar Khadafi.

As acusações foram formuladas pelo franco-libanês Ziad Takieddine e por alguns ex-funcionários líbios, enquanto outras pessoas negaram.

O ex-chefe de Estado francês sempre desmentiu as denúncias, mas os juízes franceses dispõem de vários testemunhos de ex-funcionários de alto escalão do governo líbio que confirmam a hipótese de financiamento ilegal.

O caso foi revelado em 2012, quando a Mediapart publicou um documento assinado por Musa Musa, ex-chefe dos serviços de Inteligência líbios. No texto, afirma que o governo Khadafi havia aceitado, em 2006, financiar com "50 milhões de euros" a campanha de Sarkozy em 2007.

Malas com 5 milhões de euros

Em 2016, em entrevista à Mediapart, Ziad Takieddine contou ter entregue cinco milhões de euros em espécie provenientes da Líbia a Sarkozy. O dinheiro teria sido transportado em maletas durante três viagens entre novembro de 2006 e início de 2007.

Nas duas primeiras viagens, as maletas, que, segundo Takieddine, continham entre 1,5 milhão e dois milhões de euros cada em maços de 200 e 500 euros, foram entregues no gabinete de Claude Guéant. Ele era a mão direita de Sarkozy e seu ministro do Interior entre 2011 e 2012.

Na terceira viagem, o empresário afirmou que entregou as maletas no Ministério, em uma sala onde Nicolas Sarkozy estava.

Ziad Takieddine alegou que recebeu o dinheiro em Trípoli das mãos do chefe dos serviços secretos líbios, sob o regime de Khadafi.

Neste caso, também está sendo investigado o ex-secretário-geral do Palácio do Eliseu Claude Guéant por falsificação de documentos e fraude fiscal. Os magistrados investigam uma transferência de 500.000 euros recebida por Guéant em março de 2008, procedente da empresa de um advogado malaio. Este sempre afirmou que a quantia dizia respeito à venda de dois quadros.

O advogado de Guéant, Philippe Bouchez El Ghozi, disse hoje que Sarkozy poderia ter sido interrogado sem ser detido.

"Nenhum elemento da investigação justifica essa medida espetacular de detenção. Depois de cinco anos de investigação, não se conseguiu demonstrar que um único centavo de dinheiro líbio foi entregue a Nicolas Sarkozy", frisou.

Outro intermediário, o empresário Alexandre Djuhri, apresentado como um personagem-chave da investigação, foi detido em janeiro em Londres. Ele continua em prisão preventiva, à espera de uma audiência sobre a eventual extradição para a França, prevista para julho.

 

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